quinta-feira, 2 de janeiro de 2014

Cresce a exigência por seguro D&O

Valor Econômico – Finanças - 02/01/2014 – p. C1 Apólice é pré-condição para profissional aceitar cargo Por De São Paulo A existência de um seguro de responsabilidade de administradores (D&O, na sigla em inglês) é hoje condição essencial para que executivos e conselheiros aceitem ocupar uma posição em qualquer companhia. "Executivos só se sentem confortáveis em fazer a gestão de uma empresa que faz a contratação do seguro", diz Ana Albuquerque, gerente de linhas financeiras da Zurich Seguros. Um conselheiro de administração que ocupa assentos em diversas companhias afirma não aceitar o convite para compor o conselho de uma empresa sem um contrato de D&O. "Se houver uma investigação relativa a uma decisão da qual eu fui parte, tenho que, no mínimo, arcar com os custos de defesa. Ainda que eu seja inocentado, é uma despesa altíssima e um risco que não dá pra se assumir 'do bolso'." O conhecimento sobre esse tipo de seguro já está tão difundido que os executivos passaram também a fazer exigências sobre as condições das apólices contratadas pelas empresas. Ana conta o caso de uma instituição financeira que contratou o D&O dentro de seu programa mundial de seguros, mas que os executivos da operação local exigiram também uma apólice feita aqui. "Os executivos colocaram seus cargos a disposição do presidente caso eles não contratassem também um seguro local", conta a executiva. Alexandre Zuvela, diretor da firma de recrutamento de executivos Michael Page, afirma que a responsabilidade dos executivos na gestão de riscos tem sido reforçada pelas próprias empresas. Uma pesquisa realizada pela empresa mostra que, entre março de 2012 e março de 2013, o número de contratações de executivos estatutários aumentou em 10%. O diretores estatutários, além de não terem vínculos empregatícios com a empresa que os contrata, podem ser responsabilizados civilmente por eventuais desvios. De acordo com Zuvela, o aumento nesse tipo de contratação de executivos também tem impulsionado o mercado de D&O. "Em muitos casos de contratações que mediamos aqui, o executivo só aceita ser contratado de forma estatutária se tiver o D&O. Há dois anos, isso não acontecia", afirma. Segundo o diretor da Michael Page, a demanda dos executivos por esse tipo de seguro, que antes era mais restrita ao segmento de bancos, passou a se disseminar por outros setores, notadamente aqueles em que há relação direta com o consumidor final, como telefonia e varejo. "Esses segmentos estão mais expostos a reclamações por parte dos consumidores. Mas há um aumento geral no quesito de percepção de riscos", ressalta. Ouro público que está comprando mais essa apólice são as gestoras de recursos e as corretoras de valores mobiliários, segundo Lucas Scortecci, gerente de produtos financeiros da AIG Brasil. "É um público que lida com elevadas quantias de dinheiro e grandes investidores, muitas vezes estrangeiros, que têm uma cultura de 'reclamação' maior", afirma. Segundo ele, desde a crise de 2008 cerca de 2.500 fundos de investimentos foram liquidados no mundo, o que gerou uma série de prejuízos para os investidores desses fundos e de litígios para os gestores. "Boa parte dos investidores é composta por fundos de pensão, que administram recursos para pagar benefícios de aposentadoria, o que torna a perda desse dinheiro bem crítica", diz o gerente da AIG. A estrutura do seguro de D&O também tem sido adaptada para novos arranjos jurídicos de negócios, como consórcios montados para explorar projetos de infraestrutura, sociedades de propósito específico (SPE) e condomínios. "Isso é algo complicado para as seguradoras, porque são entidades com uma vida útil delimitada, que vai durar o tempo de construção de uma obra, por exemplo", explica Paulo Baptista, líder da prática de fusões e aquisições da corretora de seguros Marsh Brasil. (NV e TF)

Setor de educação e mercado de capitais

Jornal Valor Econômico – Empresas – 02.01.2014 – B3 Ano começa com IPOs e aquisições no horizonte Por Beth Koike | De São Paulo O ano de 2013 foi marcado por negócios com cifrões vultosos e recordes no setor de educação e 2014 começa com a promessa de mais operações. Os grupos de ensino movimentaram R$ 5,3 bilhões em aquisições e captaram mais de R$ 1 bilhão em duas ofertas iniciais de ações (IPO). Houve ainda o anúncio da fusão entre Anhanguera e Kroton que juntas formarão a companhia de ensino com o maior valor de mercado - cerca de R$ 12 bilhões - do mundo. Há outros negócios relevantes que podem ser concretizados neste ano. Entre eles, estão por exemplo, o IPO do Cruzeiro do Sul, a abertura de capital ou venda do braço de educação do Grupo Positivo, além do Ibmec e do grupo Uninter que são alvos constantes de investidores. No total, 20 operações foram anunciadas nos últimos 12 meses. Os destaques foram transações envolvendo empresas de ensino superior e de cursos de idiomas. O ano de 2013 começou aquecido com a Abril Educação anunciando, em fevereiro, a compra da rede de escolas de inglês Wise-Up por R$ 877 milhões. Dois meses depois, Anhanguera e Kroton surpreenderam o mercado com uma fusão que cria um grupo educacional com faturamento de mais de R$ 4 bilhões e 1 milhão de alunos. Além da magnitude, a transação chamou atenção porque foi fechada em apenas uma semana e envolveu um outro player do setor, a Estácio, que também negociou com a Anhanguera. A fusão entre as duas maiores empresas de educação do país motivou a Estácio, do Rio, a ir em busca de novos negócios para não ficar para trás, principalmente, no segmento de ensino a distância em que a Kroton é líder. Nesse processo, o grupo carioca passou por grandes transformações. Em setembro, adquiriu a UniSEB, do empresário Chaim Zaher, por R$ 615 milhões numa transação com o maior múltiplo já fechado no setor - R$ 16,2 mil por aluno. Poucos dias depois, outra surpresa. Chaim tornou-se o maior acionista da Estácio com uma fatia de 10%. Para chegar a esse percentual, o empresário comprou 4% das ações que estavam nas mãos da GP Investimentos e mais 0,3% de papéis em circulação no mercado. Essas ações se somaram à fatia de 5,7% da Estácio que Chaim recebeu como pagamento pela venda da UniSEB. Ainda no segundo semestre, a americana Laureate levou por R$ 1 bilhão a FMU, a noiva mais cortejada do setor devido à forte presença em São Paulo, onde tem cerca de 40 campi. Do montante total a ser usado para essa aquisição, R$ 500 milhões virão de recursos internacionais da Laureate, R$ 250 milhões serão do caixa da unidade brasileira do grupo educacional e o restante, de financiamento bancário, segundo fontes do setor. Há oito anos no Brasil, a Laureate já fez 12 aquisições, como a Anhembi-Morumbi e Uninorte, que demandaram investimentos de aproximadamente R$ 2 bilhões. Outro grupo americano que rondou a FMU foi o Apollo, que há anos tenta entrar no mercado brasileiro. Dono da University of Phoenix e com uma receita líquida na casa dos US$ 4 bilhões, o Apollo enxerga o país como promissor tendo em vista que menos de 10% da população brasileira tem diploma de ensino superior. Os estrangeiros assinaram outro cheque gordo no começo de dezembro. A britânica Pearson adquiriu o Grupo Multi, holding que reúne 10 escolas de idiomas e profissionalizantes como Wizard, Yázigi, Bit Company e Microlins, em uma operação de quase R$ 2 bilhões. Essa transação foi a maior compra do setor de educação. Até então, o negócio de maior valor havia sido a compra da Unopar pela Kroton por R$ 1,3 bilhão em dezembro de 2011. Às vésperas do Natal, quando já se imaginava que não haveria mais tempo para mais uma operação, a Ser Educacional informou que está negociando a aquisição da Universidade da Amazônia e do Centro Integrado Tapajós, ambos no Pará, por R$ 152 milhões. Em um ano de incertezas sobre o rumo da economia, duas companhias de ensino superior - Anima e Ser Educacional - abriram o capital levantando mais de R$ 1 bilhão. A Anhanguera, Estácio e Kroton fizeram seus IPOs em 2007 e a Abril Educação, há dois anos. O ano de 2013 também foi marcado pela saída das gestoras de private equity do capital das companhias de educação que participaram da primeira onda de IPOs em 2007. Após dez anos, o Pátria se desfez de sua participação de 25% na Anhanguera. A GP Investimentos, que detinha cerca de 20% da Estácio, vendeu 4% para Chaim e o restante no mercado. O mesmo caminho seguiu a americana Advent que chegou a ter uma fatia de 25% da Kroton. A BR Investimentos também diminuiu sua presença no capital da Abril Educação em março, quando a companhia fez uma oferta primária e secundária para captar R$ 600 milhões. Em todos os casos, as gestoras conseguiram expressivos retornos financeiros tendo em vista o bom desempenho do setor. No acumulado de 2013, até sexta-feira, as companhias listadas na bolsa tiveram as seguintes valorizações: Kroton (71,3%), Estácio (48,5%) e Anhanguera (27%). No mesmo período, o Ibovespa amargou perda de 16,9%. A Abril Educação, por sua vez, terminou o ano com desvalorização de 16,9% devido, principalmente, à desconfiança dos analistas que consideraram elevado o valor de R$ 877 milhões pago pela Wise-Up. Além disso, poucos meses depois da aquisição, o fundador da rede de escolas de idiomas, Flávio Augusto, deixou a presidência da empresa, o que acabou criando certa sensação de insegurança no mercado sobre o futuro do negócio. A Abril Educação contratou executivos de empresas concorrentes como Englishtown e CNA para substituí-lo. Mas, mesmo com queda nas ações, a Abril Educação vem sendo constantemente procurada por fundos de investimento. O assédio tornou-se ainda maior após a morte do controlador do Grupo Abril, Roberto Civita, em maio. Ele tinha uma posição firme e contrária à venda de sua empresa de educação a estrangeiros, segundo fontes do setor. As gestoras de fundos de private equity não divulgam seus ganhos, mas por alguns números é possível ter uma dimensão. Por exemplo, a GP fez um aporte na Estácio de R$ 280 milhões em 2008 e no ano passado, ao vender 4% de suas ações, levantou cerca de R$ 200 milhões. Na Kroton, os números são ainda mais expressivos. Em setembro, a Advent vendeu menos de 2% de suas ações por R$ 200 milhões. A gestora americana fez dois aportes na Kroton, um no valor de R$ 280 milhões em 2008 e outro, cuja quantia não foi revelada, para aquisição da Unopar - a Kroton pagou R$ 1,3 bilhão pela Unopar em 2011. Em 2013, outro destaque foram os negócios envolvendo o segmento de cursos de idiomas on-line. O Brasil é um dos mercados prioritários para diversas empresas. Para abocanhar uma fatia desse segmento muitos grupos estão fazendo aquisições de empresas com boa plataforma tecnológica. Nessa toada, um dos destaques foi a empresa americana de cursos on-line Rosetta Stone, que somente neste ano investiu US$ 71 milhões para adquirir quatro negócios. Com receita global de US$ 275 milhões em 2012, a Rosetta Stone tem três milhões de alunos estudando idiomas em sua plataforma tecnológica no Brasil. A Pearson e Abril Educação também fizeram aquisições de empresas de tecnologia no ano passado para fortalecer a presença no segmento de cursos ministrados pela internet. A empresa da família Civita também comprou duas escolas por mais de R$ 230 milhões.

Registre as histórias, fatos relevantes, curiosidade sobre Paulo Amaral: rasj@rio.com.br. Aproveite para conhecê-lo melhor em http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas3/b277b.htm

Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar