sexta-feira, 11 de março de 2011

Excesso de confiança nos investimentos

Valor Econômico - Eu & Investimentos - 09.03.2011 -D2

Palavra do gestor :
O excesso de confiança e a alternativa da aplicação em fundos
Lilian Gallagher


Embora digam que o diferencial do ser humano para os demais seres do reino animal seja a sua capacidade de raciocinar, sabemos que, na prática, questões emocionais costumam ser responsáveis pelas nossas decisões.

Os estudos sobre finanças comportamentais listam uma série de vieses que interferem nessa capacidade de sermos racionais e que atrapalham nossa vida enquanto investidores. Dentre esses vieses, gostaria de abordar a questão do excesso de confiança, uma característica que superestima nossa capacidade de execução ou avaliação de algo.

Para começar, gostaria de citar uma pesquisa realizada com uma plateia. A pergunta foi: "Você se considera com capacidade superior à média para dirigir automóvel?". Oitenta por cento da plateia disse que sim. Sabe-se, entretanto, que um número razoável de respostas seria na casa dos 50%. Esse é um caso típico de excesso de confiança.

Podemos, agora, transportar esse caso para o mundo dos investimentos. Ao longo dos meus 20 anos de experiência no mercado financeiro, já ouvi inúmeras vezes o investidor dizendo que é capaz de fazer melhor que o gestor de fundos e que, por isso, gosta de fazer ele próprio suas próprias escolhas e negociações de ações.

Além disso, muitos investidores, visando confirmar essa capacidade nata e "sobrenatural", ainda acrescentam histórias do tipo: "Comprei essa ação por R$ 30,00 e vendi por R$ 39,00. Logo, ganhei 30%. Que fundo me daria essa rentabilidade?"

Esse tipo de investidor nunca se lembra das perdas, não contabiliza os custos de corretagem, emolumentos e custódia, nem considera o tempo que levou para obter esse ganho. Mas para que pensar em coisas ruins? Muito melhor é buscar casos de sucesso e que confirmam nossas convicções em vez de ficar falando das perdas, que nos colocam para baixo.

Além disso, o investidor menos informado acredita que o ideal é ficar comprando e vendendo com frequência. Não resta dúvida de que esse é o cliente ideal da corretora. Afinal, toda vez que o investidor realiza um negócio na bolsa, ele paga corretagem, aumentando os cofres da corretora e empobrecendo o do investidor.

O meu intuito neste artigo é alertá-lo para um investimento consciente, aquele que é tomado com base em análises sólidas, sem vieses. Muitos me perguntarão como isso é possível e a minha resposta sempre será "aplicando em um fundo de investimento que vem entregando boa performance, que seja de uma casa gestora competente e cuja política de investimento você considere ganhadora".

O fundo de investimento é um veículo com muitas vantagens. Para começar, ele é capaz de medir com bastante acuidade a rentabilidade do investidor, levando em consideração todos os custos incorridos nas transações e as variações positivas e negativas nos preços dos papéis. Ou seja, os fundos não nos deixam mentir, nem permitem esconder as deficiências ou qualidades positivas do gestor.

Além disso, uma asset competente utiliza softwares de análise de risco sofisticados e tem profissionais altamente qualificados, capazes de selecionar a informação relevante para a tomada de decisão, sem se perder num emaranhado de notícias e números que mais confundem do que agregam valor.

Sem falar que, normalmente, suas decisões estratégicas são tomadas em comitês e raramente de forma isolada, o que tende a diminuir os vieses emocionais, aumentando a chance de sucesso.

Por fim, se aplicar seu dinheiro em fundos pode parecer algo tão enfadonho, que não requer o acompanhamento do investimento durante todo o tempo do pregão, algo que desconsidera sua capacidade e auto-confiança elevada, que tal se dedicar, então, a estudar os fundos para fazer a escolha do fundo certo?

Se investir em fundos parece coisa de investidor sem informação, fica aqui uma opinião: a aplicação em fundos de investimento é uma forma sofisticada de investir de forma racional, em busca de retornos consistentes com diversificação e liquidez. Afinal, é seu rico dinheirinho que está em jogo e não vale à pena brincar com essas coisas.

Lilian Gallagher é autora dos livros "Minutos de Riqueza" e "Planeje seu Futuro Financeiro"

E-mail lilian@liliangallagher. com.br

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Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar