segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Enem

O Estado de São Paulo, 26/09/2010 - São Paulo SP

Escolas se preparam para tensão ''pós-Enem''

Cada vez mais, pressão vem dos pais de alunos que ainda estão no fundamental

Márcia Vieira / RIO

O Exame Nacional do Ensino Médio (Enem), que deixa sob tensão estudantes de todo o País a algumas semanas da aplicação da prova, provoca fenômeno semelhante nas escolas. O estresse entre diretores e donos de instituições de ensino básico, porém, aumenta após a divulgação dos resultados: é a chamada tensão "pós-Enem". E, cada vez mais, a pressão por resultados vem de pais de alunos do ensino fundamental. Figurar no topo da lista das melhores escolas é garantia de novos alunos no ano seguinte; não estar entre o seleto grupo afugenta a clientela. Não adianta os educadores repetirem, ano após ano, que o Enem não pode ser o único critério para decidir a escola onde matricular os filhos. Hoje, o ranking tem grande peso na hora da decisão.

"O ranking é publicado todos os anos. Não adianta lutar contra isso. A pressão é da sociedade", define Teresa Galhardo, coordenadora do ensino médio do Colégio Teresiano, que atende a filhos da classe média alta na Gávea, bairro nobre do Rio, e ficou em 13.º lugar entre as cariocas. Mas, segundo ela, a pressão não vem dos pais do ensino médio e sim das famílias que têm filhos ainda nos primeiros anos do ensino fundamental. O ranking pode levar uma escola do céu ao inferno. Há três anos, o Moderna Orientação Pedagógica Integrada (Mopi) rompeu o monopólio das escolas católicas e apareceu em terceiro lugar no Rio. Foi um sucesso. "O Enem dá visibilidade à escola. Naquele ano, diretores de escolas de outros Estados telefonaram, querendo conhecer o nosso programa pedagógico", lembra André Menezes, coordenador do ensino médio. A escola viu também crescer o número de alunos.

Neste ano, o Mopi caiu para o 28.º lugar. Menezes considerou o resultado bom. "O que as pessoas não veem é que estamos apenas a meio ponto do São Bento (o melhor do Rio e o 3.º do País)", constata o coordenador. Diante de telefonemas de pais com a fatídica pergunta, "o que é que houve?", Menezes convocou uma reunião com as famílias. Explicou o projeto pedagógico, os critérios do Enem e reafirmou o compromisso com formação do indivíduo. O argumento mais forte, no entanto, foi que 79% dos alunos que fizeram vestibular no ano passado entraram em universidades públicas.

Uma das queixas das escolas é que o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais (Inep) não envia um relatório com o desempenho dos alunos. "Isso nos ajudaria a corrigir rumos", defende Jorge Frias, coordenador do Liessin, escola da comunidade judaica. Frias sentiu na pele o que o Enem representa para os pais. No ano passado, por um erro do Inep, a escola não apareceu na classificação. "Imagina o estrago que gerou. Os pais se perguntaram se a escola era realmente boa." A resposta veio neste ano, em grande estilo: o colégio ficou em segundo lugar no Rio, atrás apenas do São Bento. Segundo a diretora de ensino médio da escola, Clarisse Fahis, a classificação não alterou os rumos. "Perseguimos um resultado de qualidade. Queremos que todos os nossos alunos saiam daqui para a universidade." Mas a tensão para continuar no topo está intrínseca. A sorte será lançada nos dias 6 e 7 de novembro.

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