sexta-feira, 31 de dezembro de 2010

Na Ráscal com duas boas garrafas na companhia dos cariocas portugueses

Com os queridos amigos radicados em Lisboa, Adriana e Beto, na quarta passada bebemos dois bons vinhos na pizzaria Ráscal do Shopping Leblon.
O primeiro foi indicação do Paulo, amigo do Beto que encontramos casualmente logo na entrada do restaurante: Masseria Trajone Primitivo di Manduria (não me recordo a safra), italiano da Puglia. O segundo foi o Amalaya, 2005, da vinícola Colomé, um assemblage argentino de Salta (mais alta região do planeta produtora de vinhos). O corte leva Malbec, Cabernet Sauvignon, Tannat e Bonarda. A safra de 2007 está com 86 pontos no guia Descorchados.
Os dois têm uma excelente relação custo/benefício. Vale a pena conferir.

Excelentes vinhos nacionais entre compadres

Estive na terça passada na casa do meu amigo e compadre Jalber. Entre as brincadeiras com meu lindo afilhado Lucas, apreciamos um delecioso bacalhau preparado pela mãe da comadre Luciana, Dona Margarida. Dedicamos a noite aos bons vinhos brasileiros.
A relação foi a seguinte:
- Villa Francioni, Sauvignon Blanc, 2099, 88 pontos no guia Desconchados
- Da´Divas, Chardonnay, 2008, 85 pontos no guia Descorchados
- Dal Pizzol, Assemblage (cabernet sauvignon, merlot, acellotta e cabernet franc) 35 anos, 2005
Espero que provem e também ergam bons brindes aos nacionais.

segunda-feira, 27 de dezembro de 2010

Vinhos degustados no último fim de semana

Segue a relação de vinhos que tive o prazer de degustar no último fim de semana em famíla ou com os amigos, seja em casa ou à beira da Lagoa (no Baixo Bebê) juntamente com os confrades da AAMARC - Associação dos Amigos do Marc, aqui contando com a simpática presença do Ivan Lins. Essa relação atende a um pedido do Jaks, que gosta das minhas "dicas" de vinhos.

- Aegerter, Chardonnay, 2009 (França)
- Esporão Reserva tinto, 2008 (Portugal)
- Luis Pato, Maria Gomes, 2009 (Portugal)
-Espumante Arte Valduga (Brasil)
- Espumante Dignus (Argentina)
- Tríade, Torrontés, 2008 (Argentina)
- Alta Vista Premium, Torrontés, 2009 (Argentina)
- Flexa de Los Andes, Gran Malbec, 2008 (Argentina), 90 pontos no guia "Descorchados" para a safra 2007
- La Consulta, Pinot Grigio, 2007 (Argentina) * ótimo custo/benefício (R$ 25,90 na Interfood)
- Casa Marín, Pinot Noir, 2009 (Chile), 91 pontos no guia "Descorchados". * ótimo custo/benefício (RS 35,19 na Wine.com.br para membros do ClubW)
- Robert Mondavi, Cabernet Sauvignon, 2008 (EUA)

segunda-feira, 20 de dezembro de 2010

Aprimoramento do mercado de capitais

Valor Econômico - Especial/Cenários - 17.12.2010 - F8

Evolução do mercado de capitais amplia perspectivas das empresas
Fernando Torres De São Paulo
17/12/2010

Nos últimos oito anos, o mercado de capitais assumiu um papel de relevância inédita na história como agente financiador das companhias brasileiras. Nesse período, a Comissão de Valores Mobiliários (CVM) registrou 215 ofertas públicas de ações, que movimentaram um total de R$ 355 bilhões. As 128 companhias que abriram capital nesse período - a maioria no Novo Mercado da BM&FBovespa - captaram R$ 123 bilhões com venda de ações. Para os especialistas, trata-se apenas do início de um processo que deve ganhar força durante o governo da presidente eleita Dilma Rousseff.
Para os próximos cinco anos, a meta da BM&FBovespa é atrair 200 novas companhias para o mercado. A estimativa é de que, em 2011, sejam realizadas entre 40 a 60 operações de ofertas públicas de ações. O desempenho até agora parece confirmar as previsões. No mercado secundário, o volume médio diário de negócios foi multiplicado por mais de 11 vezes, saindo de R$ 558 milhões em 2002, para R$ 6,5 bilhões neste ano até 13 de dezembro. Em pontos, o Ibovespa acumulou valorização de 513%, saltando dos 11 mil pontos para a casa dos 70 mil pontos.

"O acesso ao mercado de capitais será fundamental para as empresas se diferenciarem nos próximos anos", afirma Fernando Iunes, diretor executivo do Itaú BBA, instituição que coordena parte relevante das distribuições de ações no país. Em sua opinião esse movimento é irreversível e importante para financiar o crescimento das empresas. Marcelo Giufrida, presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), destaca que nos próximos anos haverá muita demanda de recursos para investimentos de infraestrutura no Brasil, algo que será puxado ainda mais pela realização da Copa do Mundo e da Olimpíada. "Os mercados financeiro e de capitais terão grande importância no atendimento dessa demanda", afirma.
Do lado dos investidores, a expectativa é de que aumente o fluxo de recursos de estrangeiros para os mercados emergentes como o Brasil, especialmente nesse momento em que a economia dos países desenvolvidos ainda patina. Segundo Renato Ejnisman, diretor do Bradesco BBI, menos de 10% das aplicações globais em ações é feita em países emergentes, apesar de eles responderem por cerca de 30% do Produto Interno Bruto (PIB) mundial. " Já houve uma mudança, com o forte direcionamento de capital para países como Brasil e China, e isso deve continuar por um bom tempo", afirma.
Uma análise em retrospectiva explica o renascimento do mercado de capitais brasileiro, a partir de uma conjunção de fatores - macroeconômicos, regulatórios e microeconômicos. A forte atividade entre o fim da década de 1970 e início de 1980 deveu-se em grande parte aos incentivos tributários. Desta vez, no campo macro, a conquista da estabilidade da moeda pós-Plano Real foi fundamental para que se criasse um horizonte de longo prazo tanto para as empresas como para investidores. A falta de confiança sobre o futuro inviabilizava o planejamento e os investimentos.
Uma das mudanças significativas na área regulatória foi a reforma da Lei das S.A. em 2001, que trouxe proteção aos acionistas minoritários, em especial aos preferencialistas, que passaram a ter o direito de indicar um nome para o Conselho de Administração. Houve também a volta do direito de venda conjunta das ações pelos minoritários (tag along) em caso de venda de controle, que tinha sido extinta na época das privatizações no governo Fernando Henrique..
Um ano antes, em 2000, nasceu o Novo Mercado da Bovespa, com regras mais exigentes de transparência e governança corporativa, oferecendo garantia de tag along de 100% em caso de venda de controle e não permitindo a venda de ações sem direito a voto. A partir de 2004, 73% das aberturas de capital foram feitas nesse segmento.
Ao final do governo de Fernando Henrique Cardoso, em 2002, foi finalmente extinta a cobrança de CPMF sobre as operações em bolsa - imposta anos antes pelo mesmo governo. Já durante o mandato do presidente Luis Inácio Lula da Silva, em 2004, houve a redução no Imposto de Renda sobre ganho de capital para aplicação em renda variável de 20% para 15%. As vendas mensais de ações em valor conjunto abaixo de R$ 20 mil ganharam isenção de Imposto de Renda.
Durante todo esse período, a CVM também ampliou a fiscalização sobre os agentes de mercado. O órgão regulador editou normas aumentando a transparência tanto nas divulgações normais das empresas como naquelas obrigatórias em períodos de ofertas públicas de ações. Mais recentemente, a CVM aumentou a quantidade e melhorou a qualidade das informações que as empresas precisam divulgar aos investidores, com a criação do Formulário de Referência.
O Brasil vai consolidar em 2010 a migração do padrão de contabilidade para o modelo internacional IFRS, usado em mais de 120 países, que facilitará a comparação de resultados de empresas brasileiras com seus pares no exterior.
A abertura de capital e a consequente captação de recursos acabou se tornando catalisadoras de um processo de consolidação de diversos segmentos da economia. As companhias perceberam que precisavam se modernizar e investir para crescer e se tornar mais competitivas em seus mercados. A rede de laboratórios Diagnósticos da América (Dasa), a sucroalcooleira Cosan, a empresa de alimentos JBS e a companhia do setor de bens de consumo Hypermarcas são exemplos evidentes desse movimento.
Diante da experiência positiva vivida por essas e outras companhias, mais empresários brasileiros passaram a enxergar na bolsa uma oportunidade de crescimento dos negócios, uma importante opção para monetização da riqueza, ou uma solução de problemas de sucessão em empresas de controle familiar.
Olhando o potencial de crescimento do mercado de capitais brasileiro nesse contexto, Fabio Alperowitch, sócio da gestora Fama Investimentos, destaca o fato de que o Brasil possui apenas 470 empresas listadas em bolsa, enquanto Rússia, Índia e China, que completam a sigla Bric, têm 1,2 mil, 3,6 mil e 1,7 mil, respectivamente. A existência de poucas companhias abertas no país, para ele revela o potencial do Brasil, já que as previsões apontam que o país terá alguns anos de forte crescimento do consumo.
Alperowitch toma por base o que aconteceu nos Estados Unidos. No setor de transporte aéreo de passageiros, por exemplo, o Brasil encontra-se hoje no mesmo patamar observado naquele país na década de 1950. Quando se olha a quantidade de automóveis, linhas telefônicas e domicílios com TV, a comparação pode ser feita com a década de 1960 nos EUA.
Na área de infraestrutura, Alperowitch também vê espaço para crescimento. Com base em dados do Banco Mundial, ele diz que o Brasil está em último lugar entre os países do Bric no que se refere à densidade de rodovias, hidrovias, ferrovias e dutovias.
Para o sócio da Fama, o resultado obtido pela fórmula que combina o atraso do Brasil em termos de consumo e de infraestrutura com o apetite dos investidores por papéis de empresas do país é positivo. "Este é apenas o começo" da expansão do mercado de capitais brasileiro.

Mercado de capitais na novela Passione

Valor Econômico – EU & S.A. – 14.12.2010 – D3

A novela e o capital: Companhias abertas incluem participação no enredo em seus programas de marketing.
Bolsa destaca cena de 'Passione' em seu site educacional
Por Ana Paula Ragazzi De São Paulo
14/12/2010

O fato de a novela "Passione" levar assuntos da bolsa para o horário nobre já fez com que a BM&FBovespa colocasse na área educacional de seu site uma cena em que a patroa corrige a empregada que menciona informações desencontradas sobre ações. Aproveitando o gancho, a bolsa fez esclarecimentos adicionais sobre o tema.
Capítulos depois do leilão das ações da Metalúrgica Gouveia, uma personagem mostrava para outra que é possível investir na bolsa por meio de um aplicativo via celular. Na tela do aparelho, aparecia a Itaú Corretora.
Marcelo Duarte, diretor da Central Globo de Desenvolvimento Comercial, diz que a novela mostra uma disputa acionária, o que fez com que o banco que, participa há mais de 25 anos em ações de merchandising de novela, vislumbrasse em "Passione" uma "excelente oportunidade para apresentar a corretora on-line": "A iniciativa foi do próprio banco", diz. O Itaú, que já mostrou também operações via internet e de crédito consignado, não concedeu entrevista. A BM&FBovespa, que nunca anunciou em telenovelas, também não comentou o assunto.
Na hora de definir o merchandising, empresas e TV Globo conversam sobre o produto que será anunciado e, juntas, encontram o melhor núcleo ou personagem em que ele pode ser veiculado.
Quem escreve a cena é o próprio novelista. Silvio de Abreu conta que as cenas de merchandising só entram na história se os autores concordarem. "Ou seja, se eu não quiser fazer merchandising de um determinado produto, não farei", diz.
Não necessariamente o fato de a bolsa estar inserida na trama vai atrair anúncios sobre o assunto. Na avaliação do autor, quanto mais o merchandising estiver adequado à história, melhor, mas a sua função não é dramática, e sim comercial.
Depois da cena entregue pelo autor, muitas vezes as empresas sugerem mudanças até que se chegue a um consenso.
O merchandising dentro do contexto da novela pode custar o dobro do que um anúncio veiculado em seu intervalo, conta Alba Pismel, gerente de marketing corporativo da Cielo.
Ela destaca que essa comparação reflete apenas o custo de veiculação. Na novela, a empresa não tem gastos com a produção do filme, que são da emissora. A Globo informa que o valor da negociação "varia de acordo com a dimensão da mesma, o que torna impossível traçar um comparativo com um comercial de 30 segundos".
A intenção do merchandising, diz Alba, é transpor para a televisão o que está no dia a dia. "A novela é uma obra de ficção que retrata o cotidiano. Então, tudo que faz parte dele, como pagar contas, pode ser transposto."
A Cielo já fez merchandising por meio de uma personagem que vende verduras, no táxi, em loja de roupas e restaurantes. Normalmente, o pacote oferecido pela Globo prevê cinco ações.
"O diferencial é que, quando vê novela, o telespectador não está predisposto a ver um anúncio, o que causa surpresa. Para nós, é uma oportunidade interessante de construção da marca."
Essa é a mesma avaliação da Natura. Por meio da assessoria, a empresa afirma que por meio do merchandising é possível falar de temas mais abrangentes e conceituais, como sustentabilidade, a atividade de consultoria e o vínculo entre mãe e filho, por exemplo. A mensagem, avalia, é transmitida com naturalidade por meio da personagem, diferentemente do comercial de TV, em que a informação é mais direta.
A Natura começou a fazer merchandising em novelas em 2003. As empresas não medem a repercussão específica dessas ações, mas sim de todo o plano de marketing que colocam em prática.

Papel de minoritário é um mix de ficção e realidade
Fernando Torres De São Paulo
14/12/2010
Ainda que os acionistas minoritários da Metalúrgica Gouveia não pareçam muito esclarecidos e espertos - sendo facilmente enganados pelo vilão Fred Lobato a todo momento -, suas cenas na novela das oito da TV Globo invocam temas que estão na ordem do dia do mercado de capitais, como voto por procuração, ativismo societário e problemas de sucessão em empresas familiares.
No início da trama, Fred conseguiu conquistar o apoio de Totó Gouveia, um dos herdeiros do antigo controlador, e também dos pequenos acionistas, que lhe deram procuração para defender seus interesses na empresa. Com o discurso contra a administração familiar da metalúrgica, que passava por problemas de gestão e sucessão, ele conseguiu mudar o comando da companhia.
Na vida real, acionistas ativistas também buscam apoio de outros minoritários para interferir na gestão de companhias abertas e até mesmo conseguem trocar a administração.
Já num dos vários momentos em que a ficção difere da realidade, os minoritários parecem não ter nenhum acesso formal aos números da Gouveia - como balanços e relatórios -, baseando suas decisões apenas em dados e argumentos apresentados por Fred. Suas decisões também se mostram pouco técnicas. Em um capítulo, eles decidem pela venda das ações a Fred na mesma reunião em que a oferta de compra é feita, sem tempo para avaliar a proposta.
Além disso, se a empresa está na bolsa, suas ações não podem ser negociadas de forma privada livremente, o que ocorre apenas em situações excepcionais, com aval da Comissão de Valores Mobiliários e com preços de mercado.
Num ponto, pelo menos, a novela está mais avançada que a realidade: a presença frequente dos minoritários em discussões de temas relacionados à empresa. Esse tipo de participação está longe de ser o ideal no Brasil.

quinta-feira, 2 de dezembro de 2010

Companhias médias avaliam abertura de capital

Jornal do Commercio – Mercados – 18.11.2010 – B-2
Empresas médias consideram IPO
Vincícius Pinheiro
Agência Estado
De olho nas oportunidades de crescimento para os próximos anos, as empresas brasileiras de médio porte se preparam para captar recursos no mercado via abertura de capital. Levantamento realizado pela Câmara Americana de Comércio (Amcham), em parceria com a BM&FBovespa e a Ernst & Young Terco, revela que, de um universo de 106 companhias com faturamento entre R$ 101 milhões e R$ 400 milhões, 49% planejam realizar uma oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês).
A pesquisa engloba empresas de vários segmentos, com destaque para os setores automotivo, químico e petroquímico, comércio, agronegócio e construção, segundo Fernando Schmitt, diretor da Amcham. As companhias estão localizadas em cinco cidades: Recife, Goiânia, Porto Alegre, Curitiba e Campinas.
A ideia, segundo Schmitt, foi sair do eixo Rio-SP, onde o acesso à informação sobre o mercado é menor. "Um sinal disso foi o fato de que metade das 48% que responderam não ter planos de abrir capital informaram não possuir conhecimento suficiente sobre o assunto", diz.
Entre as empresas que pretendem ir à Bolsa, 52% esperam realizar o IPO em um prazo de um a três anos, e 42% devem levar mais de cinco anos, segundo a pesquisa. Para o sócio da área de IPOs da Ernst & Young, Paulo Sergio Dortas, o fato de as companhias se programarem para o longo prazo é um sinal de amadurecimento. "No auge da bolha de IPOs, em 2007, algumas empresas tinham planos de ir a mercado em 90 dias", lembra.
A maior parte das companhias de médio porte que vierem a mercado deve ser listada no Bovespa Mais, segmento de acesso da Bolsa, segundo a diretora de desenvolvimento de empresas da BM&FBovespa, Cristiana Pereira. Criado há quatro anos, o segmento possui apenas uma companhia listada até o momento.
Questionada se existe demanda no mercado para ofertas de menor volume - ao contrário do que vem ocorrendo nos últimos anos, quando a média dos IPOs situou-se em torno de R$ 500 milhões - a diretora diz que a Bolsa tem trabalhado com as empresas para mudar essa realidade. "Acreditamos que o mercado brasileiro está maduro para absorver esse tipo de oferta." Ela avalia que a partir do próximo ano o ambiente estará mais propício para viabilizar as operações no Bovespa Mais. A BM&FBovespa não descarta, inclusive, tomar novas iniciativas para promover o segmento.
Para o sócio da Ernst & Young, uma opção para as empresas de médio porte se capitalizarem é a entrada de um fundo de private equity como sócio estratégico, até ganharem porte suficiente para o IPO. De acordo com a pesquisa, 31% das companhias já foram abordadas por fundos e 30% ainda não estudam essa possibilidade, enquanto 8% já receberam recursos desse tipo de investidor.
Um dos fatores que podem atrair interessados é o potencial de crescimento das companhias. A pesquisa mostra que 48% das empresas esperam registrar uma expansão anual entre 10% e 25% nos próximos cinco anos. "São várias pequenas Chinas dentro do Brasil", destaca Dortas.
Ainda segundo o executivo da Ernst & Young, as companhias precisam se preparar para aproveitar a janela de oportunidade que será proporcionada pelo País nos próximos anos, e avalia que quem fizer a opção pelo crescimento orgânico poderá perdê-la. "Dificilmente haverá outra Copa do Mundo, Olimpíada, pré-sal e um aumento da renda das classes C e D como acontece atualmente", ressalta

terça-feira, 30 de novembro de 2010

Sócio avalista não se beneficia de recuperação da empresa

Notícias do STJ - 29.11.2010
Suspensão de execuções contra empresa em recuperação não se estende aos sócios avalistas

A suspensão das ações de execução contra empresa em regime de recuperação judicial não se estende aos seus acionistas ou cotistas, a menos que sejam sócios com responsabilidade ilimitada e solidária – aqueles que respondem com seu patrimônio pessoal pelo pagamento das dívidas da sociedade. Não sendo esse o caso, o sócio que se tornou avalista da empresa pode ser cobrado independentemente da recuperação judicial, pois o aval tem natureza autônoma.

Com esse entendimento, a Terceira Turma do Superior Tribunal de Justiça (STJ) decidiu pelo prosseguimento de uma execução ajuizada pela Ansett Worldwide Aviation USA contra o ex-presidente da Vasp, Wagner Canhedo Azevedo, e sua esposa, Izaura Valério Azevedo. Os dois haviam avalizado notas promissórias emitidas pela falida companhia aérea como garantia de contratos de arrendamento mercantil de nove aviões Boeing 737-33A e seus motores.

Quando a recuperação judicial da Vasp foi concedida, todas as ações de cobrança contra ela foram suspensas, por força do artigo 6º da Lei n. 11.101/2005 (Lei de Falências e Recuperação Judicial). O objetivo desse dispositivo legal é dar à empresa um intervalo razoável para a quitação de seus débitos, com o consequente término da crise na qual se encontra. Assim, a execução das promissórias contra a companhia aérea foi suspensa, mas o juiz autorizou que a ação continuasse em relação a Wagner Canhedo e sua mulher.

O casal apelou ao Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP), pleiteando o benefício da suspensão também para si, mas não foi atendido. Em recurso ao STJ, a defesa insistiu na tese de que a suspensão das execuções, prevista no artigo 6º da Lei de Falências, “se aplica ou é estendida aos litisconsortes” – ou seja, a eles próprios, avalistas da Vasp.

Ao negar a pretensão do casal Canhedo, a Terceira Turma do STJ considerou, logo de início, que a superveniente falência da Vasp, em 2008, afastou o receio de que o prosseguimento da execução contra os sócios pudesse causar prejuízos ao próprio processo de recuperação e, por consequência, a todos os credores da companhia. Em seguida, os ministros analisaram a tese do recurso para definir se seria legal a suspensão das ações contra os sócios avalistas de empresa em recuperação judicial.

Diz o artigo 6º da Lei n. 11.101/05 que a decretação da falência ou o deferimento da recuperação “suspende o curso da prescrição e de todas as ações e execuções em face do devedor, inclusive aquelas dos credores particulares do sócio solidário”. Na interpretação da Terceira Turma, “sócio solidário” não é qualquer acionista ou cotista que apareça no processo como litisconsorte passivo, mas apenas aquele que responde solidariamente, com seus bens pessoais, pelas dívidas que excedam o patrimônio da sociedade – é o sócio com responsabilidade ilimitada e solidária.

Já os sócios da falida Vasp, segundo a conclusão do STJ, encontravam-se em situação diversa, pois suas responsabilidades eram subsidiárias e limitadas ao preço de emissão das ações que detinham. A solidariedade desses sócios em relação à dívida da empresa, portanto, não decorria de sua participação societária, mas da obrigação que assumiram com o aval. A Terceira Turma considerou ainda que o aval tem natureza autônoma, o que permite que a execução contra os avalistas continue, mesmo havendo recuperação judicial ou falência. O avalista é devedor solidário e pode ser cobrado isoladamente ou simultaneamente ao devedor principal. Daí que a credora, se quisesse, poderia ter movido a execução apenas contra os sócios avalistas.

Os ministros também entenderam que o prosseguimento da ação contra os sócios da Vasp não representaria privilégio em relação aos outros credores da massa falida, já que se trata de execução contra pessoas físicas – cujo patrimônio não integra os bens da empresa destinados ao pagamento das dívidas em geral, especialmente aos seus trabalhadores e à fazenda pública. (Resp1095352)

quinta-feira, 4 de novembro de 2010

Mercado de capitais no Brasil precisa crescer

Valor Econômico - Finanças - 29.10.2010 - C8

Recurso de longo prazo: Tamanho tem de chegar a 3,5% a 5% do PIB para financiar investimentos no país
Mercado de capitais precisa mais que dobrarGraziella Valenti e Fernando Torres | De São Paulo
29/10/2010

Gustavo Lourenção/Valor

Carlos Antonio Rocca, diretor do Cemec: esforço para consolidar dados constantemente e exercício para mostrar importância da expansão do captação das empresas no mercado local

É amplamente conhecido que o mercado de capitais brasileiro teve forte expansão nos últimos anos. Mas a participação dessa fonte no total de investimentos do país terá de ser bem maior se o Brasil quiser continuar crescendo em ritmo acelerado nos próximos anos. O Centro de Estudos de Mercado de Capitais (Cemec) fez, pela primeira vez, um exercício para tentar quantificar essa necessidade adicional e mostrar a importância do desenvolvimento contínuo nessa área. Segundo a pesquisa, o mercado de capitais terá de, no mínimo, dobrar sua participação na composição do investimento nos próximos quatro anos.

De 2004 a 2009, os recursos captados no mercado representavam, em média, 1,8% do Produto Interno Bruto (PIB). Para que a economia mostre crescimento entre 4,5% e 5,5% de 2010 a 2013, esse percentual terá de subir para um intervalo entre 3,5% e 5,5%, mantida a participação histórica das demais fontes de financiamento ao investimento.

Em valores absolutos, isso significa que terá de contribuir com cerca de R$ 100 bilhões ao ano, num intervalo crescente (por conta da evolução do PIB), de R$ 84,2 bilhões a R$ 133,8 bilhões - considerando apenas o cenário mais conservador de expansão da economia (4,5% ao ano).



As demais fontes de financiamento seguirão sendo os recursos próprios de geração de caixa das empresas, que tem historicamente o maior peso no país, financiamento do BNDES, investimento estrangeiro direto, captações externas e repasses de FGTS e recursos da poupança para habitação.

"Não se trata de uma projeção, mas de um exercício para despertar atenção para a importância do tema", ressaltou Carlos Antonio Rocca, diretor do Cemec, composto pelas instituições de mercado Anbima, Cetip e BM&FBovespa, e pelos centros acadêmicos Ibmec e Fipecafi. O objetivo desse centro, criado em 2008, é consolidar dados nacionais e fazer levantamentos constantes para apontar as necessidades do mercado.

De acordo Carlos Antonio Rocca, diretor do Cemec, o mercado de emissão de dívidas é o que precisa de maior desenvolvimento. "Não há justificativas para discriminar o investimento estrangeiro em carteira (compra de ações e dívida) em relação ao investimento direto estrangeiro."

Para ele, é essencial avançar em três frentes: padronização dos títulos, tributação e liquidez. "Não temos que nos preocupar em achar o investidor que compre uma debênture e a carregue por 15 anos. O mercado secundário é que precisa atender à necessidade desse gestor de recursos."

A existência de liquidez resolveria o problema de o investidor exigir prêmios muito altos para emprestar recursos por prazos longos. "Com a Selic pagando 10,25% no curto prazo, quanto vão pedir de prêmio para emprestar por 15 anos?", argumenta Jorge Levy, sócio do escritório de advocacia Levy & Salomão, ressaltando que alguns bancos pequenos captam hoje por meio de CDBs protegidos pelo Fundo Garantidor de Crédito (FGC) pagando 14,5% em operações de três anos.

Para Rocca, trazer os recursos externos para o Brasil, além da poupança interna gerada, é a melhor forma de as empresas se financiarem, porque elas se mantêm afastadas do risco cambial.

Desde a maxidesvalorização do real, as companhias aprenderam a minimizar a exposição cambial. Em 2000, do estoque da dívida das companhias não financeiras - equivalente a 35,1% do PIB -, 20,3% eram de responsabilidades em moeda local e 14,8% em moeda estrangeira. Ao fim de 2009, quando o exigível financeiro representava 35,3% do PIB, a exposição ao câmbio estava substancialmente menor: 3,2%.

"Isso ajudou muito o Brasil a passar bem por essa crise", ressaltou Rocca, referindo-se à crise global agravada pela quebra do Lehman Brothers. "O movimento cambial é cíclico. Já vimos isso diversas vezes no passado." Por conta disso, ele não vê sentido em haver isenção de impostos para compra de títulos públicos e não haver para a aplicação nos papéis privados. "É uma competição desleal. É preciso equalizar essa situação."

Criado há dois anos, o Cemec estava em Brasília, em setembro, apresentando para um grupo de aproximadamente cem técnicos, representantes de diversas entidades, como Banco Central, Comissão de Valores Mobiliários (CVM), Ministério da Fazenda, entre outros, o resultado da consolidação dos dados nesse período.

Em relação à questão regulatória ligada aos instrumentos de dívida, a advogada Eliana Chimenti, sócia do escritório Machado Meyer Sendacz Ópice, destaca a novidade trazida pela CVM, com a publicação da instrução 476, em janeiro de 2009, que regulamentou as ofertas públicas com esforços restritos. "No primeiro semestre do ano passado, tivemos R$ 8,1 bilhões em emissões de instrumentos de dívida. No segundo, o volume subiu a R$ 23,2 bilhões", afirmou Eliana, mencionando a regulamentação dessas ofertas. Nessas operações, dispensadas de registro na CVM - e que portanto saem mais rápido -, os títulos podem ser vendidos a, no máximo, 20 investidores.

Ao ser questionada sobre a competição entre o BNDES e o mercado de capitais como fornecedor de recursos, a advogada do Machado Meyer afirmou que as companhias veem no banco de fomento um parceiro importante. "Mas cada um deles cumpre o seu papel", afirma Eliana.

Já Jorge Levy, advogado do escritório Levy & Salomão, entende que o banco às vezes distorce as condições de mercado, oferecendo condições muito vantajosas. Para ele, o mercado de capitais está preparado para financiar uma boa parcela dos investimentos das empresas brasileiras, embora reconheça que ainda há dificuldade para emissão de dívidas de longo prazo.

Sobre o desenvolvimento do mercado nos últimos anos, Eliana Chimenti atribui a uma conjunção de fatores. "Os empresários começaram a ver o mercado como fonte atrativa de captação de recursos. E por outro lado tivemos grande avanço na governança corporativa das empresas, estimulada pela CVM e pela BM&FBovespa, o que também abriu a porta do mercado para os investidores estrangeiros."

A BM&FBovespa tem projetos para ampliar a liquidez dos títulos de renda fixa. Esse movimento começou em 2001, quando criou o Bovespa Fix e, dois anos depois, o Soma Fix, ambientes para negociação dos títulos de dívida.

Em seu primeiro ano, o Bovespa Fix movimentou R$ 41,7 milhões na negociação secundária de debêntures, com um total de 51 operações. Neste ano, até agora, já ocorreram 2,1 mil negócios com debêntures, somando R$ 136 milhões. Existem hoje 187 debêntures negociadas no Bovespa e no Soma Fix. Desde 2007, a BM&FBovespa possui uma diretoria focada no desenvolvimento desse mercado. O cargo está sob a responsabilidade de Sérgio Goldenstein.


Desafio é buscar eficiência de instrumentos, diz Giufrida
Angela Bittencourt | De São Paulo
29/10/2010

Aumentar a eficiência do mercado de capitais como financiador de investimentos da economia real é o objetivo do setor financeiro que vem conversando com o governo Lula e pretende prosseguir o diálogo com o futuro governo, que começa a ser definido no domingo, com o 2 ºturno das eleições.

"O objetivo da agenda em discussão é aumentar a participação do mercado de capitais no desenvolvimento do país. Consideramos que nosso papel é ajudar a elevar a taxa de investimento da economia", afirma Marcelo Giufrida, presidente da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima). "A percepção dos nossos associados e do próprio governo é que o mercado de capitais é muito eficiente para mobilizar poupança. Hoje, já são R$ 2 trilhões, somado o dinheiro dos fundos de investimentos, dos fundos de pensão, das seguradoras, dos clientes private e dos investimentos estrangeiros."

Giufrida explica que o setor tem sugestões para aumentar a eficiência dos mercados. "Um grupo que já vinha discutindo alongamento de prazos trabalhou em novas propostas, algumas oriundas inclusive da evolução de fusões da BM&F e Bovespa, Anbid e Andima e do processo de desmutualização da Cetip. Acreditamos que há espaço para melhorar a formação de preços dos ativos, plataformas eletrônicas, padronização de operações e avanços na tributação. A experiência de outros países confirma que um grau maior de informação sobre os ativos leva a um aumento no volume de negócios."

O setor defende a discussão de mecanismos que viabilizem, por exemplo, a formação de "estoques" de títulos de renda fixa e por tabela um mercado de aluguel de títulos de forma a garantir liquidez para todas as modalidades de papéis de renda fixa. Pela estrutura atual das operações, a liquidez dos ativos depende da disponibilidade de compradores e vendedores sintonizados ao mesmo tempo e na mesma modalidade de ativo. "Imaginamos que medidas desse tipo levam ao alongamento de prazos das operações. Mas é evidente que alongamento de prazo de título privado também vem com o alongamento de prazo da dívida pública. E isso ocorre com a queda dos juros", comenta o presidente da Anbima, que reforça a intenção do setor de ampliar a posição do mercado de capitais como instrumento para financiar o desenvolvimento econômico do país.

Mas existem entraves. Entre as grandes questões que emperram uma evolução mais rápida do mercado de capitais está a taxa de juro brasileira. "Todo mundo sabe que o juro no Brasil é alto e cria distorções. Isso não é crítica. É constatação. O juro alto leva ao encurtamento de prazos, dá prioridade à renda fixa e faz com que as pessoas valorizem demais a liquidez. Enfrentar tudo isso é um tremendo desafio. E é preciso também olhar a dinâmica. A taxa de juros nunca esteve tão baixa nos últimos vinte anos e chegou-se até aí por um acúmulo de acertos como controle da inflação, saneamento das finanças públicas, sistema bancário revigorado e mais sólido e a própria vinda dos investidores estrangeiros que impôs novas práticas operacionais. Estamos vislumbrando continuidade. Mas ainda estamos num território hostil para o mercado de capitais que é a convivência com juros altos", avalia.

O câmbio também é uma questão problemática no momento. "Estamos no meio de uma tentativa de administrar a ampla liquidez que transborda dos Estados Unidos e de outras partes do mundo; a convivência de regimes cambiais muito diferentes; e um aumento de tensão com efeitos colaterais danosos para o mercado de capitais no Brasil, como a introdução do IOF sobre aplicações de estrangeiros e mudanças frequentes de regras. Entendo a necessidade de o governo agir. Ninguém acha que o governo deve ficar de braços cruzados. Mas o mercado de capitais tem sido atingido pela escolha das ferramentas pelo governo e os efeitos são negativos", comenta o presidente da Anbima, que considera a compra de reservas pelo Banco Central uma ação menos danosa para o mercado. Ele reconhece que acumular reservas custa caro, mas desde que se considere que o dólar nunca mais vai subir. "Na prática não é assim."

Marcelo Giufrida afirma que não está havendo fuga de dólares do Brasil, mas considera necessário frisar que o país não está em guerra com os investidores estrangeiros. "Temos um ambiente internacional muito favorável ao ingresso de capitais e o Brasil tem déficit em conta corrente a ser financiado. O Brasil tem tido a possibilidade de fazer uma política seletiva do que deseja dos investidores. Mas, quando se faz a seleção, não sei até que ponto é possível sincronizar as necessidades do país com as mudanças de humor que vemos lá fora. Até mesmo a seletividade pode ser vista como uma espécie de rejeição."

O presidente da Anbima alerta que as mudanças de regras podem causar outros efeitos além do desejado pelas autoridades. Ele explica que as mudanças são técnicas e exigem um nível elevado de entendimento dos investidores estrangeiros.

"As mudanças geram também uma parada e afastam alguns investidores até por questões operacionais. E, geralmente, os agentes que estão mais preparados para administrar essas mudanças de regras são os que têm horizonte de investimento mais curto", pondera Giufrida.

"Os investidores de longo prazo, que temos interesse em reter e atrair, têm dificuldade maior de compreensão ou de adaptação. É preciso lembrar da complexidade que é tratar com investidores globais de longo prazo, como fundos soberanos e grandes fundos de pensão, que têm investimentos em vários países. Cada vez que se cria novas regras, o custo de entendimento e o trabalho é grande. É fato que o Brasil está muito atraente, mas é fato que não é o único país atraente", completa.

Vinho Tannat brasileiro em alta

Jornal do Commercio RJ - Coluna Márcia Peltier - 1º.11.2010 - A-8

Símbolo uruguaio

Dos 12 vinhos Tannat indicados pela Weinwelt, principal revista de vinhos para consumidores da Alemanha, seis foram do brasil e os outros, do Uruguai, onde esse tipo de uva é a representante do país. Os dois primeiros vinhos mais pontuados, aliás, são verde-amarelos: o Lídio Carraro Tannat Grande Vindima, safra 2005, com 88 pontos, e o Piagentini Tannat Grand Reserva, também de 2005, com 87 pontos.

Guia para investidores estrangeiros da Câmara Americana de Comércio

A Amcham Brasil desenvolveu a série "How To" para auxiliar investidores externos, ou profissionais e executivos recém-chegados ao Brasil a entender e atuar no mercado brasileiro. Produzida em inglês, a série completa contém 25 edições diferentes, que cobrem uma variedade de temas relevantes. Cada edição resulta de uma parceria entre a Amcham e uma empresa ou instituição especializada no assunto abordado.

Em Janeiro de 2006, a Amcham iniciou um processo de revisão e atualização da série "How To". Versões atualizadas já estão disponíveis para algumas das edições mais requisitadas.

A série "How To" é também uma ótima oportunidade para anunciantes. Para maiores informações, ligue para (55 11) 5180-3756 ou escreva para comex@amchambrasil.com.br
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Os títulos estão disponíveis no site da Amcham no endereço
http://www.amcham.com.br/rel_intl/howto

Flexibilização e desregulamentação do direito de trabalho

Jornal Valor Econômico - Legislação & Tributos - 03.11.2010 - E2
A flexibilização do contrato de trabalho

Paulo Sergio João

A flexibilização da legislação trabalhista, gerada pelos impactos decorrentes de crises econômicas, tem sido tratada com preocupação quanto aos destinos das relações de trabalho. Algumas vezes até decisões dos tribunais surpreendem.

Convém esclarecimento de que desregulamentação e flexibilização caminham separadas e com significados diversos. A desregulamentação é uma ideia de tendência nitidamente liberal com a omissão do Estado, a fim de que as relações de trabalho e respectivas condições sejam objeto da livre negociação, de acordo com as leis de mercado. Na flexibilização observa-se a preservação de normas de ordem pública, deixando para negociações coletivas a possibilidade de complementação ou de adequação, ora justificada sua necessidade e os efeitos benéficos de sua imposição pela sociedade globalizada, ora rejeitada, presumindo os efeitos danosos que poderiam nela estar embutidos.

A flexibilização corresponde ao ajuste da legislação trabalhista com finalidade social e econômica, permitindo que empresas se adaptem na produção, no emprego e nas condições de trabalho.

Desregulamentação e flexibilização caminham separadas
Como forma de proteção social, vários aspectos levam às reflexões de sua admissibilidade no aspecto jurídico trabalhista. Assim, quanto à iniciativa estatal ou particular de flexibilizar; à proteção social perseguida; ao modo de adoção nos contratos de trabalho e as restrições legais decorrentes do princípio da inderrogabilidade das normas trabalhistas e, após desvendados tais aspectos, caberia, ainda, a indagação quanto ao modelo jurídico do instrumento e atores sociais participantes, a fim de que os atos praticados sejam eficazes, com segurança jurídica e não armadilhas, surpreendendo o empregador no futuro.

Quanto à iniciativa, embora a Constituição Federal tenha reconhecido que garantias mínimas possam ser objeto de revisão mediante negociação coletiva (redução salarial, jornada de trabalho), a realidade demonstrou que a necessidade de intervenção sindical para rever a garantia de base inibiu durante algum tempo as manifestações autônomas, superadas apenas na crise de 2008.

Excluído o período de crise econômica generalizada, mantém-se a herança anterior a 1998 em que o Estado estimulara a negociação coletiva para flexibilizar a lei trabalhista no próprio local de trabalho - Lei nº 9.601, de 1998 - e na possibilidade de adoção do contrato de trabalho a tempo parcial e da suspensão temporária do contrato de trabalho).

A timidez existente em negociação coletiva não se justifica mais. O protecionismo do passado cede lugar a negociações nos locais de trabalho, onde trabalhadores ajustam seus interesses, reconhecendo que a função social da empresa não se faz isoladamente.

Caberá à Justiça do Trabalho o reconhecimento de acordos coletivos derrogatórios de normas coletivas inseridas em convenções coletivas de trabalho ou mesmo de leis trabalhistas quando submetidas à transação nos locais de trabalho, atribuindo as responsabilidades necessárias aos negociadores.

Quanto à proteção social, é entendida como aquela que produza no corpo social vantagens para a comunidade, trabalhadores e empregador, descabida a análise nos aspectos individuais.

Deste modo, o conceito do princípio protetor, não está mais voltado ao trabalhador individualmente, mas ao grupo social, dando à flexibilização natureza coletiva em efeitos sociais.

Nesse caso, é frequente a flexibilização de jornada, com redução de salário, fundamentada na proteção do emprego da coletividade de trabalhadores e, portanto, na continuidade de salário, justificada pela crise econômica setorial ou de mercado. O conceito de proteção desloca-se do trabalhador e seus direitos decorrentes do contrato de trabalho, para o equilíbrio social.

Todavia, a eficácia jurídica das negociações exige, por força da Constituição, a participação dos sindicatos profissionais, impostos com toda imperfeição de representação herdada e críticas que possam ser feitas ao estilo cartorário, muitas vezes arvorando-se em direitos dos quais não têm a titularidade.

Portanto, para equilíbrio da flexibilização, exigem-se sindicatos representativos e legitimados, com base legítima, capaz de serem porta-vozes dos trabalhadores. É uma condição rara na estrutura sindical brasileira, de sindicato único e cartorário, em geral desvinculado dos interesses dos representados. A herança de sindicatos desarticulados da base gerou preconceito de que as negociações coletivas seriam duvidosas porque o sindicato que deveria negociar não goza de credibilidade. Como consequência, há questionamentos judiciais de acordos coletivos e, não raro, a Justiça do Trabalho, anula tais normas, gerando insegurança jurídica.

Caberá às empresas a coragem de reorganizar o trabalho a partir do local de trabalho, fortalecendo negociações coletivas no sentido de integrar os trabalhadores no negócio, por meio de regras de adaptação, sem deixar de preservar o mínimo de proteção legal, transformando a relação trabalhista mais participativa e integrativa.

Paulo Sergio João é professor da PUC-SP e FGV e sócio do Paulo Sergio João advogados

Não incidência de INSS sobre horas extras

Jornal Valor Econômico - Legislação & Tributos - 03.11.2010 - E1
Justiça libera contribuição ao INSS sobre hora extra

Previdenciário: Sentenças excluem recolhimento sobre o total pago
Adriana Aguiar | De São Paulo
Silvia Costanti/Valor

Para o advogado Maurício Faro, não se pode confundir o conceito trabalhista de remuneração, com o previdenciárioAs empresas já conseguiram excluir, nos tribunais superiores, a incidência de contribuições previdenciárias sobre diversas verbas pagas ao trabalhador. Dentre elas, o auxílio doença ou acidente, o adicional de férias e o aviso prévio indenizado. Nessa mesma linha, agora tentam também não recolher a contribuição sobre as horas extras. Algumas liminares concedidas com essa finalidade já foram confirmadas pela primeira instância de Juiz de Fora (MG), Aracaju, João Pessoa e Rio de Janeiro.

As decisões proferidas têm sido baseadas em um julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF), de junho de 2009, que analisou o caso de um servidor público do município de Belo Horizonte. Na ocasião, os ministros entenderam que não incidiria a contribuição sobre as horas extras, pois essas teriam caráter indenizatório. Segundo a decisão, apenas as verbas incorporáveis ao salário do servidor, para fins de cálculo da aposentadoria, sofrem a incidência da contribuição previdenciária. Os juízes têm aplicado o mesmo raciocínio para as companhias.

Ainda que existam alguns precedentes desfavoráveis às empresas no Superior de Justiça (STJ), quando se trata de horas extras, os advogados têm esperança de reverter esse entendimento a exemplo do que ocorreu com o terço de férias. Para a questão, o STJ alterou seu entendimento depois que o Supremo analisou o tema em 2006, em um recurso de uma associação de servidores públicos. A Corte entendeu que o terço constitucional não tem natureza salarial e, portanto, não estaria sujeito à incidência das contribuições previdenciárias.

O advogado Maurício Faro, do Barbosa, Müssnich & Aragão, que já obteve decisões favoráveis em diversos Estados, afirma que tem pedido para excluir a contribuição sobre o total das horas extras pagas. Para ele, não se pode confundir o conceito trabalhista do que seria remuneração, com o conceito previdenciário. "Nosso pedido se baseia no próprio entendimento do Supremo". Nesse sentido, Faro diz que não deve existir distinção, do ponto de vista previdenciário, entre servidor público e trabalhador celetista.

A mudança de entendimento, a partir de decisão do STF, tem sido construída pelos juízes federais, o que seria importante, segundo Faro, para que a discussão possa chegar mais madura ao STJ. Para o advogado Alessandro Mendes Cardoso, do Rolim, Godoi, Viotti & Leite Campos, há chances de que a nova tese seja aceita no STJ. "O STJ, em geral, tem incorporado entendimentos firmados no Supremo e na jurisprudência trabalhista". Para ele, como as horas extras não integram os cálculos para fins de aposentadoria, não se poderia considerar a verba como remuneração, assim como decidiu o Supremo.

Os valores envolvidos na não incidência da contribuição sobre essas verbas são significativos para as empresas, de acordo com Cardoso. Isso porque elas pagam como contribuições previdenciárias 20% sobre a folha de salários, além do Seguro Acidente de Trabalho (SAT) e contribuições a terceiros, como o sistema S - Sesi, Senac, Senai. "Em tempos de aquecimento da economia, como o atual, as horas extras têm sido muito utilizadas pelas empresas para atender a demanda".

Em todas as decisões, com exceção da Justiça de Sergipe, a contribuição foi excluída sobre o total pago com horas extras. No caso de Sergipe, a juíza só retirou a contribuição sobre o adicional pago nas horas extras.

Para o advogado Leonardo Mazzillo, do WFaria Advocacia, a distinção seria importante, pois apenas o adicional pago seria indiscutivelmente indenizatório. A hora extra, segundo ele, é dividida entre o valor fixo, calculado pelo valor hora de trabalho, e o adicional, uma porcentagem que varia de 50% a 150%, correspondente à indenização paga pelo ato de fazer horas extras. "Isso porque os limites da jornada de trabalho, previstos na Constituição, foram extrapolados".

terça-feira, 2 de novembro de 2010

Múltiplas escolhas para acessar a universidade

O Estado de São Paulo, 26/10/2010 - São Paulo SP

Múltiplas escolhas

Exames vestibulares diferenciados podem ser via de mão-dupla: ajudam instituições a selecionar candidatos mais adequados e também servem para o aluno ter uma prévia do perfil do curso

Larissa Linder e Felipe Mortara, Especial para o Estado

No fim do ensino médio, o aluno tem de tomar uma série de decisões. Uma delas não tem nada a ver com a futura carreira. É a escolha dos processos seletivos, que hoje são tão diversos que confundem o candidato. Prova com hora marcada, dinâmica de grupo, exames online, vestibular em “parcelas” são exemplos que mostram quanto o cardápio para entrar em uma universidade ficou diversificado de uns anos para cá. Essa oferta variada resgata um pouco o quadro que existia entre 1911, quando os exames seletivos para universidades passaram a ser exigidos por lei, e a criação das fundações responsáveis pelos grandes vestibulares. No caso da USP, fundada em 1934, cada curso selecionava seus alunos da maneira que lhe convinha. As provas eram quase todas discursivas e exames orais eram comuns. Nos anos 60, com a explosão do público universitário, grupos de professores criaram, voluntariamente, fundações como Cescem, Cescea e Mapofei, responsáveis pela seleção de alguns cursos, da USP e de outras instituições, como Mauá e FEI. A unificação ocorreu apenas em 1976, com a criação da Fuvest. “As mudanças recentes mostram que é possível selecionar de várias maneiras. Cada instituição passou a ter mais ferramentas para escolher o perfil de candidato que lhe atrai mais”, afirma Leandro Tessler, ex-coordenador de vestibulares da Unicamp.

Aulas e entrevistas. Aos alunos, cabe olhar com cuidado as propostas do vestibular, que muitas vezes servem como prévia do perfil do curso. Na Escola da Cidade, no centro de São Paulo, que tem curso de Arquitetura, o mote é conhecer de perto o aluno e avaliar seu potencial para a carreira. Dividida em quatro dias, a seleção tem aulas, exercícios práticos e entrevistas. “Queremos tirar a ansiedade e extrair coisas positivas. Não fazemos perguntas que têm resposta precisa, certo ou errado”, diz a professora de desenho aplicado a projeto da instituição, Ana Carolina Tonetti. “Fui entrevistada pelo diretor da faculdade e mesmo assim me senti como numa ‘conversa de bar’, de uns 20 minutos, sobre coisas variadas. Óbvio que era um questionário, mas foi o começo de uma relação bem proveitosa”, afirma Cléo Dobberthin, estudante do 1.º ano. Também em busca de um aluno com a sua cara, a Escola de Direito da Fundação Getulio Vargas (FGV) em São Paulo mudou sua prova em 2004. “Queríamos um curso mais atual, para formar advogados que pudessem também gerir e pensar políticas públicas, por exemplo”, conta a coordenadora do curso, Adriana de Faria. Para isso, além da 1ª fase dissertativa, a prova tem questões sobre artes plásticas e cinema.

Cobrar arte faz sentido em uma seleção para Direito? Para a coordenadora do curso, sim. “Ajuda a interpretar o mundo, e um advogado precisa dessa competência.” Para Diogo Lins, de 19 anos, que está no 2.º ano de cursinho e já tentou o vestibular da FGV, “a prova é muito bem feita”. Um diferencial, para ele, é menos a arte e mais a ausência de algumas matérias da área de Exatas, como física e química. “Não cobram nada.” Outra inovação do vestibular da FGV é a 2ª fase, que prevê uma avaliação oral durante dinâmica de grupo. Para Noélly Tenis, de 18 anos, que tentará pela segunda vez a prova, o candidato não deve ter medo desse modelo.

“Creio que seja mais para ver como a pessoa se porta e como trabalha em grupo.” Foco e internet. A Facamp também procurou um modelo que abolisse itens de múltipla escolha. Usa questões discursivas, como fazia a Unicamp até 2009, e enfoca temas apenas relativos à carreira escolhida pelo candidato. “É diferente. Gostei que cortaram as matérias que não têm nada a ver com o que quero, como física e química”, diz Pedro Marques, de 18, de Presidente Prudente, que busca vaga em Administração. No menu dos vestibulares, há universidades que buscam se adaptar ao gosto dos candidatos. É o caso da Metodista, em São Bernardo, que, além da prova tradicional, oferece também a possibilidade de prestar o exame pela internet. O vestibular ainda permite o uso integral do Enem, a combinação da nota do exame com a prova tradicional e até a soma da nota do Enem com a da prova digital. Valor à expressão. Um dos marcos da história dos vestibulares teve a participação decisiva de Jocimar Archangelo, ex-coordenador de vestibulares da Unicamp e da Direito FGV. Em 1986, quando trabalhava em Campinas, ele fez parte do grupo encarregado de refletir sobre um novo formato de vestibular. Até então, a seleção para a Unicamp era feita pela Fuvest, com questões de múltipla escolha mais redação. A universidade passou a ter uma prova totalmente dissertativa.

“Não queríamos mais selecionar apenas as 50 maiores notas, mas os 50 melhores candidatos”, conta Archangelo. “É preciso dar mais valor à capacidade de expressão e raciocínio do que a ter uma enorme quantidade de informações como datas e nomes, sem saber usá-la.” O modelo da Unicamp fez sucesso e se tornou referência para vários exames – segundo especialistas, até mesmo do novo Enem. Apesar disso, a partir deste ano a universidade adotou questões de múltipla escolha. “Não era mais possível, com apenas 12 questões discursivas, selecionar os melhores sem eliminar o fator sorte”, diz Tessler, que participou do debate sobre o novo modelo. O peso do Enem. Enquanto muitas universidades se esforçam para adaptar a seleção aos seus projetos pedagógicos – o que seria o ideal, segundo especialistas como Archangelo –, outras preferiram aderir integralmente ao Enem. A UFABC, criada há quatro anos, teve vestibular próprio por dois anos, mas o número de inscritos estava caindo. “Para aumentar a visibilidade, aderimos ao Enem e os resultados foram ótimos”, diz o pró-reitor de Graduação, Derval dos Santos Rosa. “Conseguimos ter mais concorrência, selecionar candidatos melhores e deixamos de gastar com seleção.”

O estudante Lucas Torres, de 17 anos, vai fazer o Enem pela primeira vez para tentar uma vaga em Engenharia Elétrica na UFABC. “Acho que é uma forma prática de entrar, e também é uma boa prova. Para quem quer tentar mais de uma universidade, fica mais fácil.” Em tese, o Enem poderia conter o processo de diversificação do vestibular. Mas só em tese, acredita o atual coordenador do Vestibular da Unicamp, Renato Pedrosa. “Mesmo a longo prazo, ele não vai substituir vestibulares das universidades mais concorridas e seletivas”. A Federal de Santa Catarina (UFSC) é um exemplo da argumentação de Pedrosa. Vai usar uma porcentagem do Enem para compor a nota final dos alunos, mas manteve um curioso – e complicado – sistema chamado de “somatório” de notas. Cada questão da prova vem com subitens que devem ser considerados verdadeiros ou falsos. Se o aluno responde verdadeiro, recebe uma pontuação; se responde falso, recebe outra. Na hora de responder ao conjunto da questão, o candidato deve somar todos os pontos. Há apenas uma soma correta, mas é possível acertar a questão parcialmente. “É uma forma de inibir os chutes e de fazer com que o aluno tenha direito a pontuação parcial, caso assinale só dois itens certos, mesmo havendo três”, diz o presidente da comissão que organiza o vestibular, Júlio Felipe Szeremeta. Erro elimina acerto. A Universidade Federal de Sergipe (UFS) só utiliza o Enem para preencher vagas remanescentes. O modelo do exame emprega os conceitos de verdadeiro ou falso de forma rigorosa: o candidato que marcar uma alternativa errada é penalizado com a anulação de uma questão que acertou. “Complica a nossa vida. Em certa parte seleciona, mas é muito rígido. Precisa ter bastante certeza da resposta. Isso aumenta o estresse”, conta o sergipano Matheus Melo Barreto, de 19 anos, que tenta vaga em Medicina. Tessler concorda: “Essa forma de avaliar introduz no processo um fator de tensão e nervosismo que não traz o melhor resultado possível.”

Exame seriado. Mais que o modelo, uma crítica frequente que se faz aos exames seletivos no País diz respeito ao excesso de conteúdo cobrado dos candidatos. Um dos meios de evitar provas longas e cansativas é o modelo seriado. A UnB e a UFS permitem ao candidato usar a nota de exames aplicados desde o 1.º ano do ensino médio. Em Sergipe, quem acha que não se saiu bem nas provas durante o ensino médio pode fazer os exames relativos à 1.ª, 2.ª e 3.ª séries em dias consecutivos, além da prova de redação. Vestibulares seriados à parte, a crítica ao excesso de conteúdo tem provocado mudanças nos exames. A prova da Fuvest, que tem mais de 130 mil inscritos para 10.752 vagas, continua sendo considerada conteudista, mas tem apostado cada vez mais em questões interdisciplinares e na lógica no lugar da memorização. “A Fuvest utiliza a interdisciplinaridade. Prefiro assim, é mais lógico. Sou contra memorizar tudo, aquelas fórmulas de física que, se não decorar, não consegue fazer a prova. Está melhor do que antes, tendem a deixar cada vez mais acessível”, afirma Fernanda Mesquita Colejo, que tenta no vestibular deste ano vaga no curso de Arquitetura da USP.

Tradicional. Na contramão das provas interdisciplinares que têm sido adotadas por muitas instituições, o Instituto Tecnológico da Aeronáutica (ITA), em São José dos Campos, orgulha-se de manter intacto seu processo seletivo. “O diferencial é que não cobramos conhecimentos gerais. Avaliamos apenas cinco matérias: matemática, física, química, português e inglês”, conta o professor Luiz Carlos Rossato, chefe da área responsável pelo vestibular do instituto. “Temos nota mínima de aprovação, de 40%. Por exemplo, o candidato pode tirar 100 pontos em todas as matérias, mas se obtiver 35 em química, está fora”, afirma Rossatto. “Ou seja, podemos até não completar todas as vagas. Mas isso nunca ocorreu.”

terça-feira, 26 de outubro de 2010

Escolas passam a ensinar mandarim

Valor Econômico - Brasil - 26.10.2010 - A4

Educação: Disciplina chega no ensino privado como optativa
De olho na China, escolas adotam o mandarim
Luciano Máximo | De São Paulo
26/10/2010
Luis Ushirobira/Valor

Georgia Neme, que pretende cursar medicina, acredita que língua do país asiático pode ser um diferencial

Georgia Neme, de 14 anos, cursa a 8ª série do colégio particular Visconde de Porto Seguro, em São Paulo, onde tem como disciplinas obrigatórias alemão, espanhol e inglês. Além disso, ela está empolgada com a possibilidade de estudar um nova língua. No começo de 2011, a escola vai adotar o mandarim como matéria optativa para alunos do 6º ao 9º ano. A iniciativa segue exemplo de dois colégios privados paulistanos de elite que já adotaram o idioma oriental em seus currículos - Mater Dei e Humboldt - e está na agenda de outras instituições tradicionais, como o Bandeirantes e o Vértice - este último classificado em primeiro lugar no Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) de 2009.

"É uma novidade boa, porque quanto mais línguas, melhor, ainda mais porque a China é o futuro. Pode ser um grande diferencial", diz Georgia, que já sabe que quer cursar medicina na Faculdade da Santa Casa de São Paulo dentro de quatro anos.

João Saad, também de 14 anos e na 8ª série, estuda mandarim com uma professora particular há dois anos e reclama de dificuldades para aprender. "[O mandarim] É legal, mas muito trabalhoso. Os sinais são difíceis de escrever, tem uma ordem complicada", diz. A três anos do vestibular, ele conta que pretende prestar administração de empresas e que foi influenciado pelos pais para aprender o novo idioma. "Eles acham que a China vai ser a maior potência econômica do mundo nos próximos anos e eu deveria estar preparado."

A decisão de incluir o mandarim no currículo do Visconde de Porto Seguro se baseou na proposta de ampliar a formação em línguas da escola e tomou como exemplo algumas experiências de escolas públicas e privadas do Canadá e da Coreia do Sul, visitadas por integrantes da direção no começo deste ano.

"São países sempre bem classificados nas avaliações internacionais e que se destacam pelo investimento em educação. Já temos uma formação plurilinguística e achamos que é a hora e a vez do mandarim, por ser uma das línguas mais falada do mundo e em função de tudo que vemos envolvendo a China no cenário econômico mundial", explica a diretora pedagógica Sonia Bittencourt.

Segundo ela, o mandarim é compulsório no ensino médio na maioria das escolas privadas canadenses e coreanas. "No Canadá, por exemplo, as melhores escolas públicas também contam com professores chineses ensinando o idioma como disciplina curricular obrigatória." No colégio Porto Seguro, no entanto, a disciplina será optativa - com cobrança adicional na mensalidade escolar - e restrita, inicialmente, ao segundo ciclo do ensino fundamental, do 6º ao 9º ano. "O ensino médio já está sobrecarregado. Os alunos têm quase um período integral de aulas, com espanhol, alemão e inglês e ainda a preparação para o vestibular, sem falar o que eles fazem fora da escola. Muitos têm agenda de executivo", conta Sonia, que não descarta estender o mandarim para o ensino médio.

As aulas de mandarim na escola a partir do ano que vem serão terceirizadas ao Centro de Língua e Cultura Chinesa (Chinbra), que dispõe de professores nativos que ensinam o idioma em empresas e universidades, como a Fundação Getulio Vargas (FGV) e a Escola Superior de Propaganda e Marketing (ESPM), em São Paulo.

A vice-diretora da entidade, Liang Yan, revela que há várias negociações de parceria em andamento com outras instituições privadas de ensino. "Nós atendíamos muitos empresários individualmente. Agora cresceu bastante a procura de colégios e universidades, que sabem da importância da língua chinesa. Empresas que fazem negócio com a China pagam salários altos para quem sabe falar o mandarim."

Na avaliação da especialista em educação Márcia Ângela Aguiar, professora da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), ao incluir uma nova língua em sua base curricular, a escola precisa ter objetivos pedagógicos concretos. Ao contrário, o estabelecimento pode correr o risco de instituir um "simples modismo".

"A escola tem que ter claro qual é o seu projeto pedagógico e quais são seus objetivos na formação do jovem. Se eles consideram que a necessidade da inclusão de uma nova língua no currículo é preparar o jovem para atuar num mundo cada vez mais globalizado e aproximá-lo da realidade de um país considerado cada vez mais um protagonista mundial, a medida pode ser positiva. Mas é preciso ter cuidado para não superdimensionar os currículos, afinal os alunos que frequentam uma escola que permite incluir o mandarim no currículo podem estudar cursá-lo fora da escola", comenta Márcia Ângela.

terça-feira, 19 de outubro de 2010

Veículos com mais de 15 anos causam prejuízo às cidades

Jornal Destak Rio - 19.10.2010 - p. 2
Carro velho dá prejuízo de R$ 9,2 bi
Publicado em 19/10/2010 -

Com renovação, carioca ficaria menos 48 minutos por dia no trânsito, calcula engenheiro.
O Rio tem 845 mil veículos com 'idade' entre 15 a 35 anos, o que corresponde a 38% da frota da cidade, segundo estimativas do engenheiro e doutor em Transportes pela UFRJ Fernando Mac Dowell. O uso desses veículos faz o município ter prejuízo de cerca de R$ 9,2 bilhões por ano, segundo levantamento feito pelo especialista para o jornal O Globo. "Os carros velhos são os que mais causam acidentes e enguiçam, resultando em grandes congestionamentos", disse o professor ao Destak. Segundo MacDowell, hoje, a idade média dos veículos da cidade é 12,5 anos. Se retirassem aqueles com mais de 15 anos, esse valor cairia para sete, o que aumentaria a velocidade média, que é 30 km/h. Se fosse 50 km/h, o carioca ficaria menos 48 minutos por dia no trânsito. No Rio, por ter um valor de custo baixo, os carros com mais de 15 anos não pagam IPVA. Para o engenheiro, se a cidade adotasse a redução progressiva do imposto, incentivaria a renovação da frota de veículos, melhorando o tráfego na cidade. "Tem que haver também maior sincronização de sinais de trânsito, semáforos inteligentes, grandes corredores de veículos e a maior racionalização dos transportes coletivos", opinou.

Lançamento do livro de Ricardo Lodi: Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar

Clique na imagem abaixo para visualizar a divulgação ampliada do evento de lançamento do livro Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar, de autoria do aclamado professor e amigo Ricardo Lodi.

segunda-feira, 18 de outubro de 2010

Seminário de Direito Empresarial na PUC-Rio

Clique na imagem abaixo para ampliá-la e saber mais sobre o evento do qual participarei como palestrante num painel dividido com Gustavo Borba e medidado por Felipe Acioli

sexta-feira, 15 de outubro de 2010

MPF pede aplicação de multa à Anhanguera Educacional por propaganda enganosa

Folha Dirigida, 14/10/2010 - São Paulo SP

Procuradoria pede multa de R$ 6 mi à Anhanguera Educacional
DE SÃO PAULO

O Ministério Público Federal cobra na Justiça o pagamento de uma multa de R$ 6,85 milhões do grupo Anhanguera Educacional. A multa está relacionada ao descumprimento de uma ação civil pública em que a Procuradoria questiona o grupo pela prática de propaganda enganosa. A ação, proposta em 2009, resultou em uma decisão liminar (temporária) que proibiu a Anhanguera Educacional de fazer propaganda que a associasse a uma série de instituições. Segundo a Procuradoria, o grupo se apresenta como entidade mantenedora de instituições em Goiás, Mato Grosso do Sul, Santa Catarina e São Paulo, mas não figura como tal no cadastro do Ministério da Educação. Em alguns casos, o nome até consta no cadastro, mas o CNPJ (Cadastro Nacional da Pessoa Jurídica) apresentado não é o do grupo.

A liminar da 15ª Vara Federal Cível de São Paulo também proibiu, entre outras medidas, que a Anhanguera Educacional use a expressão "presencial-interativa" para tratar dos cursos de ensino à distância, pois, segundo a Procuradoria, esta modalidade de educação não existe no ordenamento jurídico brasileiro.

Em caso de descumprimento da decisão, a Justiça estabeleceu o pagamento de multa no valor de R$ 50 mil por dia. O Ministério Público Federal afirma que a decisão não foi cumprida e entrou com uma ação de execução, chegando aos R$ 6,85 milhões, a título de multa cominatória (que visa persuadir o devedor ao cumprimento da decisão). Caso seja paga, a quantia será revertida ao Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação. Para o procurador Sergio Gardenghi Suiama, responsável pelo caso, a aplicação da multa deve ser imediata, uma vez que não executá-la o mesmo que "desprover a decisão judicial de eficácia". Ele pede ainda que a multa diária continue a incidir até que o grupo demonstre que está cumprindo as determinações.

OUTRO LADO - Por meio de nota, a Anhanguera Educacional informa que não foi notificada oficialmente sobre qualquer pedido formulado pelo Ministério Público Federal relacionado à ação civil pública, e aguarda abertura de vistas do processo para poder se manifestar

Lei Seca pode ser inviabilizada

Jornal Valor Econômico
Decisão do STJ anula efeito prático da Lei Seca


Lílian Cunha | De São Paulo
15/10/2010

O Superior Tribunal de Justiça (STJ) divulgou uma decisão que deixa sem efeito prático a Lei Seca, em vigor desde 2008. Conforme divulgou esta semana o STJ, o ministro Og Fernandes determinou o trancamento de ação penal contra um motorista de São Paulo que se recusou a fazer o teste do bafômetro. O motorista havia sido processado por dirigir embriagado, com base no Código Brasileiro de Trânsito.

De acordo com o processo, o veículo trafegava pela contramão quando foi abordado por policiais militares, que teriam constatado estado de embriaguez do condutor. O motorista, entretanto, se recusou a passar pelo teste do bafômetro.

Conforme o ministro, há uma "falha legislativa" que "torna sem qualquer efeito prático" a Lei Seca. Segundo ele, pelo princípio da segurança jurídica, o cidadão não é obrigado a produzir provas contra si, embora a comprovação do crime de dirigir embriagado necessite de prova técnica produzida por meio dos testes.

A Lei Seca, que entrou em vigor no fim de junho de 2008, mudou o mercado de cervejas. Diferentemente do que vinha acontecendo há pelo menos cinco anos, o consumo em bares e restaurantes passou a ter crescimento menor do que o das vendas nos supermercados, que passaram a ter mais importância. Segundo dados do Ministério da Saúde, o número de mortes no trânsito no Brasil caiu 6,2% no primeiro ano da legislação, em comparação com o ano anterior.

Justiça paulista defere o processamento da recuperação judicial da Rede Zacharias

Jornal Valor Econômico
Rede Zacharias entra em recuperação judicial


Lílian Cunha | De São Paulo
15/10/2010

O Grupo Zacharias, dono da Rede Zacharias de Pneus, teve o pedido de recuperação judicial aceito pela 1ª Vara de Falências e Recuperações Judiciais da capital de São Paulo. Com a decisão, todos os processos contra a rede e demais empresas do grupo foram suspensos, segundo o advogado Cláudio Daólio, do escritório Moraes Pitombo e Pedroso Advogados. A consultoria KPMG foi nomeada a administradora judicial do grupo, para acompanhar a execução do plano de recuperação, que deverá ser apresentado dentro de 60 dias.

A empresa, que deve cerca de R$ 12 milhões, vem a pelo menos uma década passando por dificuldades. O plano inicial é vender cinco imóveis da empresa para o pagamento de dívidas, reabrir algumas lojas e licenciar a marca Zacharias. Todas as lojas da rede, que já chegou a ter 92 unidades, estão fechadas.

Do total de sua dívida, estimada entre R$ 10 milhões e R$ 12 milhões, cerca de 70% são devidos aos bancos Bradesco e Itaú. O restante é relativo a débitos trabalhistas e aluguéis atrasados.

O grupo pertence hoje a Anna Maria Zacharias, que assumiu o negócio depois do falecimento do marido, Adhmar Zacharias, e de seus dois filhos.

Em 2007, Anna Maria foi procurada por uma empresa que se propôs a comprar todas as ações do grupo e a vender imóveis da empresa para o pagamento das dívidas da varejista. Mas os prédios não foram vendidos, nem a dívida quitada. O negócio foi desfeito, mas as dívidas do grupo Zacharias acabaram crescendo ainda mais.

quinta-feira, 14 de outubro de 2010

Portaria da Receita sobre uso de procuração por instrumento público para acesso a inforações sigilosas

13.10.2010
Port. Portaria RECEITA FEDERAL DO BRASIL - RFB nº 1.860 de 11.10.2010
Disciplina o acesso a informações protegidas por sigilo fiscal e o uso de instrumento público para conferir poderes para a prática de atos perante a Secretaria da Receita Federal do Brasil, na forma da Medida Provisória nº 507, de 5 de outubro de 2010.(Data: 11.10.2010) Publicação: 13.10.2010

terça-feira, 5 de outubro de 2010

Princípios de direito ambiental

Ed. 193 - Princípios do direito ambiental
Saturday, April 24, 2010 13:10
Notícia da Categoria: [Revista Ecoturismo]
*Sabrina Maria Fadel Becue

A evolução do direito ambiental acompanha a crescente preocupação humana com o ambiente à sua volta. Mas somente na década de 1920, com a massificação das relações sociais, foi reconhecida a existência de direitos metaindividuais, entre eles, o direito à vida saudável. A tutela ambiental está assentada nesta premissa: necessidade de criar e preservar um ambiente adequado para desenvolvimento pleno do homem e das gerações futuras.

Pautado pelo objetivo exposto, as legislações e as declarações internacionais trazem uma série de princípios definidores da tutela ambiental, entre eles os princípios da precaução; do desenvolvimento sustentável; do poluidor-pagador; e da participação e responsabilidade comum, mas diferenciada.

(clique no título acima para visualizar o atigo completo, também publicado no Jornal Correio Braziliense)

Enem: ênfase em questões ambientais e metodologia TRI de prova

O Estado de São Paulo, 05/10/2010 - São Paulo SP
Enem deve privilegiar questões de meio ambiente, apostam professores
Para docentes dos principais cursinhos pré-vestibulares, a prova deve ser extensa e os estudantes terão de relacionar temas da atualidade com os conteúdos básicos do ensino médio; a novidade deste ano é a aplicação de questões de inglês ou espanhol
Luciana Alvarez e Mariana Mandelli
Sob a perspectiva de uma prova que tradicionalmente cobra dos alunos a capacidade de ler, interpretar, analisar e relacionar temas, quem vai prestar o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem) deste ano precisa conhecer também os assuntos da atualidade. Faltando um mês para a avaliação, a reportagem ouviu professores de cursos pré-vestibular da Poli, Etapa, Anglo e do Sistema COC de Ensino sobre assuntos que podem ser abordados.
Em todos os casos, eles lembram que não é necessário a "decoreba" de nomes, locais e datas, mas sim saber as razões e consequências dos fatos mais relevantes para o Brasil e o mundo. Em geral, os temas atuais são usados de forma a aproximar da realidade conceitos básicos das disciplinas. Algumas questões podem usar charges, textos de jornais ou revistas, gráficos e tabelas. Conhecer bem os problemas contemporâneos também fornece argumentos para uma boa redação. A novidade deste ano, questões de inglês ou espanhol de acordo com a opção da inscrição, não deve assustar. Para os cursinhos, os textos devem usar um vocabulário simples e temas de fácil entendimento. Os professores recomendam ainda uma boa dose de paciência e concentração para enfrentar uma verdadeira maratona intelectual. A prova promete ser extensa, exigindo uma grande quantidade de leitura.


Portal IG Educação, 04/10/2010
TRI: a teoria por trás do novo Enem
A metodologia permite aplicação de provas individualizadas e precisas. Mas especialistas criticam falta de interpretação das notas
Priscilla Borges, iG Brasília
TRI. A pequena sigla se tornou popular nas falas, artigos e reportagens sobre o Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Ao contrário do que os desavisados podem pensar, ela nada tem a ver com o número três. Significa Teoria da Resposta ao Item. É a metodologia que dá suporte à elaboração e correção do novo modelo de provas do Enem desde o ano passado. Criada na década de 1950 nos Estados Unidos, a TRI envolve psicologia, estatística e informática. Os especialistas enumeram vantagens na sua utilização para elaboração de exames como o Enem: provas aplicadas em momentos diferentes podem ser comparadas, o conhecimento de cada aluno é avaliado de forma mais precisa e não há necessidade de aplicar as provas no mesmo dia para milhares de candidatos. Essas mudanças em relação ao jeito clássico das avaliações – soma de acertos – são possíveis graças ao foco da teoria: o item. Quem elabora as questões precisa se preocupar em medir níveis de conhecimentos diferentes pelas perguntas. Em uma mesma prova, é importante que elas variem: sejam fáceis, medianas e difíceis. Além disso, esses itens têm de conseguir separar quem sabe o conteúdo de quem tenta acertar no chute.
“Há três parâmetros importantes considerados em cada item: o grau de dificuldade, a discriminação do item e o acerto casual”, afirma Dalton Francisco de Andrade, professor titular do Departamento de Informática e Estatística da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). “O modelo logístico da TRI calcula a probabilidade de um candidato acertar aquele item a partir do conhecimento que possui (dificuldade) e o conhecimento mínimo necessário para responder a questão (discriminação), e avalia o padrão de respostas do aluno na prova, para ter certeza de que ele não está acertando ao acaso”, define. Para saber se os itens cumprem os requisitos, é preciso testá-los. Depois dos pré-testes, as questões podem ser eliminadas, reformuladas ou incorporadas a um banco de itens, que deve ser constantemente atualizado. A proposta do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) é construir um banco com milhares de itens. “Com isso, poderíamos fazer inúmeras provas distintas”, explica o presidente do Inep, Joaquim José Soares Neto.
As questões do Enem fazem parte do Banco Nacional de Itens, que reúne também outras avaliações aplicadas pelo Inep, como a Prova Brasil e o Exame Nacional para Certificação de Competências de Jovens e Adultos (Encceja). Empresas são contratadas para criar os itens e aplicá-los em testes para estudantes de todo o País, que não sabem que estão "experimentando" perguntas de exames. Só este ano, o Inep contratou a aplicação de 100 mil provas. O Inep não divulga os detalhes desses processos. Neto ressalta que a qualidade das provas, ao longo dos anos, pode variar. O que não muda, ele garante, é a capacidade de comparabilidade das avaliações por conta dos parâmetros adotados na seleção das questões. O objetivo é que o banco seja formado por itens cada vez melhor elaborados. Por isso, avaliadores do Inep estão passando por treinamentos com o professor Andrade, um dos maiores especialistas do País no tema. “Quanto melhor o instrumento, mais precisa a medida. Quanto mais as pessoas forem aprendendo a teoria, melhor será o instrumento”, diz Andrade. No Brasil, a TRI começou a ser utilizada em avaliações em 1995. Naquele ano, ela foi incorporada ao Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica (SAEB), instrumento que avalia a capacidade de leitura e escrita das crianças brasileiras.
Mudanças futuras - A informática foi fundamental para que os especialistas em TRI conseguissem colocar em prática as potencialidades teóricas da metodologia. Hoje, sistemas de computador sofisticados são utilizados para armazenar, classificar e elaborar os testes. A teoria permite, inclusive, que as provas elaboradas com base na TRI se tornem individualizadas, quando adaptadas para computador. É o caso da certificação de proficiência em inglês TOEFL. E esse é o futuro do Enem. Neto lembra que os objetivos da mudança no modelo do Enem eram tornar os testes mais qualificados, comparáveis ao longo do tempo e, aos poucos, deixar de provocar a operação gigantesca atual. Mais de 4 milhões de estudantes têm de fazer o exame no mesmo dia, o que envolve milhares de pessoas trabalhando na aplicação e segurança dos testes e na correção dos mesmos. Avaliar a qualidade do ensino médio ainda não está nos planos. “O Enem é um exame voluntário e temos de tomar cuidado com isso”, destaca. O Inep já estuda como adaptar o Enem para testes computacionais. Desse modo, a avaliação se adaptaria ao nível de conhecimento dos estudantes. A cada acerto de um item fácil, o estudante receberia o próximo com um nível de dificuldade um pouco maior ou, em caso de erro, um mais fácil. Para isso, o sistema precisa de um variado e numeroso banco de itens. “Esse é o futuro. É o jeito mais adequado”, afirma Rubem Klein, pós-doutor em estatística.
Críticas - Para os especialistas, o que falta agora é entender o que significam as notas do Enem. Por enquanto, professores e estudantes não conseguem compreender, a partir das médias, se os conceitos que alcançaram são bons ou ruins. Andrade explica que, em toda avaliação que utiliza a TRI, é preciso criar uma escala de medida, como em um termômetro. “A decisão é arbitrária mesmo, no sentido de que a gente precisa definir um ponto de partida. A partir daí, vamos fazendo as comparações”, diz. Em 2009, o Inep definiu que o ponto de partida seria a nota 500. Essa foi a média obtida pelos concluintes que realizaram as provas objetivas. Mas não é possível saber se essa pontuação traduz que os estudantes demonstraram pouco ou muito conhecimento. “Agora, uma equipe de especialistas precisa analisar o nível dos itens acertados e errados e ponderar as notas. O Inep ainda está devendo isso”, ressalta Klein, que é consultor da Cesgranrio. Segundo Andrade, assim como os alunos, os itens que fazem parte do arquivo do Enem ganham notas. Elas representam o quanto de conhecimento a questão exige do candidato para respondê-la. “Por isso podemos comparar provas diferentes e interpretá-las. Realmente, essa é uma demanda ainda não atendida pelo Inep”, diz. O presidente do instituto diz que o órgão está trabalhando nessa interpretação, que é prioridade. Em breve, ela será divulgada.


Portal IG Educação, 05/10/2010
Que nota é esta?
MEC diz ter usado a Teoria da Resposta ao Item (TRI) para mensurar o resultado do Enem, mas falta transparência em relação à prova
Mateus Prado
Desde o ano passado, o Ministério da Educação (MEC) diz utilizar a Teoria da Resposta ao Item (TRI) para mensurar as notas dos candidatos no Enem. A desconhecida TRI tem origem na psicometria, parte da ciência da psicologia. A utilização da técnica é possível graças ao desenvolvimento da informática e à possibilidade de usar potentes computadores e sofisticados softwares para calcular os dados gerados por milhares de pessoas. A lógica é muito simples. Quando queremos avaliar as habilidades e competências de uma pessoa, podemos propor testes que exijam a utilização delas. Para que possamos comparar as notas de duas ou mais provas diferentes, todas elas precisam ter o mesmo nível de dificuldade. A utilização da TRI na prova do ENEM tem como principal objetivo acompanhar o desenvolvimento da qualidade do Ensino Médio no Brasil. Como as provas anteriores tinham níveis de dificuldade diferentes, não podemos dizer, olhando as notas de provas distintas, qual aluno tem mais proficiência para ocupar um lugar no Ensino Superior.
Até aí, ótimo. É realmente muito bom termos instrumentos para avaliar as políticas públicas de educação, ainda que eles não sejam perfeitos. O problema é a falta de transparência em relação à prova aplicada no ano passado. Segundo o MEC, as questões tiveram pesos diferentes no exame. Dois alunos que acertaram o mesmo número de perguntas podem ter recebido notas diferentes. Para exemplificar, imagine que dois estudantes, em uma sala de aula, façam uma prova qualquer de 30 questões e os dois acertem 20 delas. Quando recebem as notas, apesar de terem acertado o mesmo número de itens, elas são diferentes. Isso é possível se o considerado não for o acúmulo de questões corretas, mas a dificuldade delas. Neste caso, se um deles acertou itens mais difíceis, pode receber uma nota maior, apesar de ter assinalado corretamente o mesmo número de questões.
Até agora, a sociedade não sabe qual foi o peso dado a cada questão. O Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep) deveria divulgar um relatório pedagógico, como fez nos anos anteriores, e nele deveria estar relatado o nível de dificuldade de cada questão. Sem ele, a nota de cada aluno no último ano parece ser um critério arbitrário, sem base científica. Além disso, fica impossível para qualquer candidato questionar seu aproveitamento. Apesar de a TRI poder ser utilizada de várias formas, o natural era que o MEC tivesse um grande banco de dados com questões pré-testadas. Uma questão testada hoje, em grupos que representem o conjunto dos inscritos no Enem, com 70% de acerto, não é igual a uma questão que, daqui a 10 anos, 70% das pessoas responderão corretamente. Isso ocorre porque neste período a qualidade da educação pode melhorar ou piorar. Se todas as questões forem testadas no mesmo ano em que forem aplicadas, o resultado será que, todo ano, teremos a mesma média nacional no Enem. Possíveis melhorias ficariam por conta da margem de erro.
Um fator que coloca em dúvida se o MEC tem este banco de questões e se a prova realmente terá o mesmo nível de dificuldade em todas as suas edições é a diferença entre as provas do ano passado. A primeira, que vazou, foi uma prova bem feita, com questões que realmente avaliavam os eixos cognitivos, as competências e as habilidades propostas pelo novo Enem. A segunda prova, a que foi aplicada, era o contrário: mal feita, com questões de respostas questionáveis. Em alguns momentos, apelava para o conteudismo e a decoreba que prometia combater. Tenho convicção de que as duas não tinham a mesma dificuldade. Se ambas forem aplicadas em qualquer grupo de 100 pessoas, com certeza as notas na primeira prova serão mais altas.

Agora, com os novos depoimentos do atual presidente do Inep fica claro que realmente este banco de dados não existe, ou que pelo menos hoje é muito pequeno e que o MEC mentiu para a sociedade no último ano. O MEC precisa dar transparência ao TRI para que todos entendam melhor a prova do Enem. Não adianta falar que cada questão tem peso diferente, que o exame tem dispositivo “anti-chute”, que todas as provas têm o mesmo nível de dificuldade, que agora teremos parâmetros para medir o desenvolvimento do Ensino Médio, que logo a prova poderá ser individualizada, entre outras coisas, se não podemos confiar no que foi dito. Os educadores não podem se contentar em ter “fé” nas palavras do Ministério. É claro que seria melhor se o MEC tivesse realmente usado o TRI, mas seria mais honesto com a sociedade admitir que ele não estava presente, ou que só estava parcialmente, na prova aplicada no ano passado.

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Dicas de Buenos Aires

Em função de algumas idas à Capital portenha e de sugestões solicitadas pelos amigos, preparei jntamente com minha mulher algumas dicas para quem quer visitar Buenos Aires.¡Qué aprovechen!

Buenos Aires

Câmbio no Banco de La Nacion no próprio terminal. O Banco fica do lado direito da saída do saguão de desembarque. O câmbio está média R$ 1,00 = ARS 2,- e USD 1,- = ARS 3,90.

O stand do taxi Ezeiza (tel. 5480-0066) fica bem em frente a saída do saguão de desembarque. O custo do trajeto Ezeiza – Centro (ARS 118,-) +- 35 km. Guardando o voucher terá um desconto no retorno que fica em média (ARS 88,-).
È interessante ligar no dia com 3 horas de antecedência ou na véspera.

Restaurantes sugeridos.

Fervor Brasas de Campo y Mar – Posadas, nº 1519 – Tel. 4804-4944 – Recoleta (ao lado do Meliá)
Sucre – Sucre, nº 676 – Tel.: 4782-9082 – Belgrano – taxi +- 30 pesos
La Cabrera Norte - Cabrera, nº 5127 (próxima a Thames) – Tel: 4832-5754 - Palermo – taxi - +- 20 pesos
L´Orangerie – Av. Alvear, nº 1891 – Tel: 4808-2949 ou 2100 – Horário do almoço 12h às 15h30min.
Dadá Bistrô – San Martin, nº 941 (próximo a Paraguay) – Tel.: 4314-4787 – Centro/Retiro
El Mercado (Hotel Faena – Philippe Starck) – Martha Salotti, nº 445 – Tel.: 4010-9200 - Puerto Madero
Cabana Las Lilas - Alicia Moreau de Justo, 516 – Tel.: 4313-1336 – Puerto Madero
Casa Cruz – Uriarte, nº 1658 (próximo a Honduras)– Tel: 4833-1112 - Palermo
La Cabaña - Rodriguez Peña, nº 1967 – Recoleta - Tel: 4814-0001
http://ronaldsharp.blogspot.com/2010/08/restaurantes-em-buenos-aires.html

Bares
Gran Bar Danzón – Libertad, nº 1161 (próximo a Av. Santa Fé) – Tel. 4811-1108 - Centro
Eterna Cadencia – Honduras, nº 5574 (entre a Humboldt e Fitz Roy) – Tel.: 4774-4100 (bar do ator argentino Ricardo Darín) - Palermo

Algumas lojinhas do bairro Recoleta
Louis Vitton (esquina do Hotel Alvear)
Ralph Lauren – Av. Alvear, nº 1780

Shopping
Pátio Bullrich (mais chique de Buenos Aires)
Galerias Pacífico
Buenos Aires Design

City tour
Buenos Aires Bus – saída - Av. Diagonal Norte c/ Florida – média do tour de 2h45min

Parada 11 – AV. Alvear y Ortiz - ??????

Show de tango
El Viejo Almacén – Av. Independência y Balcarce – Tel: 4307-6689 e 6919 – San Telmo
Madero Tango – Alicia Moreau de Justo y Brasil – Dique 1 – Tel. 5239-3009 – Puerto Madero
Rojo Tango – Hotel Faena – 20h30min - Tel.: 4010-9200 - Puerto Madero

Guia de restaurantes
http://www.guiaoleo.com.ar

• Livraria El Ateneo Grand Splendid – Av. Santa Fé, nº 1860 entre Callao y Riobamba
• Sorveteria Freddo (Pátio Bullrich) e Volta
• Empanadas San Juanino – ao lado do Fervor

1º Congresso Brasileiro de Direito Comercial

em 25 de março de 2011, acontecerá na cidade de São Paulo o 1º Congresso Brasileiro de Direito Comercial, contando com o confrade Fabio Ulhoa Coelho como membro da comissão organizadora. O sucesso do evento já está garantido. Clique no título acima para acessar o site oficial e participe.

sexta-feira, 1 de outubro de 2010

Remuneração dos administradores de companhias abertas

Agência CVM

Mantida decisão do Tribunal de revogação da liminar que suspendia a divulgação de informações relativas à remuneração de administradores


A 8ª Turma do Tribunal Regional Federal da 2ª Região (TRF 2) negou provimento hoje (28/09/2010), por unanimidade, aos embargos de declaração com intuito de modificar a decisão, também unânime, do Tribunal no dia 08/07/2010. Esta decisão revogou a liminar que anteriormente suspendia a eficácia do item 13.11 do formulário de referência, previsto no art. 24 da Instrução CVM nº 480/09, e relativo à divulgação de informações sobre remuneração dos administradores de companhias abertas.

Extinta a ção de responsabilidade civil contra o ex-diretor financeiro da Sadia

Consultor Jurídico - 29.09.2010

Executivo é inocentado de causar prejuízos à Sadia


Por dois votos a um, os desembargadores da 4ª Câmara de Direito Privado do Tribunal de Justiça de São Paulo inocentaram o executivo Adriano Lima Ferreira, processado pela Sadia por perdas de R$ 2,4 bilhões em derivativos durante a crise global financeira. Os desembargadores entenderam que o executivo não agiu sozinho. Cabe recurso.

Ferreira foi acusado de tomar as decisões que resultaram nos prejuízos à Sadia sem conhecimento do Conselho de Administração. Em 6 de abril de 2009, o Conselho decidiu, em assembleia extraordinária, processar o executivo com base num relatório da auditoria BDO Trevisan, que considerou Ferreira o único responsável. No entanto, no dia 27 abril do mesmo ano, em uma assembleia geral ordinária, os acionistas aprovaram, sem reservas, as contas de 2008.

A defesa de Ferreira argumentou que, ao dar esse aval, a empresa também admitiu que estava ciente das manobras financeiras. O juiz de primeira instância decidiu a favor da Sadia, mas o executivo recorreu.

O desembargador Ênio Santarelli Zuliani, ao justificar seu voto, concluiu que as pessoas a quem Ferreira se reportava conheciam os riscos dos derivativos, por se tratar de investimento de alto risco. Para ele, o Conselho assumiu esses riscos, ao aprovar as contas de 2008.

Ele explicou que, devido à fragmentação de reuniões, o ex-diretor não pode apresentar, perante os acionistas, justificativas e ordens de aprovação para agir da forma como procedeu. “É de boa ordem que se permitisse a palavra ao diretor acusado de responsabilidade pelo prejuízo, como determina o art. 134, § 1º, da LSA, o que não se verificou. As operações que o STJ considera de alto risco (Resp. 747.149 RJ e Resp. 1.003.893 RJ) não foram examinadas porque não foram destacadas na assembleia ordinária e isso autoriza afirmar que o resultado (contas) foi aprovado de acordo com todas as operações, inclusive os derivativos”, destacou, em seu voto.

O desembargador Teixeira Leite subscreveu o voto de Zuliani. Ele afirmou que a decisão de mover a ação contra o ex-diretor foi aprovada por quem desconhecia os riscos dos derivativos. Além disso, não houve ressalva sobre os procedimentos do executivo na última assembleia.

“Não cabe vincular todos os acionistas, especialmente aqueles ausentes do quadro societário na época da primeira reunião, por decisão vinculativa a que não tiveram acesso, especialmente porque, naquela outra, mais tarde, nem mesmo se tratou desse risco ao cotidiano da sociedade e ao capital social, de resto, manifestado em outro tempo”.

Os derivativos cambiais são instrumentos usados para proteger as empresas contra as oscilações bruscas do dólar. Mas, antes da crise, as empresas utilizaram os derivativos de uma forma especulativa para alavancar seus lucros. A Sadia teve prejuízos que quase a levaram à falência. Para não quebrar, a empresa se fundiu com a rival Perdigão, surgindo assim a Brasil Foods, uma das maiores empresas de alimentos do país.

Com a decisão do TJ-SP, a ação foi julgada extinta. A Sadia ainda pode recorrer ao Superior Tribunal de Justiça.

Clique aqui para ler a decisão do TJ paulista
AI 990.09.362587-3

Gerenciamento de riscos

Joranl do Commercio - JC & Gerência - 28.09.2010 - B-14

A melhor maneira de gerenciar uma empresa é imaginá-la como um organismo vivo, cuja saúde depende de hábitos equilibrados. Se houver um dispêndio excessivo de energia sem a devida reposição de nutrientes, o organismo pifa; se houver excessos no consumo de calorias, o corpo passa a trabalhar lentamente e, passado um tempo, também entra em pane.

Para manter essa máquina funcionando bem, é importante conhecer os riscos inerentes a certos comportamentos e tomar as medidas necessárias para dirimi-los.

De forma semelhante, o gerenciamento de riscos nas empresas reduz os prejuízos e aumenta os benefícios vinculados à concretização dos objetivos estratégicos.

É benéfico para a competitividade nos negócios e responde aos níveis de exigência do mercado (cada vez mais elevados), às pressões regulatórias e às crescentes necessidades do mercado global.

Trata-se, em resumo, de uma prática essencial, que obedece, de forma geral, aos seguintes passos: identificar todos os riscos estrategicamente relevantes; analisar cada um desses riscos em função de seu impacto e probabilidade de ocorrência (score de risco); avaliar a efetividade dos controles internos existentes e potenciais para mitigar o impacto dos riscos; decidir o "tratamento" dos riscos residuais (ou seja, encontrar como debelar as eventuais sequelas).

Quando falamos em riscos, nos referimos a um universo amplo, composto de riscos externos e internos.

Ao primeiro grupo pertencem a ocorrências de acidentes e catástrofes, as flutuações imponderáveis do mercado, as ações da concorrência, os passivos jurídicos e até os desafios inerentes às políticas ambientais vigentes.

Entre os riscos internos, há os pessoais (uso indevido de recursos da empresa, fraudes, problemas de liderança e comunicação), os financeiros (inadimplência, baixa liquidez, variações monetárias) e os operacionais (por exemplo, o desgaste da marca e a ocorrência de falhas nos produtos).

Há também os riscos ligados à área de tecnologia: o mau uso dos recursos pode gerar diversos danos, afetando desde a qualidade do acesso até a integridade da imagem da empresa.

Ficou famoso, algum tempo atrás, o caso de uma empresa que sofreu processo judicial depois que um funcionário divulgou comentários racistas utilizando o e-mail corporativo.

Em resumo, o gerenciamento de riscos é parte integrante da governança corporativa de uma organização.

Ele viabiliza alinhamento com padrões mundiais de governança corporativa, o aprimoramento da eficiência operacional (com a implantação de melhores práticas de controle e gestão dos processos de negócios) e a redução do impacto de riscos financeiros, de fraudes e de imagem.

Proporciona também uma maior atratividade de investidores (locais e internacionais) e o estabelecimento de diferenciais na captação de recursos.

O BNDES, por exemplo, tem exigências específicas no campo da governança corporativa para a concessão de empréstimos.

Assim, a prática de gerenciar riscos não é algo meramente opcional para as empresas: ela é uma necessidade para quem pretende não apenas se manter vivo no mercado, mas também, evoluir, crescer com as oportunidades e colher os frutos do desenvolvimento econômico.

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Eduardo Cipullo é sócio-diretor da BDO, quinta maior rede mundial em auditoria, tributos e advisory services

segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Migração das escolas tradicionais para ensino bilingue

Em 7 anos, Grande SP ganha 20 bilíngues

Já nas escolas mais antigas, para cada estudante matriculado, há outro na fila de espera por uma vaga
GUILHERME VOITCH / LUCIANO BOTTINI FILHO / RAPHAEL MARCHIORI / RAPHAEL SASSAKI / RODNEI CORSINI COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

A turma se reúne ao lado da professora, que mostra imagens de animais típicos brasileiros. As crianças, com idades entre três e quatro anos, apontam os bichos e pronunciam seus nomes. Algumas se abraçam, deitam no colo da professora e riem. Seria uma típica aula de ensino infantil não fosse pelo idioma: a comunicação é toda feita em inglês. A cena, presenciada em uma das escolas bilíngues da Grande São Paulo, é cada vez mais corriqueira. Nos últimos sete anos, cerca de 20 instituições desse tipo foram abertas em São Paulo e na região metropolitana, segundo levantamento da Folha.

Os colégios bilíngues oferecem o ensino de um segundo idioma -predominantemente o inglês- da maneira que os especialistas chamam de "imersão". A língua é utilizada em todos os momentos: das aulas à fila do lanche. "É no ensino infantil que as crianças estão mais preparadas para aprender uma segunda língua", diz Alexandre Feldman, especialista na área. Essa base é complementada no fundamental e no médio, quando o aluno aprende disciplinas como matemática e química no segundo idioma. O acesso a outro idioma não é o único diferencial da educação bilíngue. Nas escolas desse tipo, as crianças aprendem a conviver com diferenças desde cedo. Como os colégios atraem muitos estrangeiros, é comum que os alunos tenham colegas de diversas partes do mundo. Nas grandes instituições bilíngues e internacionais, não se vê uma sala sem no mínimo uma criança nascida em outro país. A escola americana Graded (Morumbi), a primeira internacional de São Paulo, tem alunos de 35 nacionalidades.

INTERNACIONAIS - Nos colégios internacionais, as diferenças vão além da língua. Segue-se o calendário e o currículo de outro país, permitindo ao aluno sair com um diploma brasileiro e outro estrangeiro. Diferentemente das bilíngues, porém, a abertura de escolas internacionais está estagnada. Criados para receber filhos de estrangeiros e de diplomatas ou executivos que mudam muito de país, hoje esses colégios atendem na maioria brasileiros interessados na fluência em um segundo idioma. Por isso, passaram a se preocupar mais com o vestibular brasileiro, já que grande parte dos alunos não pretende cursar faculdade fora. Mesmo sem crescer, a demanda por essas escolas continua alta. Para cada aluno matriculado, as escolas internacionais costumam ter outro na fila de espera -e isso com mensalidades custando a partir de R$ 2.000.



Folha de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP

Escolas tradicionais se tornam bilíngues

Colégios contam com a ajuda de consultores externos ou adquirem licenças de programas que já existem
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Para atender aos pais e alunos que querem uma boa formação no inglês, escolas tradicionais estão criando ou adotando programas bilíngues em seus currículos. Nessa mudança, os colégios contratam consultores ou adquirem licenças de programas já existentes. O colégio francês Emilie de Villeneuve, na Vila Mascote, fundado em 1955 pela congregação Irmãs Azuis, iniciou o ensino bilíngue em inglês e português em 2008. Antes obrigatórias, as aulas de francês viraram opcionais para dar mais espaço para o inglês. "Acompanhamos nosso tempo, e esse idioma é obrigatório", diz a diretora Luiza Cesca, a irmã Solange. A proposta contou com consultoria do colégio Playpen (Morumbi), um dos primeiros bilíngues da cidade. Hoje, o Emilie de Villeneuve oferece a educação bilíngue a 168 alunos do infantil e do fundamental. No total, a escola tem 1.456 alunos.

SYSTEMIC - Fundado em 1959, o colégio Friburgo/Casinha Pequenina (Granja Julieta) adotou neste ano o Systemic Bilingual. Criado pelas irmãs alagoanas Vanessa e Fátima Tenório, o sistema ensina inglês por meio de temas interdisciplinares -como dinossauros ou sistema solar. A carga do idioma estrangeiro no Friburgo é dada em cinco horas semanais de aulas, o que rende ao colégio o caráter de semibilíngue, segundo o Systemic. Antes de adotar o programa, o colégio passou a dar aulas de inglês com professores de um curso externo. Mas, para a direção, o sistema implantado agora foi o que deu melhor resultado. Em 2005, após 45 anos da sua fundação, o colégio Rio Branco -com unidades na capital e na Grande SP- adotou um currículo onde os alunos têm um terço da carga horária em inglês. Nas salas, há um professor regente, que ensina o conteúdo regular, e um polivalente bilíngue, que introduz o vocabulário em inglês a partir do conteúdo dado. "Oferecemos a interação com o inglês sem desprezar a cultura-mãe", diz Renata Condi, coordenadora de línguas estrangeiras. (RAPHAEL MARCHIORI, RAPHAEL SASSAKI e RODNEI CORSINI)

Folha de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP

É difícil achar bons professores, dizem colégios

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

"Faltam professores bem preparados para atuar em escolas bilíngues." A declaração de Helena Whitelock, 40, professora de ensino bilíngue há 15 anos, traduz a dificuldade dos diretores para encontrar bons profissionais. No cenário atual, as vagas são ocupadas preferencialmente por pedagogos. "Eles são especialistas na formação da criança, mas geralmente não têm sensibilidade para a aquisição da linguagem", diz Marina Freitas Silva, diretora da My School, na Pompeia. Também há espaço para graduados em letras, que, por lei, só podem dar aulas do segundo idioma na educação infantil. São profissionais formados para a aquisição da linguagem, mas que, por outro lado, não têm formação específica para o desenvolvimento infantil. Para suprir essas carências e trabalhar a alfabetização no contexto bilíngue, escolas como a Cidade Jardim/Playpen (Morumbi) e a Red Balloon do Pacaembu criaram seus próprios centros de formação de docentes. Antes de matricular as crianças, os pais devem se certificar sobre a fluência dos professores. "O bilinguismo não permite arestas no ensino do segundo idioma", diz o doutor em letras Alexandre Feldman. (RAPHAEL MARCHIORI, LUCIANO BOTTINI FILHO e GUILHERME VOITCH)





Folha de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP

Convênio traz "high school" ao Brasil

Sem sair do país, o estudante pode cursar o ensino médio norte-americano e se formar com dois diplomas
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sem nunca ter estudado no exterior, Lucas Terrafino, 14, poderá sair do ensino médio, em 2013, com os diplomas brasileiro e americano. Isso porque o Pio XII (Morumbi), onde estuda, tem o "high school" (ensino médio norte-americano) aliado ao currículo brasileiro. O programa é chancelado pela universidade Texas Tech e tem disciplinas como oratória, governo, economia e história americanas. Entre 2009 a 2010, cinco escolas na Grande São Paulo passaram a ter o curso conveniado à universidade texana -Pentágono de Alphaville, Dante Alighieri, Magno, São Miguel do Arcanjo e Pio XII. Outro curso "high school" na cidade, ligado à escola americana Keystone, existe desde 1999 na rede Pueri Domus. As matérias são dadas em inglês, mas a realidade brasileira não fica de lado.

"Os alunos estudam o governo local e, em oratória, fazem um discurso no papel de prefeito de São Paulo", exemplifica Rogério Abaurre, coordenador nacional do "high school" da Texas Tech. No Brasil, o exame para entrar no "high school" da universidade texana tem cerca de 70% de reprovação. "A maioria dos aprovados fez cursos de inglês por cinco ou seis anos. Mas, além disso, são alunos leitores, que se aplicam mais", diz Abaurre. Em São Paulo, a mensalidade nas escolas com programas "high school" custa de R$ 1.400 a R$ 3.500. Segundo a CI -agência de cursos no exterior-, fazer o "high school" nos EUA sai por ao menos R$ 20 mil o semestre, com alimentação e estadia incluídas. (RODNEI CORSINI)





Folha de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP

Aula em inglês exige um ensino integral

Lei determina que currículo básico seja em português, por isso aulas no segundo idioma demandam período extra

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

No ensino fundamental bilíngue, escrever na lousa "circulatory system" e "geometry" para ensinar disciplinas como biologia e matemática pode ter um preço: os alunos têm de passar mais tempo na escola. O aumento da carga horária é consequência da lei que exige que o currículo básico seja dado em português. Logo, as escolas bilíngues recorrem ao período estendido ou ao regime integral para ensinar em duas línguas. A grade pode ser montada de duas formas. Na primeira opção, a mesma disciplina é ensinada nos dois idiomas, mas sem repetir o conteúdo (currículo integrado). Na outra, o uso da língua estrangeira fica restrito às disciplinas que não fazem parte do currículo obrigatório, como música e teatro (currículo complementar).

A segunda opção, segundo Selma Moura, especialista em educação bilíngue, ainda é a mais comum. "Mas não é a mais recomendável", afirma. Se a criança já tem vocabulário satisfatório no segundo idioma, o currículo integrado é o mais indicado, de acordo com linguistas e educadores consultados. "O foco depende da escola, mas o uso do inglês apenas em disciplinas não obrigatórias não deve ser considerado bilíngue", diz Heloísa de Mello, professora da Universidade Federal de Goiás. (LUCIANO BOTTINI FILHO, RAPHAEL MARCHIORI E RAPHAEL SASSAKI)


Folha de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP

Internacionais se preocupam com vestibular do Brasil
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Todo final de ano letivo nas escolas internacionais, as turmas do último ano do ensino médio dividem-se. Metade aproveita as vantagens do diploma estrangeiro e segue para estudar fora. Outra parte fica e tenta entrar em faculdades brasileiras. Marina do Nascimento, 17, estudante da Chapel School (Chácara Flora) é da turma que pretende estudar fora. A seu favor, ela tem o currículo norte-americano e as aulas de IB (leia mais ao lado). "Estou selecionando cartas de recomendação dos professores e desenvolvendo uma tese sobre "slam poetry" (competição de poesia)."
Caio Augusto Rios Feola, 17, quer ser médico e decidiu ficar no Brasil. Vai prestar USP, Unicamp e UFRJ. Ele também cursa o IB. Como optou pelo vestibular brasileiro, Caio acredita que um reforço em história, geografia e literatura brasileiras pode ser necessário, por isso vai fazer mais aulas dessas disciplinas. "O conteúdo foi passado, mas talvez tenhamos que focar em como ele cai no vestibular", afirma. Tanto na Chapel quanto na também americana Graded (Morumbi), o aluno pode escolher o foco que quer dar à sua formação no ensino médio. "Não deixamos de lado as disciplinas do currículo brasileiro e ainda temos aulas que contemplam conteúdos de interesses específicos", diz Lika Kishino, coordenadora de comunicação e de ex-alunos da Graded. (GUILHERME VOITCH)



Folha de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP

Escola que não vira bilíngue amplia inglês

Alternativas mais comuns são expandir a carga horária do idioma ou usá-lo em atividades extracurriculares
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Sem oferecer um ensino tão intensivo quanto os bilíngues, alguns colégios tradicionais de São Paulo ampliaram as aulas de inglês para que os seus alunos não tenham de procurar cursos de idiomas fora da escola. "Por que não oferecer isso na própria escola?", diz Maria Claudia Martins, coordenadora de inglês da Projeto Vida, em Santana. Neste ano, a escola implantou um programa com 30 minutos de inglês ao dia para alunos de três a seis anos. Em 2011, a carga horária será expandida para mais anos do ensino fundamental. As escolas com mais aulas de inglês costumam integrar o idioma a outras atividades. "A hora do lanche e visitas a parques podem ser acompanhadas pela professora de inglês", diz Maria Claudia.

Na Móbile (Moema), o aluno pode ter até sete horas por semana de contato com o idioma no integral, que é opcional. "Essas crianças são mais desafiadas, com resultados no período regular também", diz Cláudia Amorin, coordenadora. No Vera Cruz (Pinheiros), o inglês também é dado no contraturno -tanto para alunos do colégio como para outros estudantes. "Como o curso é oferecido em outro horário, isso nos dá uma flexibilidade. No 6º ano, por exemplo, conseguimos dividir grupos de até quatro ou cinco níveis de inglês", diz Joana Guidolin, coordenadora do Inglês Vera Cruz. O colégio usa o idioma de forma interdisciplinar, com ciências, dramatização e música, da mesma forma que as escolas bilíngues. (LUCIANO BOTTINI FILHO e RODNEI CORSINI)





Folha de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP

Bilíngues que dão outros idiomas recebem cada vez mais brasileiros

COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

Fundadas por imigrantes para seus filhos, escolas bilíngues que dão aulas em idiomas diferentes do inglês têm entre os alunos cada vez mais brasileiros sem nenhuma ligação com estrangeiros. A escola Suíço-Brasileira, no Alto da Boa Vista, é bilíngue em alemão e tem cerca de 70% de alunos de origem brasileira. Situação similar vive o Miguel de Cervantes (Morumbi). Criado por espanhóis em 1978, menos de um quarto de seus alunos tem ascendência hispânica. Apesar do predomínio de brasileiros, a identificação com o país de origem dos fundadores continua presente nesses colégios. O Cervantes, por exemplo, mantém a aula de cultura espanhola.

A OEN (Organização Educacional Nippaku), na Vila Mariana, foi fundada em 1932 como uma escola de corte e costura que preparava japonesas para casar. Hoje, tem ensino bilíngue em japonês e atrai interessados na cultura nipônica. Alguns desses colégios têm currículos que permitem que os alunos sigam os estudos fora do país. Riccardo Valente, 18, cursa o 4º ano do liceo (equivalente a um 4º ano do ensino médio) na escola italiana Eugenio Montale (Morumbi). "Já morei na Itália, onde pude fazer meus estudos normalmente", diz ele, que é o primeiro da família a ter nascido no Brasil. No Humboldt (Interlagos), fundado em 1916, as turmas para quem fala alemão ou português como primeira língua são separadas. O ensino é bilíngue, mas a alfabetização é feita, primeiro, no idioma materno do aluno. (RAPHAEL SASSAKI e RODNEI CORSINI)

Registre as histórias, fatos relevantes, curiosidade sobre Paulo Amaral: rasj@rio.com.br. Aproveite para conhecê-lo melhor em http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas3/b277b.htm

Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar