terça-feira, 29 de março de 2011

Portugal como país mais pobre e menos escolarizado da Europa Ocidental

Valor Econômico - Especial - 26.03.2011 - A-16
Crise
Força de trabalho no país sofre com falta de preparo, cortes de gastos públicos devempiorar a situação
Educaçao ruim perpetua atraso português
Charlie Forelle
The Wall Street Journal

Isaabel Fernandes, uma animada jovem de 22 anos com uma constelação de estrelas tatuadas em torno de seu olho direito, não tem certeza de quantas vezes repetiu a quinta série. Duas, diz ela, com uma risada, talvez três. Ela repetiu a sétima série também. Isabel abandonou a escola após cursar a oitava série, aos 20 anos de idade.
Ela mora num bairro pobre perto do aeroporto. E não trabalha. Os empregadores, diz ela, "estão exigindo formação superior". Até mesmo empregos de limpeza estão difíceis de encontrar.

Portugal é o país mais pobre da Europa Ocidental. É também o menos escolarizado - e isso veio à tona como uma dolorosa vulnerabilidade em meio à sua crescente crise econômica.

Na noite de quarta-feira, a crise econômica tornou-se uma crise política. O Parlamento português rejeitou o plano de cortes de gastos e aumentos de impostos do premiê José Sócrates. Sócrates apresentou sua demissão. Ele permanecerá interinamente até que um novo governo seja formado.

Sem os cortes orçamentários, é quase certo que Portugal necessitará ajuda internacional. O país ficará sem dinheiro neste ano, caso não haja dinheiro novo, e os mercados estão cobrando taxas punitivas para conceder empréstimos.


Isso deixou os líderes da União Europeia (UE), reunidos em Bruxelas na quinta, atabalhoados para montar planos de contingência para o que poderá ser o terceiro socorro na zona do euro, após as ajudas a Grécia e Irlanda.

O estado do ensino em Portugal diz muito sobre por que um socorro será provavelmente necessário e por que um socorro seria caro e difícil. Portugal, simplesmente, precisa gerar suficiente crescimento econômico no longo prazo para zerar seu grande endividamento. Uma força de trabalho não qualificada torna isso difícil.

A mão de obra barata que no passado sustentou a indústria têxtil em Portugal desapareceu - foi para a Ásia. Os países que antes pertenciam ao bloco oriental e aderiram em massa à UE em 2004 demandam salários mais baixos e têm maior escolaridade. Eles vêm atraindo os empregos de maior qualificação.

Apenas 28% da população portuguesa entre 25 e 64 anos tem curso médio completo. Na Alemanha, são 85%; na República Tcheca, 91%; e nos EUA, 89%.

"Não vejo como Portugal vá crescer sem educar sua força de trabalho", diz Pedro Carneiro, hoje economista do University College, de Londres, mas que já havia deixado Portugal para fazer sua pós-graduação nos EUA. Os problemas do ensino em Portugal mostram a extensão do desafio europeu ao tentar aprumar-se em meio à crise da dívida soberana.

Um rápido e doloroso corte orçamentário, como os aplicados em todo o continente, é o primeiro passo. Mas o segundo é bem mais difícil e levará muito mais tempo. Os 17 países interligados pelo euro têm níveis extremamente distintos de desempenho econômico. A menos que o abismo seja reduzido, as pressões que fizeram com que os mais fracos entre eles acumulassem grandes volumes de endividamento que têm dificuldade para honrar sem dúvida ressurgirão.

A melhoria da escolaridade em Portugal não virá rapidamente. Fortes cortes em seus gastos com educação tornarão a tarefa mais difícil. E mesmo que haja melhorias, a colheita dos benefícios poderá levar anos.

Grécia e Irlanda, dois países da UE que foram socorridos, chegaram relativamente rápido à beira do abismo: a Grécia se perdeu após revelações de que tinha subestimado grosseiramente a precária situação fiscal do governo; a Irlanda imolou-se numa orgia de especulação imobiliária.

A crise em Portugal, ao contrário, chegou à fervura em fogo lento. Durante uma década, o crescimento de português ficou aquém da média na zona do euro. Setores tradicionais, como a colheita de cortiça e a costura de calçados não poderiam energizar o país inteiro. O boom tecnológico de meados da década de 2000 passou praticamente ao largo de Portugal.

Apesar disso, os portugueses gastavam. A economia - governo e setor privado, reunidos - tinha um déficit acumulado, em relação ao resto do mundo, superior a € 130 bilhões na década passada. O Estado não tem um orçamento equilibrado, que dirá um superávit, há mais de 30 anos.

O resultado é uma pilha de endividamento. A dívida do governo, em parte dívida interna, deverá se aproximar de 90% do Produto Interno Bruto (PIB) neste ano. A economia como um todo - os setores público e privado -, tem uma dívida externa equivalente a mais de dois anos de produção econômica.

Antes de seu revés nesta semana, o premiê José Sócrates tinha conseguido que o Parlamento aprovasse alguns cortes no orçamento, sob pressão de outros países da zona do euro. Mas em entrevista antes da crise político de quarta-feira, Sócrates deixara claro que o investimento em educação é uma prioridade, apesar dos custos. Tranquilizar os mercados financeiros é importante, disse ele, mas o país não deve "perder sua estratégia e visão".

Apenas 28% dos portugueses entre 25 e 64 anos têm curso médio completo; na Alemanha, são 85%

Há evidências substanciais, de outros países, de que o ensino confere amplos benefícios econômicos. Uma geração atrás, a Irlanda era um dos países mais pobres na UE. Mas alocou subsídios da UE ao ensino técnico e renovou-se, transformando-se em destino de empregos de alta tecnologia, duplamente atraente devido a baixos impostos. A Irlanda é agora, mesmo depois de uma crise bancária brutal, um dos países mais ricos da Europa.

"Eles tinham uma força de trabalho suficientemente escolarizada para que pudessem converter-se em uma economia de base tecnológica - e eles partiram do zero", diz Eric Hanushek, professor da Universidade Stanford.

Hanushek e um professor da Universidade de Munique estabeleceram um vínculo entre crescimento do PIB e desempenho da população em testes padronizados. Eles estimam que a taxa de crescimento econômico portuguesa de longo prazo seria 1,5 ponto percentual maior se o país tirasse as mesmas notas que os superescolarizados finlandeses.

O ensino sempre ficou em segundo plano, aqui. "Países meridionais, como Portugal e Espanha - e o sul da França e a Itália -, sempre tiveram alguns problemas relacionados com a educação", diz António Nóvoa, historiador que é reitor da Universidade de Lisboa. "Tem sido assim desde o Século XVI."

A repressão da ditadura que governou Portugal de 1926 a 1974 defendia que "as pessoas não devem ter ambição de serem diferentes do que são", diz Nóvoa. O resultado foi analfabetismo generalizado e escassa escolaridade formal; apenas três anos eram obrigatórios. Enormes saltos foram dados desde a década de 1970, diz ele, mas "não é fácil mudar uma história de cinco séculos"

Portugal recém-instituiu 12 anos de escolaridade mínima; hoje, os portugueses podem abandonar os estudos depois da nona série. Muitos o fazem. O governo diz estar acelerando as reformas. Sócrates cita uma iniciativa que dá aos alunos computadores portáteis e um projeto de grande alcance de reconstrução de prédios escolares degradados. Os resultados para o ano passado mostram melhorias dos alunos em testes padronizados.

Mas é uma longa estrada. "Nós acumulamos anos e anos de pessoas ignorantes", diz Belmiro de Azevedo, um industrial bilionário.

Ele descreveu o sistema como "calcificado". O governo central exerce um controle rígido. Os currículos são a um só tempo pouco exigentes e rígidos. As taxas de desistência são elevadas. As escolas têm dificuldades para acomodar um afluxo de imigrantes das ex-colônias de Portugal na África, como Cabo Verde e Guiné-Bissau.

Uma iniciativa de avaliação de professores deflagrou greves e manifestações desgastantes em 2008, azedando as relações entre os poderosos sindicatos de professores e o governo. A vida política dos ministros de Educação é medida em meses - desde a que a ditadura terminou, em 1974, foram 27 ministros.

Para os críticos do sistema, uma discussão que vem sendo travada em torno das escolas semiparticulares é emblemática do que está errado. Com orçamentos apertados, o governo impôs cortes profundos nas escolas que estão à margem do controle estatal - pouco importando que algumas estejam entre as melhores.

A estrada ao norte de Lisboa eleva-se suavemente do estuário do rio Tejo e atravessa vales de pinheiros e campos de trevos amarelos. Cerca de 50 quilômetros à frente, no município de Torres Vedras, a população distribui-se rarefeita por pequenas cidades que salpicam as estradas sinuosas rumo ao oceano.

Numa das cidades, A Dos Cunhados, a escola local não é administrada pelo governo nem a ele pertence. Sua gestão está a cargo da Igreja Católica, num arranjo que remonta ao fim da ditadura, quando o Estado Novo português descobriu que não dispunha de instalações suficientes.

No Externato de Penafirme, como em 90 outras escolas que funcionam nos termos dos chamados "contratos de associação", o Estado paga uma taxa de gestão a uma entidade privada que cumpre, em linhas gerais, o programa do Estado, mas contrata seus próprios professores.

O vice-diretor, Carlos Silva, antes deu aulas de química na rede pública de ensino. Ele foi realocado a quatro escolas em quatro anos. Frustrado, demitiu-se e entrou para um seminário. Depois, como padre, pediu ao bispo para retornar às salas de aula e foi alocado no Externato de Penafirme.

Em vez de receberem professores de uma lista, padre Silva e outros gestores dessas escolas semiparticulares selecionam seus próprios mestres. Eles adequam os currículos, acrescentando, por exemplo, mais instrução religiosa. Eles montam equipes de professores responsáveis por alunos e tentam resgatar aqueles inclinados a desistir.

"Nós fazemos um esforço enorme para levá-los, todos, até o final", diz José Mendes, administrador da escola. As notas obtidas por Penafirme nos testes a colocam entre as 15 melhores escolas secundárias em nível nacional. É a melhor em Torres Vedras.

Seus defensores dizem que as escolas sob gestão particular injetam uma dose necessária de pensamento renovado. "Precisamos manter um sistema diversificado", diz Eduardo Marçal Grilo, um ex-ministro da Educação.

Se há uma escola pública e uma privada no mesmo lugar, diz ele, "vamos ver qual é a melhor e, se a melhor for particular, o Estado pode fechar a pública e dar apoio à particular".

Mas em novembro os sacerdotes de Penafirme sofreram um choque. Enfrentando problemas financeiros - o orçamento do governo para a educação diminuiu 11% neste ano -, o Ministério da Educação disse que irá cortar de, em média, € 114 mil por turma, para € 80 mil, a verba que subsidia os contratos de associação. O padre Silva diz que gasta € 85 mil por turma apenas em salários e benefícios.

Para a atual ministra da Educação, Isabel Alçada, "não é justo" direcionar seus escassos recursos para entidades privadas, como Penafirme, enquanto as escolas públicas regulares têm necessidades graves. O que era antes um programa destinado a preencher lacunas transformou-se em "competição", reclama ela, na qual as operadoras privadas configuram trajetos de ônibus para atrair alunos.

Confrontado com os cortes, grupos de pais e alunos organizaram-se. Em dezembro, 4 mil pessoas deram-se as mãos formando um grande círculo em torno do campus de Penafirme. As imagens chegaram à TV. Surgiu um grupo no Facebook.

O ensino sempre ficou em segundo plano. "É assim desde o Século XVI", diz o reitor da Universidade de Lisboa

Em janeiro, houve uma greve três dias de alunos de dezenas de escolas sob gestão privada. Para dramatizar a alegação de que os cortes significariam a morte de suas escolas, pais e alunos de 55 colégios transportaram caixões até Lisboa e os colocaram na divisória central à frente do Ministério da Educação.

No mês passado, o Ministério da Educação cedeu um pouco, aceitando restaurar, neste semestre, parte dos recursos cortados.

Paulo Gonçalves, vendedor da Hewlett-Packard que atende o mercado empresarial e é presidente da associação de pais do Penafirme, diz que a flexibilização foi uma vitória, mas é preciso mais dinheiro para manter a alta qualidade suficiente para preparar os estudantes para uma faculdade. "Se você conquistar um diploma, em Portugal, ganhará mais ou menos o dobro dos não diplomados", diz ele. "Isso é o que eu ensino os meus filhos."

Isso é particularmente verdadeiro com o desemprego superior a 11%. "Com a crise, temos de ir à universidade", diz Sophie Alves, que em breve irá se formar em Penafirme e pretende estudar terapia ocupacional em uma faculdade. Só com um diploma ginasial, "não dá para fazer nada, apenas ser garçonete".

Com menos escolaridade ainda, as perspectivas são ainda mais sombrias. Fernandes, a jovem de 22 anos que cursou até a oitava série, vem frequentemente a uma escola em Apelação, onde uma minúscula organização sem fins lucrativos denominada Projeto Liderança tenta convencer os jovens a voltar aos bancos escolares ou os ajuda a conseguir emprego.

Serafim Gomes, também de 22 anos, estava lá numa tarde recente. Ele abandonou a escola na oitava série, sonhando tornar-se jogador de futebol profissional. Não deu certo. Agora ele trabalha ocasionalmente como garçom e torce para conseguir um emprego melhor.

Marco Monteiro, 16 anos, foi recentemente expulso de sua escola habitual. Por mau comportamento, diz ele. Ele espera voltar. "Eu não tenho escolaridade suficiente para encontrar trabalho", diz ele, e talvez arranjar emprego num shopping center. O diretor do projeto Liderança, António Embalo, elogiou-o por suas habilidades mecânicas. Não pensa em frequentar uma faculdade, talvez estudar engenharia?

"Isso nunca passou pela minha cabeça", disse Marco Monteiro. "Eu não conheço ninguém que frequente", completa.

segunda-feira, 28 de março de 2011

Aburguesamento da esquerda

Jornal do Commercio -Pais - 28.03.2011 -A-8

terça-feira, 22 de março de 2011

Carência de formação técnica

Folha de São Paulo, 20/03/2011 - São Paulo SP

País precisa aumentar formação técnica

Trabalhadores que possuem ensino médio incompleto são os que mais têm dificuldade de conseguir emprego. Especialistas dizem que governo deve aumentar investimento em ensino profissionalizante para diminuir carências

DE SÃO PAULO

O nível de desocupação caiu fortemente nos últimos anos para trabalhadores de todas as faixas de escolaridade. Mas algumas discrepâncias -dependendo do número de anos de estudo- se exacerbaram. Em 2002, a taxa de desemprego do grupo com 9 a 10 anos de estudo era três vezes maior do que a dos trabalhadores com escolaridade igual ou inferior a quatro anos. No ano passado, essa diferença havia saltado para sete vezes. Trabalhadores com ensino médio incompleto são, de longe, os que mais têm dificuldade de conseguir vaga. Mesmo com o desemprego no menor nível desde, pelo menos, 2002, e empresários reclamando da falta de mão de obra, a taxa de desocupação desse grupo foi de 22% no ano passado. O segundo maior nível de desemprego está entre aqueles que concluíram o ensino médio: 6,1%. Esse número é baixo se considerada a taxa de desemprego média de 9,6% do país nos últimos nove anos. Mas é o dobro da taxa de desocupação entre trabalhadores muito qualificados (mais de 15 anos de estudo) ou com pouco estudo (quatro anos ou menos). "Esses números refletem a dificuldade dos jovens, cuja escolaridade tem aumentado, em conseguir o primeiro emprego", diz Ruben Damião, sócio da Galeão Serviços de Investimentos.

CARÊNCIAS - Pedro Paulo Carbone, diretor-executivo do Ibmec Brasília, acredita que, se o governo não investir em cursos profissionalizantes, o desemprego para quem tem entre 9 e 11 anos de estudo tende a crescer: "A educação de segundo grau é inócua ou pouco efetiva para o mercado de trabalho atual. Serve apenas como ponte à universidade". Mesmo em relação ao ensino superior (trabalhadores desse grupo são os que enfrentam a menor taxa de desemprego), especialistas dizem que há distorções e carências que precisam ser atacadas no Brasil.

"Com a privatização do ensino superior, as empresas estão preocupadas em ter lucro. Oferecem cursos baratos para atrair a população de baixa renda, que está mais preocupada com o valor da mensalidade do que com a qualidade do conteúdo do curso", afirma Clemente Ganz Lucio, diretor-técnico do Dieese. Segundo os especialistas, para dar continuidade ao crescimento, o país precisa de pessoas com formação em áreas como engenharia, ciências exatas, estatística, matemática e informática. "Não adianta somente formar administradores e advogados. O mercado precisa de mão de obra em outras áreas", diz Ganz Lucio. Gabriela Nobre Viana, 29, psicóloga com pós-graduação em gestão de RH, está prestes a desistir de procurar emprego em sua área. "Estou buscando há muito tempo e agora penso em partir para outra área de maior demanda", diz a psicóloga. (ERICA FRAGA E CLAUDIA ROLLI)

segunda-feira, 21 de março de 2011

Valor Econômico - Empresas - 21/03/2011 - B4

Whitney compra universidade Veiga de Almeida, do Rio
Ensino
Beth Koike
De São Paulo

O grupo americano Whitney , que entrou no Brasil há seis anos comprando o Centro Universitário Jorge Amado, em Salvador, fez sua segunda aquisição: comprou a Universidade Veiga de Almeida, localizada no Rio de Janeiro.

Segundo o Valor apurou, a aquisição foi de 80% do capital e envolveu assunção de dívidas da universidade carioca. O endividamento, incluindo passivos fiscais e contingências, seria de aproximadamente R$ 200 milhões.

"Não temos o hábito de divulgar dados de valores e número de alunos. O que posso dizer é que agora temos duas faculdades, a Unijorge e a Veiga de Almeida, que operam de forma independente, mas têm um acionista controlador em comum", afirmou João Arinos, presidente do Centro Universitário Jorge Amado (Unijorge) e um dos responsáveis pelo grupo de ensino americano no país.

O reitor da universidade carioca, Mario Veiga de Almeida Júnior, negou que tenha ocorrido uma compra e classificou a operação apenas como uma associação a uma rede de ensino. "Desconheço qualquer aquisição e duvido que a Whitney tenha confirmado essa informação", disse Almeida Júnior.

Ainda de acordo com fontes do setor, Almeida Júnior está prospectando várias faculdades no Rio para a Whitney.

O presidente do Centro Universitário Jorge Amado confirma que o grupo americano quer retomar sua atuação no Brasil. Desde que desembarcou no país, a Whitney comprou apenas a Unijorge e há cerca de dois anos tentou vender, sem sucesso, a faculdade baiana. "Estamos retomando com força o mercado brasileiro. Não vamos ficar apenas na Bahia e no Rio. Temos forte interesse em crescer por meio de ensino a distância", disse Arinos. Ele conta que a Jorge Amado já tem autorização para abrir unidades de ensino a distância em São Paulo e em Curitiba, o que está previsto para ocorrer ainda este ano.

Hoje, a operação brasileira é a mais importante para o grupo americano que possui cerca de 32 mil alunos no país. Segundo dados do Inep, entidade do MEC, 15 mil estudantes são da Veiga Almeida e os outros 17 mil são da Unijorge, que em 2005 vendeu 60% do capital por R$ 23,5 milhões para a Whitney.

O foco do grupo americano são os países da América Latina. Hoje, está presente na Argentina, Brasil, Chile, Colômbia e Panamá e a meta é fazer aquisições no México e no Peru. "Atualmente, o Brasil é o mercado mais importante, mas não quer dizer que essa situação permanecerá, após entrada no México e Peru", explicou Arinos.

Nos outros quatro países da América Latina, a Whitney tem forte atuação com ensino a distância, segundo Arinos.

quarta-feira, 16 de março de 2011

Estudo econômico em Portugal

O Estado de São Paulo, 15/03/2011 - São Paulo SP

Preços baixos atraem brasileiros às universidades de Portugal

Preços de mensalidades e acomodações têm levado brasileiros a procurar instituições lusitanas de ensino
Jair Rattner - Especial para a BBC Brasil

Diversos brasileiros estão indo a Portugal para estudar em universidades do país, principalmente devido aos preços das mensalidades e acomodação, em geral mais baratos do que nas instituições privadas do Brasil. “No Brasil, pelos quatro anos do curso, morando em uma república, eu iria gastar perto de R$ 40 mil. Aqui em Portugal, o curso vai sair por 3 mil euros (cerca de R$ 6,9 mil), e o que eu pago para me manter é muito menos do que pagaria lá”, diz Thiago Mourão, natural de Campo Mourão (PR), que deixou o curso de jornalismo do Ceumar, em Maringá, para estudar na Universidade Nova de Lisboa, onde está no segundo ano. “Como eu tenho o estatuto de igualdade de direitos entre portugueses e brasileiros, consegui uma bolsa de 180 euros por mês, um lugar numa residência universitária, onde pago 80 euros por mês, e as refeições na cantina da universidade saem por 2,50 euros. Os livros aqui são mais baratos e eu gasto ao todo 450 euros (R$ 1.050) por mês”. Para a cearense Elisianne Campos de Melo Soares, que faz mestrado em Cultura e Comunicação na Universidade de Lisboa, a decisão de ir para Portugal também foi tomada na ponta do lápis. “Havia um mestrado que me interessava na Universidade Federal da Bahia, mas seria mais caro. Era mais de R$ 1,5 mil por mês. Aqui em Lisboa, eu pago 1,2 mil euros (R$ 2.750) por ano”. Em Portugal desde setembro, o objetivo da brasileira é, depois de terminar o mestrado, fazer o doutorado em Portugal.

Sem portugueses - Na mais tradicional faculdade de direito de Portugal, a da Universidade de Lisboa, o advogado Emanuel Anderson Martins, que veio de Curitiba, vive uma situação peculiar: ele não tem colegas portugueses. “Há dois mestrados na faculdade, o científico e o profissionalizante, e os portugueses só querem o profissionalizante. No curso de Ciência Política, do mestrado científico, só há brasileiros na classe”, diz. Martins é advogado trabalhista, com um escritório na capital paranaense. Ele afirma que um dos problemas no Brasil é o número pequeno de vagas em relação à demanda, além das linhas de pesquisa pouco diversificadas. “Se formos para uma faculdade de qualidade, como a PUC de São Paulo ou o Mackenzie, a mensalidade mais barata fica entre R$ 2,5 mil e R$ 2,8 mil, o que daria mais de R$ 40 mil pelo curso. Em Portugal, há excelentes universidades e o país é uma referência para o desenvolvimento do direito brasileiro. Pelo curso inteiro vou pagar 3,5 mil euros, o que dá perto de R$ 8 mil”.

Dificuldades - A professora cearense Lídia Maropo, que fez o doutorado em Portugal e dá aulas de Teoria da Comunicação em faculdades portuguesas, diz que muitos brasileiros vão ao país europeu despreparados. “Aqui em Portugal, uma boa parte da bibliografia é em inglês. Muitos brasileiros que chegam não falam nem leem em inglês. Eles ficam perdidos nas aulas”, afirma. “Há alunos bons e outros despreparados, com uma desinformação muito grande, que não teriam condições de fazer mestrado no Brasil”. Entre as vantagens que Lídia aponta em Portugal, está a possibilidade de ter contato com a bibliografia mais recente. “Eu recebi uma bolsa da Fundação para a Ciência e Tecnologia, de Portugal, e tinha uma verba para a compra de livros. No Brasil, comprar de livros de fora é muito caro”. Na Faculdade de Economia da Universidade Nova de Lisboa, cujo MBA é considerado um das melhores da Europa, o número de brasileiros é menor.“Temos critérios extremamente seletivos, queremos sinalizar a qualidade”, diz o diretor para Assuntos Internacionais, Amaro de Matos, que estudou na USP e na Fundação Getúlio Vargas, em São Paulo.

Segundo Matos, metade dos alunos de mestrado da faculdade são estrangeiros, mas apenas 7,5% vêm do Brasil. “Fazemos parte da rede CEMS, na qual só entra a melhor escola de administração do país. Atraímos não só brasileiros, mas alunos da Europa Oriental, e até da Ásia”. Uma das características do MBA da Nova é que o curso é dado todo em inglês. Em relação às outras escolas da rede, Matos indica o custo para o aluno como uma grande vantagem. “Nas licenciaturas cobramos 900 euros por ano (R$ 2,1 mil) e nos mestrados 2,2 mil euros por semestre (R$ 5,1 mil)”, afirma. Financeiramente, esta pode ser uma das mais baratas da rede. “Na escola da Dinamarca, os alunos da União Europeia pagam zero, mas os de fora pagam o custo real que é de 15 mil euros por ano. Nós cobramos o mesmo de todos os alunos, seja holandês, dinamarquês, português ou brasileiro”.

domingo, 13 de março de 2011

Carpe Diem

Segue abaixo e aproveitem a tradução do poema de Homero, poeta romano que morreu entre 7 e 8 anos antes de Cristo, divulgado por Manoel Carlos em Veja Rio.

sexta-feira, 11 de março de 2011

Mensagem aos professores do Colégio Cruzeiro Centro

Mensagem aos professores do Colégio Cruzeiro Centro por ocasião do início do ano letivo de 2011.

Matérias sobre educação

O Estado de São Paulo, 01/03/2011 - São Paulo SP

Sudeste é mais pessimista com o ensino público

Entre os moradores da região mais rica do País, 36% dizem que a educação pública piorou, aponta pesquisa do Ipea

Luciana Alvarez

Uma pesquisa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) sobre a percepção da sociedade em relação à educação, divulgada nesta segunda-feira, mostra que os moradores do Sudeste têm a visão mais pessimista em relação à evolução do ensino público. Na região, 36,1% disseram que a educação piorou – em nenhuma das demais regiões o índice chegou aos 20%. O Sudeste também apresentou o mais baixo índice dos que acreditam que a educação melhorou: 40%. No Centro-Oeste, com a maior taxa, 62,9% disseram que o ensino está melhor. Segundo Paulo Corbucci, pesquisador do Ipea que coordena a área de educação, as diferentes percepções regionais “fazem sentido” por causa da situação desigual do ensino no País. “Nas regiões onde as condições eram piores, as melhorias são mais sentidas”, explica Corbucci. “Há 15 anos, por exemplo, você tinha um problema grave de acesso à escola, em especial no Nordeste. Hoje houve uma aproximação dos patamares das Regiões Sul e Sudeste.” No estudo, quanto maior o nível de instrução e renda dos entrevistados, maior foi a porcentagem de respostas negativas. Dos pesquisados com curso superior completo, 35,4% afirmaram que a educação havia piorado, contra somente 21,4% daqueles com escolaridade da 5.ª à 8.ª série.

Dos que ganham de 10 a 20 salários mínimos, 34,2% consideram que o ensino está pior; dos que têm renda de até dois salários mínimos, a porcentagem foi de 19,3%. ProUni. O Programa Universidade para Todos (ProUni) foi o que apresentou a maior visibilidade, com 61% dos entrevistados afirmando conhecê-lo – sendo que 80% disseram não ser bolsistas do programa nem ter amigos ou parentes que sejam. “O ProUni está muito na mídia, sobretudo na televisão. Além disso, é algo relativamente novo. O programa de merenda escolar beneficia um número muito maior – cerca de 30 milhões –, mas existe há décadas, é visto como parte da escola”, afirma Corbucci. A pesquisa, com 2.773 pessoas, foi feita entre 3 e 19 de novembro de 2010.





Folha de São Paulo, 02/03/2011 - São Paulo SP

Brasil investe 71% menos no fundamental que país rico
Gasto é de R$ 2.659 por aluno; comparação está em relatório da Unesco. Órgão da ONU para a educação leva em conta dados de 2007, quando valor investido foi 102% maior do que em 2000
ANGELA PINHO DE BRASÍLIA

Embora venha aumentando o investimento, o Brasil ainda gasta pouco em educação se comparado a países desenvolvidos. Relatório divulgado ontem pela Unesco (braço da ONU para educação) mostra que o Estado brasileiro investe US$ 1.598 (R$ 2.659) por ano em cada estudante dos quatro primeiros anos do ensino fundamental. É menos de um terço (28,76%) dos US$ 5.557 (R$ 9.246) investidos por países desenvolvidos. Os dados são de 2007, e a comparação considera o poder de compra das moedas. Em reais, números do Inep (instituto ligado ao Ministério da Educação) mostram que o investimento público por aluno nessa etapa de ensino foi de R$ 2.761 em 2008. Apesar de baixo se comparado ao mundo desenvolvido, o valor cresceu nos últimos anos e está 102% maior do que em 2000. Em números gerais, o Brasil gasta um montante similar aos países ricos em educação: 5,3% do PIB (Produto Interno Bruto), de acordo com o relatório. Mas, como muitas vezes tem o PIB menor ou mais estudantes, o gasto por aluno acaba ficando pequeno.

88º - O documento mostra também que o Brasil continua no 88º lugar no ranking de desenvolvimento educacional, atrás de países mais pobres, como Bolívia e Equador. Nas primeiras colocações, estão Japão, Reino Unido e Noruega. A lista leva em conta quatro pontos: matrículas no ensino primário, taxa de analfabetismo, igualdade de gênero na educação e percentual de alunos que chegam ao 5º ano (no caso do Brasil, foi considerado o quarto ano). Caso só os três primeiros fossem considerados, o país estaria na lista de alto desenvolvimento educacional, mas cai posições devido ao último O relatório não diz qual é o percentual de alunos que chegam ao 5º ano. Cita que o índice é o mesmo do documento de 2010 (0,756), que correspondia a 75,6%. O dado, porém, se referia a 2004. NÚMEROS DEFASADOS - O ministro Fernando Haddad (Educação) disse que irá estudar o documento da Unesco, mas afirmou que é preciso fazer a ressalva de que relatórios internacionais muitas vezes utilizam dados defasados.





Correio Braziliense, 01/03/2011 - Brasília DF

A educação brasileira continua na 88ª posição no ranking da Unesco

Ana Pompeu especial para o Correio

O Brasil permaneceu na 88ª posição do ranking do Relatório de Monitoramento Global de 2011 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), a mesma do relatório anterior. O documento foi lançado nesta terça-feira (1°/3) em Nova York, e inclui 127 países na avaliação. O texto aponta ainda que o Brasil pode estar longe de alcançar as metas do compromosso Educação Para Todas (EPT) até 2015. O foco do relatório em 2011 é a relação entre educação e conflitos armados, que privam 28 milhões de crianças da oportunidade de estudar e as expõem ao risco de serem vítimas de violações e violência sexual, de ataques direcionados a escolas e outros atentados contra os direitos humanos. Essas condições não incluem o Brasil oficialmente, mas outras avaliações foram feitas para medir o desempenho dos países em relação ao EPT.

O compromisso Educação para Todos estabelece seis objetivos que devem ser atingidos pelos signatários até 2015: ampliar a educação para a primeira infância, universalizar o acesso à educação básica, garantir o atendimento de jovens em programas de aprendizagem, reduzir em 50% as taxa de analfabetismo, eliminar as disparidade de gênero no acesso ao ensino e melhorar a qualidade da educação. No topo da lista do indicador da Unesco então Japão, Reino Unido e Noruega. Chile, Uruguai e Argentina também estão à frente do Brasil, que teve um resultado mediano. O coodenador de educação da Unesco, Paolo Fontani, explica que para chegar a esse índice, a organização leva em conta a taxa de matrícula líquida, de alfabetização de adultos, de permancência na escola a partir do 5° ano, ou segundo segmento do ensino fundamental, e o índice de paridade de gênero, ou seja, a igualdade para homens e mulheres na educação. “O Brasil está no caminho certo, mas ainda há um longo caminho pela frente. O ponto que nos segurou e não deixou avançar mais foi a permanência das crianças na escola, que é de 75%, distante ainda da taxa dos países desenvolvidos”, analisa Fontani. Para o coordenador da Unesco, o país tem que superar anos de descaso com a educação, o que não é possível fazer em poucos anos. “Espero que o Brasil alcance as metas. Existem recursos para isso. Um país com a ambição não pode deixar a educação de lado”, completa.

Em 2007, cerca de 682 mil crianças estavam fora da escola no Brasil. Ainda existem mais de 14 milhões de brasileiros analfabetos. Para o prefessor de políticas públicas e gestão da educação da Universidade de Brasília (UnB) Remi Castioni, para que o país resolva esses problemas, é preciso mais do que investimentos e aumento dos recursos para a área. “As metas são factíveis e o país tem condições de atingí-las, mas como a oferta da educaçãobásica é municipal e estadual, isso requer um enorme esforço do governo federal para exercer uma coordenação entre esses entes”. Para o educador, ainda é necessário que o governo atue nos estados e municípios oferecendo assitência técnica e capacitação dos profissionais da educação. “Nós sabemos onde estão os problemas. Agora, é agir para combatê-los”, afirma.

Em 2008, 67 milhões de crianças estavam fora da escola. O progresso em direção à universalização da escolarização está lento. Se as tendências atuais continuarem, pode haver mais crianças fora da escola em 2015 do que há hoje. Sobre a redução do analfabetismo, os dados apontam que 17% da população mundial ainda estão nessa situação. O objetivo de reduzir em 50% o número de analfabetos em cada um dos países signatários não será atingido por uma parcela dos participantes, de acordo com a Unesco. Para a coordenadora de vestibular da Trevisan Escola de Negócios, Letícia Bechara, mudar esse quadro requer mudar o foco também. “O Brasil já melhorou o acesso, mas ainda precisa focar na qualidade. E, nesse ponto, os alunos são os únicos avaliados. Não temos temos ainda um sistema de avaliação constante e efetivo do trabalho dos professores”. Ela lembra também que o tamanho continental do país e as grandes diferenças regionais pedem políticas regionais e específicas, o que não tem sido feito.





O Estado de São Paulo, 01/03/2011 - São Paulo SP

Países estão longe de atingir compromissos para melhoria da educação, avalia Unesco

Em relatório divulgado hoje, Brasil tem desempenho 'mediano' no cumprimento das metas do compromisso Educação para Todos

Agência Brasil

O compromisso assumido por 164 países, entre eles o Brasil, para melhorar a qualidade da educação no mundo até 2015 está “longe de ser atingido”. É o que aponta o Relatório de Monitoramento Global de 2011 da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco), lançado nesta terça-feira, 1.º de março. O compromisso Educação para Todos (EPT) foi assinado em 2000 durante a Conferência Mundial de Educação em Dacar, no Senegal. Ele estabelece seis objetivos que devem ser atingidos pelos signatários até 2015: ampliar a educação para a primeira infância, universalizar o acesso à educação básica, garantir o atendimento de jovens em programas de aprendizagem, reduzir em 50% as taxa de analfabetismo, eliminar as disparidade de gênero no acesso ao ensino e melhorar a qualidade da educação.

A Unesco criou um índice (Education For All Development Index – EFA) para medir o desempenho dos países em relação ao cumprimento das metas. Entre os 127 países avaliados por esse indicador, o Brasil está no grupo com resultado “mediano” e ocupa a 88.° posição do ranking. No topo da lista estão o Japão, o Reino Unido e a Noruega. O Chile, o Uruguai e a Argentina são os latino-americanos que fazem parte da lista com alto índice. De acordo com a Unesco, embora tenha havido progresso em muitas áreas, como a melhoria do bem-estar na primeira infância, o número de crianças fora da escola vem caindo muito lentamente.

“Em 2008, 67 milhões de crianças estavam fora da escola. O progresso em direção à universalização da escolarização está mais lento. Se as tendências atuais continuarem, pode haver mais crianças fora da escola em 2015 do que há hoje”, alerta a pesquisa. Quase metade dessa população está concentrada em apenas 15 países, entre eles o Brasil, que tem 700 mil crianças fora da escola segundo os dados da Unesco. Como a velocidade da inclusão desse grupo vem caindo, a organização estima que, caso a tendência se mantenha, em 2015 serão 72 milhões sem acesso ao ensino no mundo.

Sobre a redução do analfabetismo, os dados apontam que 17% da população mundial ainda estão nessa situação. O objetivo de reduzir em 50% o percentual de analfabetos em cada um dos países signatários não será atingido por uma parcela dos participantes, de acordo com a Unesco. Segundo o órgão, o fracasso é reflexo do “descaso de longa data para com a alfabetização nas políticas educacionais”. Apenas dez países respondem por 72% do número total de adultos analfabetos, incluindo o Brasil, que ainda tem 14 milhões de pessoas maiores de 15 anos que não sabem ler e escrever. Segundo a Unesco, o esforço para atacar o problema tem sido irregular nas diferentes regiões do mundo.

O relatório cita a redução de 2,8 milhões de analfabetos no Brasil entre 2000 e 2007, além do “forte progresso na alfabetização universal de adultos” verificado na China. Já na Índia, o número de analfabetos adultos aumentou em 11 milhões na primeira metade da década passada. “A América Latina e o Caribe podem ser a exceção à regra de negligência. Desde o final da década de 90, programas de alfabetização de adultos na região foram beneficiados pelo momento de renovação política (…). No Brasil, o Programa Brasil Alfabetizado ofereceu cursos de alfabetização para 8 milhões de jovens e adultos que tiveram acesso limitado à educação formal”, destaca a organização.

Excesso de confiança nos investimentos

Valor Econômico - Eu & Investimentos - 09.03.2011 -D2

Palavra do gestor :
O excesso de confiança e a alternativa da aplicação em fundos
Lilian Gallagher


Embora digam que o diferencial do ser humano para os demais seres do reino animal seja a sua capacidade de raciocinar, sabemos que, na prática, questões emocionais costumam ser responsáveis pelas nossas decisões.

Os estudos sobre finanças comportamentais listam uma série de vieses que interferem nessa capacidade de sermos racionais e que atrapalham nossa vida enquanto investidores. Dentre esses vieses, gostaria de abordar a questão do excesso de confiança, uma característica que superestima nossa capacidade de execução ou avaliação de algo.

Para começar, gostaria de citar uma pesquisa realizada com uma plateia. A pergunta foi: "Você se considera com capacidade superior à média para dirigir automóvel?". Oitenta por cento da plateia disse que sim. Sabe-se, entretanto, que um número razoável de respostas seria na casa dos 50%. Esse é um caso típico de excesso de confiança.

Podemos, agora, transportar esse caso para o mundo dos investimentos. Ao longo dos meus 20 anos de experiência no mercado financeiro, já ouvi inúmeras vezes o investidor dizendo que é capaz de fazer melhor que o gestor de fundos e que, por isso, gosta de fazer ele próprio suas próprias escolhas e negociações de ações.

Além disso, muitos investidores, visando confirmar essa capacidade nata e "sobrenatural", ainda acrescentam histórias do tipo: "Comprei essa ação por R$ 30,00 e vendi por R$ 39,00. Logo, ganhei 30%. Que fundo me daria essa rentabilidade?"

Esse tipo de investidor nunca se lembra das perdas, não contabiliza os custos de corretagem, emolumentos e custódia, nem considera o tempo que levou para obter esse ganho. Mas para que pensar em coisas ruins? Muito melhor é buscar casos de sucesso e que confirmam nossas convicções em vez de ficar falando das perdas, que nos colocam para baixo.

Além disso, o investidor menos informado acredita que o ideal é ficar comprando e vendendo com frequência. Não resta dúvida de que esse é o cliente ideal da corretora. Afinal, toda vez que o investidor realiza um negócio na bolsa, ele paga corretagem, aumentando os cofres da corretora e empobrecendo o do investidor.

O meu intuito neste artigo é alertá-lo para um investimento consciente, aquele que é tomado com base em análises sólidas, sem vieses. Muitos me perguntarão como isso é possível e a minha resposta sempre será "aplicando em um fundo de investimento que vem entregando boa performance, que seja de uma casa gestora competente e cuja política de investimento você considere ganhadora".

O fundo de investimento é um veículo com muitas vantagens. Para começar, ele é capaz de medir com bastante acuidade a rentabilidade do investidor, levando em consideração todos os custos incorridos nas transações e as variações positivas e negativas nos preços dos papéis. Ou seja, os fundos não nos deixam mentir, nem permitem esconder as deficiências ou qualidades positivas do gestor.

Além disso, uma asset competente utiliza softwares de análise de risco sofisticados e tem profissionais altamente qualificados, capazes de selecionar a informação relevante para a tomada de decisão, sem se perder num emaranhado de notícias e números que mais confundem do que agregam valor.

Sem falar que, normalmente, suas decisões estratégicas são tomadas em comitês e raramente de forma isolada, o que tende a diminuir os vieses emocionais, aumentando a chance de sucesso.

Por fim, se aplicar seu dinheiro em fundos pode parecer algo tão enfadonho, que não requer o acompanhamento do investimento durante todo o tempo do pregão, algo que desconsidera sua capacidade e auto-confiança elevada, que tal se dedicar, então, a estudar os fundos para fazer a escolha do fundo certo?

Se investir em fundos parece coisa de investidor sem informação, fica aqui uma opinião: a aplicação em fundos de investimento é uma forma sofisticada de investir de forma racional, em busca de retornos consistentes com diversificação e liquidez. Afinal, é seu rico dinheirinho que está em jogo e não vale à pena brincar com essas coisas.

Lilian Gallagher é autora dos livros "Minutos de Riqueza" e "Planeje seu Futuro Financeiro"

E-mail lilian@liliangallagher. com.br

sábado, 5 de março de 2011

Currículo verde nas universidades

Valor Econômico › Impresso › Eu & Carreira - -04.03.2011 - D12

Carona no crescimento
As oportunidades que vão surgir com o forte ciclo de investimentos produtivos que está em curso no país

Sustentabilidade: Temas como biodiversidade, agroecologia e energias renováveis despontam nos currículos.
Universidades lançam cursos voltados para o mercado "verde"
Vívian Soares | De São Paulo
04/03/2011

A preocupação do mercado com o impacto social e ambiental dos negócios está fazendo as universidades brasileiras criarem cursos de graduação que tenham a sustentabilidade como um de seus principais pilares.

Nos últimos anos, os currículos de bacharelados e licenciaturas têm ganhado novas ênfases como biodiversidade, agroecologia e energias renováveis. Mesmo com enfoque "verde", as escolas não deixaram de lado a empregabilidade dos recém-formados, fechando parcerias com empresas e adaptando seus conteúdos às necessidades das companhias nas regiões onde atuam.

A maior parte dos novos cursos se concentra em áreas como engenharia e agronomia. A formação técnica, no entanto, passa a ser complementada por disciplinas que relacionam a atividade produtiva ao impacto social e ambiental. "Como essa é uma questão cada vez mais valorizada pelas indústrias, os alunos precisam ter formação multidisciplinar, com uma visão moderna desse novo mercado", afirma Carlos Carneiro, coordenador do curso de engenharia mecânica: energias renováveis e tecnologia não poluente da Universidade Anhembi Morumbi, criado no ano passado.

A instituição abriu recentemente uma graduação em engenharia ambiental e sanitária. Ambos os bacharelados já possuem parcerias com indústrias e um laboratório de estudos em produção limpa. "As empresas brasileiras já têm a consciência de que produzir de forma mais eficiente envolve menos impacto ambiental e gastos de energia. Isso exige profissionais que tenham perfil e formação especializados", afirma Carneiro.

O futuro da produção de energia também motivou a criação do bacharelado em engenharia de energias renováveis e ambiente, na Universidade Federal do Pampa (Unipampa), em 2006. Inicialmente dirigido ao agronegócio, o curso, que fica em Bagé, no Rio Grande do Sul, voltou-se para as tecnologias renováveis. A mudança abriu portas para os alunos, uma vez que três parques eólicos estão sendo construídos na região. "O mercado de trabalho é amplo e abrange usinas de energia, renovável ou não, e qualquer indústria que tenha preocupação com a eficiência energética", afirma a coordenadora Cristine Schwanke.

Apesar de novo e ainda sem nenhuma turma formada, o curso já é o segundo mais disputado do campus, só perdendo para a engenharia de produção. "O currículo prevê uma mistura de conhecimentos básicos, específicos e profissionalizantes, sempre permeados pela parte ambiental", diz.

Incentivada pelo Governo Federal por meio do Programa de Apoio a Planos de Reestruturação e Expansão das Universidades Federais (Reuni), a interdisciplinaridade também é a marca do curso de agroecologia e biotecnologia da Universidade Federal do Oeste do Pará (Ufopa), com campus em Santarém. Com 200 recém-ingressos, a nova graduação começou as aulas em 24 de fevereiro.

Segundo João Ricardo Gama, diretor do Instituto de Biodiversidade e Florestas (Ibef) da instituição, os alunos escolhem a ênfase que vão dar ao curso após o segundo semestre. No final, os formandos podem ter diplomas de farmácia, agronomia, engenharia florestal ou zootecnia. No futuro, os estudantes ainda poderão escolher a especialização em engenharia de alimentos.

Todas as graduações têm a sustentabilidade como viés principal. "O objetivo é promover o desenvolvimento sustentável da Amazônia, passando pela transformação da biodiversidade em produto", afirma Gama. Segundo ele, a demanda na região é grande para profissionais com essa formação. "Além de empresas e órgãos públicos, há possibilidade de atuação em assentamentos e comunidades de agricultura familiar."

A agricultura familiar, inclusive, foi a principal motivadora do curso de agroecologia da Universidade Federal de São Carlos (UFSCar), criado em 2009 e já na sua terceira turma. A coordenadora do curso, Anastácia Fontanetti, acredita que a ênfase nas pequenas comunidades não limita a atuação do profissional. "O curso foi criado para atender à necessidade do mercado, que exigia profissionais de agronomia com visão mais ampla tanto da parte produtiva quanto dos impactos ambiental e social."

O escopo abrangente, na opinião da coordenadora, torna o profissional com essa formação apto para trabalhar em mercados locais, com certificação de produtos orgânicos, e nas grandes empresas. "Nessas companhias, o agroecólogo pode atuar com restauração de áreas degradadas, avaliação e perícias de impacto ambiental", explica.

A relação candidato/vaga do curso, que é oferecido no campus de Araras, no interior de São Paulo, quase dobrou este ano em relação a 2010. O aumento do interesse dos alunos tem feito com que a coordenação busque parcerias com empresas e órgãos públicos. "Já recebemos pedidos de indicação para assistência técnica em agricultura orgânica", comemora. O futuro da profissão, segundo Anastácia, é promissor. "A agronomia é uma atividade que está se valorizando no Brasil. A agroecologia vai além e atende a essa demanda de sustentabilidade, que será cada vez mais cobrada do profissional."

quarta-feira, 2 de março de 2011

Saiba porque Colombo era solteiro

Essa foi enviada por e-mail pela minha mãe.


Colombo era solteiro!!!


Recentes pesquisas científicas comprovam que
Colombo só descobriu a América porque era solteiro! Se ele fosse casado,
seria obrigado a ouvir coisas assim e teria desistido:
- E por que é que você tem que ir? Por que não mandam outro?
- Você não conhece nem a minha família e quer ir descobrir outro mundo?
- E só vai homem nessa viagem? Acha que sou idiota?
- E por que eu não posso ir, se você é o chefe?
- Desgraçado, não sabe mais o que inventar pra sair de casa?
- Se cruzar esta porta, eu vou embora para a casa da minha mãe!
- Quem é Pinta? E quem é essa tal de Nina? E essa Maria, filha da ..., que ainda se diz Santa?
- Tinha tudo planejado, né?
- Já me disseram que você vai mesmo é se encontrar com umas índias! Pensa que me engana?
- A rainha Isabel vai vender suas jóias para você viajar? Acha que sou idiota ou o quê? O que é que você tem com essa piranha velha?

- Pode tirar seu cavalinho da chuva. Você não vai a porra de lugar nenhum!

terça-feira, 1 de março de 2011

Universidade Humboldt como referência de universidade moderma e exemplo inspirador

O artigo abaixo cita a Universidade Humboldt (Universidade de Berlim) como referência de universidade moderna.
O nome Humboldt nos servirá sempre de inspiração para projetos inovadores.


Folha de São Paulo, 28/02/2011 - São Paulo SP
De Humboldt ao mundo da inovação
Novos ingredientes alteram os temas selecionados para a geração de conhecimentos, a forma de produzi-los e também as metodologias de ensino
RONALDO MOTA
A instituição universidade tem sua origem na Idade Média, e sua versão moderna tem como referência a Universidade de Berlim, criada em 1810 por Humboldt. A novidade da universidade humboldtiana é a incorporação da atividade de pesquisa à prática pedagógica. Uma alteração, incluindo como missão da universidade o desenvolvimento econômico regional, ocorre com a criação do MIT (Massachusetts Institute of Technology), nos Estados Unidos, em 1862. Posteriormente, essa nova dimensão influenciou outras instituições, inclusive europeias e asiáticas. A universidade brasileira, por sua vez, passou quase imune por essa última influência, tendo permanecido sempre de alma pretensamente humboldtiana.
Se os 200 anos que nos separam da criação da Universidade de Berlim estão plenos de mudanças, as próximas décadas reservam alterações ainda mais drásticas e rápidas. Entre as transformações em curso, o papel da inovação chama a atenção pela centralidade que ocupa. Inovação compreende um produto ou processo novo, bem como a introdução de uma qualidade ou funcionalidade inédita. Assim, inovação implica tecnologia e máquinas, mas vai além, contemplando também melhorias na gestão e novos modelos de negócios. Como ficam as universidades brasileiras nesse novo contexto de um mundo centrado em inovação? Nas últimas décadas, em sua maioria, elas têm se caracterizado pelas funções educativas clássicas e secundariamente pelas pesquisas convencionais. As universidades do presente e do futuro tendem a se transformar expressivamente, agregando às suas missões tradicionais de ensino e pesquisa a missão de servirem também como centros indutores de inovação. Esses novos ingredientes alteram os temas selecionados para a geração de conhecimentos, a forma de produzi-los e afetam também as metodologias de ensino.
Até recentemente, a figura típica do docente investigador tem sido a de um competente profissional que, em sua linha específica de pesquisa, tem por meta explorar os limites do estado da arte, tendo como referência única de sucesso as publicações em conceituadas revistas internacionais. Muitas vezes trabalha isoladamente, às vezes com um estudante de pós-graduação e muito raramente em equipe. A partir desta década, pela natureza complexa dos problemas a abordar, são inviáveis, em geral, as abordagens do ponto de vista de uma linha exclusiva de pesquisa, demandando, na maioria dos casos, a formação de equipes multidisciplinares e o trabalho em equipe, com redes de pesquisadores. Na universidade pós-humboldtiana, a demanda social passa a ser, gradativamente, o elemento central que define prioritariamente as áreas de pesquisa em curso e modula tanto a forma de pesquisar como a de transmitir conhecimentos. Ou seja, temos um longo e estimulante caminho pela frente. RONALDO MOTA, professor titular de física da Universidade Federal de Santa Maria, é secretário de Desenvolvimento Tecnológico e Inovação do Ministério da Ciência e Tecnologia.

Registre as histórias, fatos relevantes, curiosidade sobre Paulo Amaral: rasj@rio.com.br. Aproveite para conhecê-lo melhor em http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas3/b277b.htm

Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar