terça-feira, 10 de junho de 2008

Dia dos Namorados e Contra o Trabalho Infantil

Jornal do Commercio – Carreiras – 06, 07 e 08.06.08 – B-20
ENGEL PASCHOALTrabalho infantil, medida da cidadania
Além de Dia dos Namorados, o 12 de junho é também o Dia Mundial contra o Trabalho Infantil. A data foi criada em 2002 pela Organização Internacional do Trabalho (OIT).
Infelizmente, o trabalho infantil é comum no mundo inteiro. Em 2005, a OIT calculava em 250 milhões o total de crianças e adolescentes, com idades entre 5 e 17 anos, que trabalhavam. Em meados daquele ano, foi noticiada a libertação de 446 crianças e adolescentes escravizados em fábricas de Mumbai, Índia, onde mais de 60 milhões de meninos e meninas trabalhavam em jornada integral. A maioria dos jovens, com idades entre 6 e 14 anos, era obrigada a executar tarefas de 10 a 15 horas diárias em pequenas empresas de bordado, couro e alimentação. Recebiam salários muito baixos e eram ainda torturados pelos patrões.Ganhamos mais sem crianças trabalhando.Segundo estudo da OIT divulgado em fevereiro de 2004, o Brasil, se eliminasse o trabalho infantil, teria, em 20 anos, um lucro de US$ 117,5 bilhões pelo avanço causado por uma geração mais produtiva, bem-educada e sadia. O lucro representaria dez vezes os custos da eliminação desse tipo de trabalho, estimados em US$ 13,6 bilhões, nos quais já estavam incluídos US$ 3,9 bilhões gerados por mais de 4,5 milhões de crianças entre 5 e 15 anos que trabalhavam no país na época.Fica mais fácil entender o lucro de US$ 117,5 bilhões com a eliminação do trabalho infantil quando sabemos que, para trabalhar, a criança deixa de ir à escola. No entanto, Ruy Pavan, que na época em que o estudo foi divulgado era oficial de projetos do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) e coordenador do escritório da organização em Salvador (BA), alertava: "Muitas vezes pode parecer fácil responsabilizar as crianças ou as famílias porque os meninos não vão à escola. Aí vamos conhecer a escola: é um lugar abafado, apertado, não há livros, os banheiros estão quebrados. A escola ruim expulsa as crianças das salas de aula, com sua pedagogia não contextualizada e superada, sem as mínimas condições de infra-estrutura e professores pouco ou mal formados" (RedeGIFE, boletim do Grupo de Institutos, Fundações e Empresas, 2/5/05).O irônico é saber que em 2001 uma comissão formada pelo governo brasileiro, empresários e trabalhadores definiu em 82 as piores formas de trabalho infantil no país. Com isso, nenhuma criança ou adolescente podia trabalhar nas áreas especificadas até completar 18 anos. A lista decorria de determinação da convenção 182 da OIT, que o Brasil havia ratificado em 2000.As 82 piores formas de trabalho infantil levavam em consideração os riscos para as crianças. Entre elas estavam trabalhos na construção civil, indústrias de cerâmica, olarias nas áreas de fornos ou com exposição à umidade excessiva, destilarias ou depósito de álcool, câmaras frigoríficas, lavanderias industriais, serralherias e indústrias de móveis, casas de farinha de mandioca, manguezais e em qualquer atividade ligada à cana-de-açúcar.Trabalho infantil cresceu em 2005. Em setembro de 2006, o IBGE divulgou estudo informando que o número de crianças de 5 a 14 anos que trabalhavam no Brasil em 2005 tinha crescido 10,3% em relação a 2004. O aumento se devia à agricultura, que, em 2005, era o setor responsável por 76,7% das crianças de 5 a 9 anos de idade que estavam ocupadas no país. Este aumento ocorreu depois de 14 anos de queda do trabalho infantil.Em fevereiro de 2005, relatório divulgado pela seção britânica do Unicef dizia que uma em cada 12 crianças no mundo era vítima das piores formas de exploração do trabalho infantil. Segundo o relatório, cerca de 352 milhões de crianças entre 5 e 17 anos eram vítimas em algum tipo de exploração de mão-de-obra em todo o mundo. Daquele total, 211 milhões trabalhavam em suas próprias casas ou no campo.Ainda segundo o estudo, 180 milhões de crianças estavam nas chamadas piores formas de trabalho: tarefas de risco, escravidão, trabalhos forçados, recrutamento em exércitos, exploração sexual e outras atividades ilegais. E o relatório mostrava que nenhum país escapava ao trabalho infantil, pois até mesmo nos EUA havia entre 300 mil e 800 mil crianças trabalhando em granjas, a maioria descendentes de famílias hispânicas.Não sei quantos vão concordar comigo, mas nenhum país pode ser socialmente responsável se tiver trabalho infantil.* Com Lucila Cano

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Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar