quarta-feira, 12 de janeiro de 2011

Felicidade Interna Bruta

Jornal do Commercio - JC & Carreira - 07.01.2011 - B16
Prosperidade é...

Por Lucila Cano
No momento em que damos as boas-vindas a um novo governo, acredito que seja oportuna a releitura do conceito de FIB (Felicidade Interna Bruta) e de seus indicadores.

Tomei conhecimento da expressão Felicidade Interna Bruta em 2008, no boletim eletrônico do Instituto Ethos. Assim como o IDH (Índice de Desenvolvimento Humano), adotado pela Organização das Nações Unidas, poderia dizer que o padrão FIB amplia as possibilidades de uma medida qualitativa e mais efetiva da condição social de um país.

Na prática, o IDH considera o PIB (Produto Interno Bruto) per capita, a longevidade e o nível educacional da população. Registra os índices de analfabetismo e as taxas de matrícula em vários graus do ensino. Por si só, o IDH representa uma evolução perante outros medidores de desenvolvimento.

O FIB avança no sentido de aferir que a prosperidade não se instala só pelo crescimento da economia, mas pelo progresso geral da sociedade em um conjunto de itens muito além do dinheiro.

Do Butão para o mundo
A proposta do FIB surgiu em 1972, por obra do monarca do Butão, um pequeno país da Ásia, e logo se propalou para o mundo. Em outubro de 2008, na I Conferência Nacional sobre FIB no Brasil, Karma Dasho Ura, representante do Butão, afirmou que “a felicidade das pessoas deve ser o objetivo das políticas públicas do governo”.

Na oportunidade, ele também esclareceu a composição do FIB, a partir da análise de 73 variáveis que mais contribuem para o alcance do bem-estar da população. Essas variáveis foram sintetizadas em nove itens: bom padrão de vida econômico, gestão equilibrada do tempo, bons critérios de governança, educação de qualidade, boa saúde, vitalidade comunitária, proteção ambiental, acesso à cultura, bem-estar psicológico.

Quando encarados como indicadores da satisfação social de um país, esses termos podem revelar as áreas que mais necessitam de cuidados. Ou seja, o FIB pode sim ser ferramenta para o aprimoramento da gestão pública.

Indicadores de qualidade
Para que haja bom padrão de vida econômico, deve-se promover a avaliação dos bens e serviços oferecidos à população, além da renda propriamente dita. Essa variável inclui o nível de endividamento e as condições habitacionais das famílias.

Quanto tempo a população dedica ao trabalho, à família e à cultura? A satisfação pessoal dos indivíduos resulta do equilíbrio desse tripé.

Por bons critérios de governança, recomenda-se entender como a população enxerga o governo do país quanto a características básicas e indispensáveis: responsabilidade, honestidade e transparência.

A educação é indicador preciso da realidade de um país. Segundo o FIB, é preciso identificar o crescimento das taxas de alfabetização e do acesso ao ensino em seus diversos níveis. Mas não só isso. A eficácia da educação deve ser igualmente aferida.

O FIB avalia a saúde em sua totalidade e inclui, desde a expectativa de vida até informações sobre nutrição, práticas de amamentação e condições de higiene, por exemplo. Lembro que, só nesse quesito, mais de 50% da população brasileira não dispõem de saneamento básico.

A vitalidade comunitária é constatada pelo grau de identidade entre os habitantes e pelas interações comunitárias, como o voluntariado.

Quanto à proteção ambiental, os indicadores do FIB registram o estado dos recursos naturais, as pressões sobre os ecossistemas, a diversidade e a capacidade de recuperação ecológica.

Por sua vez, o acesso à cultura deve ser medido não só pela diversidade e o número de ofertas culturais, mas também pelos costumes locais, tradições e mudanças.

Finalmente, para se ter uma noção do bem-estar psicológico, é preciso saber o grau de satisfação e de otimismo que cada indivíduo tem em relação à sua própria vida.

Condensei as informações sobre o FIB em função do espaço desta coluna. Para quem quiser saber mais, sugiro uma visita ao site http://www.felicidadeinternabruta.com.br/

* Homenagem a Engel Paschoal (7/11/1945 a 31/3/2010), jornalista e escritor, criador desta coluna. 

Registre as histórias, fatos relevantes, curiosidade sobre Paulo Amaral: rasj@rio.com.br. Aproveite para conhecê-lo melhor em http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas3/b277b.htm

Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar