quarta-feira, 25 de fevereiro de 2009

Mudança no consumo de vinho dos EUA

Valor Econômico - Empresas - 20.02.09
Nos EUA, venda de vinho de até US$ 20 sobe e produtores mudam estratégia
David Kesmodel, The Wall Street Journal
20/02/2009

Há um ano, Rick Jelovsek pagava regularmente US$ 20 por garrafa de vinho nos varejistas próximos a sua casa, em Johnson City, Tennessee. Depois que o declínio do mercado acionário apagou 20% do valor de suas contas de aposentadoria, começou a escolher garrafas na faixa dos US$ 12.

"Comprovo que estou diminuindo o preço e checo duas vezes se é um bom vinho ou se recebi alguma recomendação", diz o médico aposentado de 64 anos, que recentemente apreciou uma garrafa de vinho espanhol Borsao Tres Picos Garnacha, por menos de US$ 12.

Em Denver, os clientes "estão bebendo um pouco menos, com qualidade um pouco menor e preço um pouco menor", diz Clif Louis, dono da Vineyard Wine Shop, que vende principalmente vinhos de produção limitada. Nos últimos sete meses, suas vendas caíram 9%.

À medida que a recessão aperta, os adeptos de vinhos estão descobrindo boas opções a preços menores. O setor é menos vulnerável à desaceleração do que outros, embora as vendas totais da bebida nos Estados Unidos tenham sido as piores da década no ano passado, com crescimento de menos de 1%, em volume, segundo o consultor Jon Fredrikson, da Gomberg, Fredrikson & Associates. A desaceleração é mais grave nos restaurantes, onde as vendas de vinhos caíram de 10% a 12% em 2008, uma vez que os americanos passaram a jantar fora menos vezes.

Vinhos com preços moderados estão obtendo boas vendas. De acordo com a empresa de pesquisas de mercado Information Resources, que acompanha as compras de vinho em hipermercados, as vendas de garrafas na faixa de US$ 11 a US$ 20 subiram 8%, em dólar, no período de 52 semanas até 25 de janeiro. Em contraste, a venda de vinhos de mais de US$ 20, cresceu apenas 1,6%, em comparação aos dois períodos anteriores, quando foram registradas altas de 11% e 26%, respectivamente.

A ampla oferta de vinhos de qualidade entre US$ 10 e US$ 20 deixou alguns de alto padrão, como o caro Cabernet Sauvignon da Califórnia, acumulando poeira nas prateleiras. Ainda assim, os consumidores econômicos precisam ser seletivos. "Há grandes negócios na faixa entre US$ 10 e US$ 15", diz Lisette Sehlhorst, coproprietária da Wine Merchant, uma varejista de Cincinnati. "Também acho que há muitas porcarias nessa faixa."

Howard Silverman, dono da Howard´s Wine Cellar, em Chicago, diz que seu vinho tinto mais vendido é o 2007 Monte Oton, da Espanha, de US$ 7,29. O branco mais vendido é o espanhol 2007 Las Brisas Blanc, por US$ 9,99.

São evidências da mudança em direção a variedades mais baratos, como os Malbec da Argentina e os tintos da região da Rioja, na Espanha, à custa de produtos mais caros de outras regiões, como os vinhos franceses mais refinados, segundo negociantes de vinho e analistas do setor.

Também há boas ofertas de vinhos finos. Richard Rey, 45 anos, funcionário do setor de seguros, em Massachusetts, comprou recentemente por US$ 80 um Cabernet Sauvignon californiano em uma loja de vinhos local que normalmente sairia por US$ 100. O dono disse que não estava vendendo muito, então, "estava oferecendo estas ótimas compras".

Algumas pessoas cortaram totalmente o consumo. Jane Vawter, 45, da New Jersey, parou com os gastos com vinho após o fim de um lucrativo contrato de sua empresa de tecnologia. Nos bons tempos, disse, ela encomendava até vinhos "futuros" - aqueles vendidos anos antes de seu lançamento - de Bordeaux. "Neste momento, não estou comprando muito de nada", diz Vawter, que agora atende um contrato menos rentável.

Analistas e executivos do setor dizem que a mudança na demanda traz preocupação entre os produtores de vinhos de alto padrão e leva alguns a rever suas estratégias. Cameron Hughes, executivo-chefe da Cameron Hughes Wine, de San Francisco, que compra vinho excedente de produtores de alto padrão e o vende a preços mais barato sob seus próprios selos, diz conhecer vários vinicultores que buscam reestruturar seu modelo de negócios para oferecer vinhos de US$ 9 a US$ 12. "Uma mudança de maré" está a caminho, observa.

Na Jackson Family Wines, uma grande produtora de vinhos em Sonoma Valley, na Califórnia, as vendas da linha Kendall-Jackson, incluindo o Reserve Chardonnay de US$ 14, continuam bem, segundo Lenny Stein, presidente da Jackson Family Enterprises. Alguns vinhos mais finos, no entanto, apresentam vendas menores. Como resultado, a empresa reduziu recentemente seu pessoal. "Precisamos gerenciar agressivamente nossos custos, porque o futuro é menos previsível", diz Stein.

O tumulto econômico vem sendo uma dádiva para os grandes vinicultores que oferecem várias garrafas entre US$ 8 e US$ 15. Por exemplo, 15 dos 25 vinhos americanos cujas vendas mais aumentaram, em volume, nas lojas varejistas de alimentos no ano passado foram da E. & J. Gallo Winery, segundo Fredrikson. A Gallo, uma empresa de controle acionário concentrado com sede na Califórnia, não quis comentar o assunto.

No fim das contas, os varejistas admitem que podem conseguir alguns bons negócios para os clientes. Na Woodland Hills Wine, uma loja de vinhos da Califórnia, os funcionários responsáveis pelas compras estão recorrendo ao estoque do ano passado e comprando vinhos apenas seletivamente. "As pessoas estão respondendo (às ofertas) desde que saibam que estão conseguindo um bom preço."

quarta-feira, 18 de fevereiro de 2009

Dicas de português

Dicas de Português- Dad Squarisi - Jornal do Commercio - 18.02.09 - B-18

Escrever certo pega bem

Marina é médica. Profissional de primeiro time, estuda muito, participa de congressos internacionais e escreve artigos pra revistas especializadas. Lê com prazer jornais, revistas e tudo que lhe cai nas mãos. Gosta de participar de salas de bate-papos. Em suma: é pessoa sintonizada com o mundo.Outro dia, prestou atenção à reforma ortográfica. Leu e releu a lei. Depois, concluiu: "Não vou fazer o menor esforço pra aprender as novas regras. Vivo muito bem com as que sei". Mas, por via das dúvidas, consultou a coluna. "Eu posso ou não posso me comunicar bem sem eliminar tremas e acentos propostos pela Academia Brasileira de Letras?"A resposta: pode. A ortografia não é condição indispensável para a comunicação eficiente. Se alguém escreve casa com z, cachorro com x, coração sem til e bom-dia sem hífen, o leitor estranhará a grafia, mas entenderá o recado. Prova definitiva é a língua abreviadíssima usada nos chats da internet. Lá, porque vira pq; você, vc; beijo, bj; beijinho, bjn; obrigado, obg. Muita gente não gosta do que vê, mas entende.

A prova de São Tomé
Professor inglês gastava que gastava saliva pra convencer os alunos da real função da ortografia. A moçada não estava nem aí. As palavras entravam por um ouvido e saíam pelo outro. O mestre mandou, então, que os estudantes lessem este texto: 35T3 P3QU3N0 T3XTO 53RV3 4P3N45 P4R4 M05TR4R COMO NO554 C4B3Ç4 CONS3GU3 F4Z3R CO1545 1MPR3551ON4ANT35! R3P4R3 N155O! NO COM3ÇO 35T4V4 M310 COMPL1C4DO, M45 N3ST4 L1NH4 SU4 M3NT3 V41 D3C1FR4NDO O CÓD1GO QU453 4UTOM4T1C4M3NT3, S3M PR3C1S4R P3N54R MU1TO, C3RTO? POD3 F1C4R B3M ORGULHO5O D155O! SU4 C4P4C1D4D3 M3R3C3! P4R4BÉN5! Viu? Moços e moças fixaram os olhos no parágrafo. Surpresa! Leram numa boa. Melhor: entenderam tudo. Conclusão: De aorcdo com uma peqsiusa de uma uinrvesriddae ignlsea, não ipomtra em qaul odrem as Lteras de uma plravaa etãso, a úncia csioa iprotmatne é que a piremria e útmlia Lteras etejasm no lgaur crteo. O rseto pdoe ser uma bçguana ttaol, que vcoê anida pdoe ler sem pobrlmea. Itso é poqrue nós não lmeos cdaa Ltera isladoa, mas a plravaa cmoo um tdoo.

O porquê
Se a escrita correta não visa à comunicação, por que preocupar-se com a ortografia? A resposta é uma só. Pra viver em sociedade, nós firmamos pactos. Combinamos andar vestidos em público. Combinamos não arrotar à mesa. Combinamos não cuspir no chão. Combinamos dizer bom-dia quando encontramos pessoas pela manhã. Combinamos ceder o assento aos idosos nos transportes coletivos.Combinamos, também, escrever como manda o dicionário. O pai-de-todos-nós, com base em critérios etimológicos ou fonéticos, diz que hospital se escreve com h; pesquisa, com s; exceção, com ç. A razão: o português é língua de cultura. Como todas as línguas de cultura, tem a grafia oficial. Os lusófonos precisam conhecê-la. Escrever certo pega bem. Prova que a pessoa tem familiaridade com a língua escrita. A ortografia é convenção como tantas outras. Aprende-se aos poucos. À medida que temos contato com a escrita, cresce a intimidade como esses, zês, cedilhas & cia. letrada. A criança em fase de albabetização tropeça em letras e acentos. É natural. Com o tempo, domina o assunto. Por isso, quanto maior a escolaridade da pessoa, menor a tolerância social ao erro.

O preço

Vale o exemplo da linguista Lucília Garcez. Uma editora encomendou-lhe um livro de redação. Ela entregou os originais fora do prazo. O editor os devolveu. Junto, o bilhete: "Em razão do atrazo, a obra saiu do cronograma da editora". A Lucília respirou aliviada. Depois, comentou: "Graças a Deus. Imagine meu livro nas mãos de uma editora que escreve atraso com z. Valha-me, Senhor!".É isso. Quem anda pelado na rua vai pra cadeia. Quem arrota à mesa em público acaba a refeição sozinho. Quem cospe no chão é tachado de mal-educado. Quem escreve errado se apresenta como pessoa de poucas letras. Perde vaga na universidade. Perde promoção no trabalho. Perde pontos no concurso.

sábado, 14 de fevereiro de 2009

Requerida a recuperação judicial da Casa & Vídeo

Jornal do Commercio - Empresas - 12.02.09 - B-3

Casa & Vídeo pede recuperação judicial
Alberto Komatsu
Da agência estado
Sem fazer alarde, a rede de varejo Casa & Vídeo entrou dia 6 último com pedido de recuperação judicial na 5ª Vara Empresarial do Tribunal de Justiça do Rio. Em crise desde novembro, quando foi deflagrada a operação "Negócio da China", fruto de dois anos de investigação da Polícia Federal, a rede já fechou pelo menos uma loja, em Petrópolis, região serrana do Rio, e admite demitir pelo menos 1 686 empregados.A Casa & Vídeo, com 77 lojas no País, sendo 68 no Rio e as demais no Espírito Santo e Minas Gerais, é suspeita de crimes como evasão de divisas e formação de quadrilha. Por isso, teve suas contas bloqueadas e está com sérios problemas de fluxo de caixa. Dinheiro ou cheque. Desde novembro, só aceita dinheiro ou cheque em suas lojas, que em dezembro tiveram queda de 15% no faturamento. Em janeiro, estima-se que o recuo seja de ao menos 10%. A rede de varejo tem faturamento anual de R$ 1,5 bilhão. O pedido de recuperação judicial foi encaminhado para apreciação do Ministério Público, que vai dar seu parecer para que a juíza titular da 5ª Vara, Maria da Penha Nobre Mauro Victorino, possa fundamentar e publicar sua decisão. Há três requerentes no pedido de recuperação judicial: Mobilita Comércio Indústria e Representações , Paraibuna Participações, Lar e Lazer Comércio e Representações. O advogado que consta no recurso da rede de varejo é Flávio Antonio Esteves Galdino. A Casa & Vídeo foi procurada para falar da relação das requerentes com a empresa, mas disse que não poderia dar informações no momento.

sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Portal de defesa dos direitos fundamentais

Jornal do Commercio - Direito & Justiça - 10.02.09 - B-6
Portal para direitos fundamentais
Da Agência Brasil
O desenvolvimento de um portal de comunicação entre as instituições que atuam na defesa dos direitos constitucionais está sendo coordenado pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ). O projeto é uma das ações do Programa Rede de Promoção e Defesa dos Direitos Fundamentais (Redir).O portal irá atender todas as entidades públicas e Organizações Não-Governamentais (ONGs), que tenham interesse em trocar suas experiências nas diversas áreas do Direito. As instituições serão classificadas por comunidades, de acordo com os temas de suas atuações na defesa dos direitos, tais como criança e adolescente, mulher, idoso, portador de deficiência etc.Em entrevista ao programa Revista Brasil, da Rádio Nacional, o coordenador do programa, o juiz Marlon Reis, garantiu que o cidadão também poderá interagir no novo sistema. "O portal irá oferecer meios para que os indivíduos interessados nos temas criem os seus próprios perfis e enviem mensagens para as instituições nas quais os projetos lhe chamaram atenção", disse Reis.O objetivo do portal é facilitar a troca de informações sobre as instituições e os seus projetos. "Esperamos que as comunidades possam se encontrar, se identificar e se comunicar com uma grande facilidade. Tornando horizontal a sua atuação e evitando a superposição de ações, o que não é raro de ocorrer quando um grande número de instituições atua no mesmo tema", afirmou o coordenador.Embora não tenha uma data definida para a conclusão do projeto, Reis disse que será lançada uma versão para teste antes do resultado final. "As utilidades de todo o sistema são complexas e por isso irão precisar de pelo menos seis meses para a conclusão. Mas até abril lançaremos uma versão para teste do portal".

quinta-feira, 12 de fevereiro de 2009

Questões de concurso apresentadas aos alunos do CEJ na aula de 11.02.09

Magistratura Federal - TRF 2ª Região - 30.03.2003

Quais as teorias que informaram o C.C. anterior e o atual na distinção em matéria civil e a comercial?

Magistratura Federal – TRF 2ª Região – 10º Concurso

Qual o conceito de empresário à luz do novo Código Civil?

Ministério Público Estadual - SP - 69º Concurso - Prova Preliminar - 07.05.1989

comerciante individual, que adote o regime de microempresa, é pessoa jurídica?

Ministério Público Estadual - SP – 73º Concurso - 1991

O membro do Ministério Público pode participar de sociedade comercial ?

domingo, 8 de fevereiro de 2009

Alteração na jurisprudência do TST

Valor Econômico - Brasil - 02.02.09 - A2
Decisões do TST podem dificultar acordos entre empresas e sindicatos
Juliano Basile, de Brasília
O Tribunal Superior do Trabalho (TST) tem determinado às empresas revisões constantes em acordos assinados com os trabalhadores e, agora, essas decisões podem significar um forte empecilho às negociações para manter os empregos em diversos setores da economia atingidos pela crise financeira internacional, como o automotivo, o siderúrgico e a metalúrgico.
Guilherme Lara Campos / Folha Imagem
TST tem questionado acordos como o aprovado na semana passada pelos metalúrgicos da Valeo Sistemas Automotivos, que flexibiliza jornada e salários
As decisões recentes do TST representam uma mudança em orientações tradicionais do tribunal e ocorreram a partir da nomeação pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva de oito ministros para a corte, em 2007. Os novos ministros possuem postura majoritariamente contrária à flexibilização dos direitos dos trabalhadores. Desde aquele ano, o TST passou a intervir em diversas negociações em torno da redução de salários e de jornada de trabalho e, na maioria das vezes, mantêm os benefícios dados aos trabalhadores e retiram os ganhos que seriam obtidos pelas empresas nos acordos.
No setor de transportes, por exemplo, era comum acordos para liberar trabalhadores uma hora antes do término do serviço. Mas o TST passou a mandar as empresas pagarem hora a mais aos trabalhadores referente aos períodos de intervalo. Por causa da decisão, muitas empresas pararam de fazer acordos com os trabalhadores para liberá-los mais cedo por temer que sejam revistos pela Justiça.
Essa situação levou empresas e trabalhadores a recorrerem ao tribunal na busca de uma solução de consenso. Com isso, o assunto será analisado novamente pelo plenário do TST neste semestre. "Acho que o tribunal vai rever essa posição, pois não adianta irmos contra acordos fechados entre as partes", disse um ministro do TST ao Valor. "Em vez de compor, a Justiça acaba por prejudicar os acordos."
Outra mudança no entendimento do tribunal: pela jurisprudência anterior, os ministros concediam estabilidade no emprego aos trabalhadores que possuíam contratos por prazo indeterminado. Mas, de dois anos para cá, o TST foi além desse entendimento e passou a reconhecer a estabilidade também para funcionários com contratos de experiência. Nessas decisões, os ministros defenderam a tese de que, quando a empresa faz a contratação por prazo de experiência, ela teria de fato uma necessidade permanente, e não temporária, de mão-de-obra.
Baseados nessa suposição das necessidades das empresas, os ministros passaram a considerar que, se o trabalhador com contrato de experiência sofre algum acidente no serviço, ele tem a proteção da lei para ser atendido e receber eventuais indenizações. A alteração na jurisprudência encareceu as contratações, pois o recado que o tribunal deu ao setor privado é o de que os trabalhadores com contratos por prazo fixo serão equiparados às condições de funcionários contratados com estabilidade. Isso levou as empresas a considerar um custo extra na hora de contratar.
As mudanças na jurisprudência do TST começaram a surgir após o presidente Lula consolidar indicações às seções do tribunal. Desde 2003, Lula indicou 15 de um total de 27 ministros. A Seção de Dissídios Coletivos conta hoje com seis ministros titulares, todos indicados por Lula, e a tendência tem sido negar a flexibilização de direitos dos trabalhadores nas negociações. Um dos oito ministros que assumiram em 2007, ano que marcou o início das alterações na corte, argumentou recentemente que a flexibilização tem a tendência a "exacerbar a exclusão social".
Na Seção de Dissídios Individuais I, houve menos renovação, mas a linha adotada na maior parte das decisões tem sido a de privilegiar os trabalhadores. Foi nessa seção que os Correios foram obrigados a fundamentar a demissão de seus empregados, numa inversão da jurisprudência anterior, que determinava que o servidor celetista de empresa pública poderia ser demitido sem justificativa. Também foi nela que o TST decidiu que servidores terceirizados de uma empresa de telefonia tinham direito a vínculo empregatício. São decisões que, agora, podem pesar na hora da contratação.

Feriados estauduais constestados no STF

Valor Econômico - Legislação & Tributos - 28.01.09 - E1

Feriado contestado no STF é adotado em 400 cidades
Fernando Teixeira, de Brasília

A Confederação Nacional do Comércio (CNC) quer acabar com o dia da consciência negra, instituído no Estado do Rio de Janeiro desde 2002. Uma ação direta de inconstitucionalidade (Adin) foi ajuizada contra o feriado no ano passado e agora, no início de janeiro, obteve um parecer favorável da Procuradoria-Geral da República (PGR). Segundo a procuradoria, apenas a União pode instituir feriados desse tipo. Dados divulgados no ano passado pela Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial (Seppir) indicavam que o feriado do dia da consciência negra havia sido instituído em 30 municípios e dois Estados - Rio de Janeiro e Mato Grosso -, o que totalizava 262 cidades. O número não é mais confirmado pela secretaria, pois pode ser muito maior: fala-se até em 400 municípios.
De acordo com o parecer da Procuradoria-Geral da República, o Estado do Rio tratou de matéria típica do direito do trabalho ao instituir um novo dia de descanso remunerado, algo reservado ao Poder Legislativo federal. Segundo a Lei nº 9.095, elaborada pelo governo federal em 1995, os Estados têm direito a decretar apenas um feriado por ano - a sua data magna - e os municípios podem fixar quatro feriados religiosos por ano, incluída a Sexta-feira Santa, e mais uma data para celebrar seu centenário de fundação.
O dia da consciência negra foi instituído como data comemorativa no calendário escolar pela Lei nº 10.639, de janeiro de 2003. A data, 20 de novembro, foi escolhida porque marca a morte de Zumbi dos Palmares. O feriado já existia no município do Rio de Janeiro desde 1995, com o nome de Dia de Zumbi dos Palmares, e também foi questionado no Supremo Tribunal Federal (STF). O caso foi julgado em 2000, quando o ministro Marco Aurélio entendeu que a competência para tratar do caso era da Justiça local.
A CNC diz não ter informações sobre ações do tipo em outras localidades. No caso dos feriados criados por lei municipal - como o existente desde 2004 em São Paulo - a contestação caberia às federações patronais estaduais, e não à confederação.

Sentença de dano moral em versos

Jornal do Commercio - Direito & Justiça - 28.01.09 - B-7
Sentença em versos
O juiz Afif Jorge Simões Neto, da 2ª Turma Recursal Cível do Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul (TJ-RS), decidiu em versos uma ação de indenização por dano moral, movida originalmente pelo patrão do Centro de Tradições Gaúchas, Wilmar Medeiros, contra o conselheiro fiscal Rui Francisco Ferreira Rodrigues. O patrão alegou que o conselheiro o teria ofendido ao usar a tribuna livre da Câmara dos Vereadores de Santana do Livramento. Segundo Medeiros, Rodrigues teria dito que ele não prestava contas das verbas públicas recebidas para a realização de eventos e que a acusação teria sido publicada no jornal local A Platéia. A ação foi julgada procedente pelo Juizado de Santana do Livramento. A instância condenou o conselheiro a pagar R$ 1.500 de indenização por dano moral. Rodrigues recorreu e o caso foi parar nas mãos de Afif Jorge. "Este é mais um processo / Daqueles de dano moral / O autor se diz ofendido / Na Câmara e no jornal", começou o juiz a sua a decisão. O magistrado reformou a sentença anterior. "Sem culpa no proceder / Não condeno um inocente / Pois todo o mal que se faz / Um dia volta pra gente".O magistrado afirmou que a culpa não se mostrou configurada. "O discurso do conselheiro havia sido gravado em CD, que foi anexado ao processo. Ouvi com calma e entendi que o conselheiro estava apenas criticando o jeito do patrão de conduzir o Centro de Tradições Gaúchas. Fiz um voto em verso, no sentido de acolher o recurso", afirmou. Afif Jorge explicou o motivo da decisão inusitada. "O que me motivou a escrever em versos foi o tipo de ação. Esse foi um litígio entre dois tradicionalistas; e, no Sul, o pessoal gosta muito de versos. Então achei adequado. Também há outra razão. Meu pai, já falecido, era advogado. Ele fez três defesas em versos", afirmou. Eis a sentença:"Este é mais um processoDaqueles de dano moralO autor se diz ofendidoNa Câmara e no jornal.Tem até CD nos autosQue ouvi bem devagarE não encontrei a calúniaNas palavras do Wilmar.Numa festa sem fronteirasTeve início a brigantinaTudo porque não dançouO Rincão da Carolina.Já tinha visto falarDo Grupo da PitangueiraDançam chula com a lançaOu até cobra cruzeira.Houve ato de repúdioE o réu falou sem rabiscoCriticando da tribunaO jeitão do Rui FranciscoQue o autor não presta contaNunca disse o demandadoErrou feio o jornalistaAo inventar o fraseado.Julgar briga de patrãoÉ coisa que não me aprazaO que me preocupa, isso sim,São as bombas lá em Gaza.Ausente a prova do fatoReformo a sentença guerreadaRogando aos nobres colegasQue me acompanhem na estrada.Sem culpa no procederNão condeno um inocentePois todo o mal que se fazUm dia volta pra gente.E fica aqui um pedidoLançado nos estertoresQue a paz volte ao seu trilhoNa terra do velho Flores"

Registre as histórias, fatos relevantes, curiosidade sobre Paulo Amaral: rasj@rio.com.br. Aproveite para conhecê-lo melhor em http://www2.uol.com.br/bestcars/colunas3/b277b.htm

Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar