Valor Econômico – Internacional – 17.06.08 – A11
Empresas alemãs vão à pré-escola atrás dos futuros engenheiros·
Richard Milne
Financial Times, de Viena
A escassez de engenheiros na Alemanha tomou-se tão aguda que algumas de suas principais companhias estão agora de olho na pré-escola para garantir seu abastecimento futuro.
Gigantes industriais como Siemens e Bosch estão entre as centenas de companhias doadoras de materiais e dinheiro a jardins de infância para tentar interessar crianças bem pequenas - de até mesmo três anos - em tecnologia e ciência.
Muitos países europeus - da Suíça à Espanha - estão sofrendo com a escassez de formados. Mas o problema é particularmente acentuado na Alemanha, renomada como a terra da engenharia. As companhias alemãs têm 95 mil vagas para engenheiros e apenas cerca de 40 mil novos formados na área, segundo uma associação de engenheiros.
"É um desdobramento novo, o que implica que precisamos começar muito cedo com as crianças. Começar no curso primário não é suficientemente bom precisamos ajudá-las a compreender, o mais cedo possível, como as coisa funcionam", disse Maria Schumm-Tschauder, diretora do programa educacional Generation21, da Siemens.
Wolfgang Malchow, membro, para recursos humanos, do conselho de administração da Bosch, disse: "Estamos trabalhando em nível pré-escolar. Esse é nosso futuro e precisamos aproveitá-la."
Heribert Rohrbeck, executivo chefe da Bürkert, importante fabricante de sistemas para controle de
fluidos que também tem programas em andamento em jardins de infância, disse: "Queremos entusiasmar as crianças com tecnologia desde a mais tenra idade. O que elas aprenderem pode ficar com elas pelo resto de suas vidas".
A Siemens distribuiu cerca de 3 mil "caixas de descobertas" repletas de materiais para experimentos científicos para crianças de três a seis anos de idade em jardins de infância de toda a Alemanha, a um custo, para a companhia, de US$ 775 por caixa. A Siemens também instrui professores dos jardins de infância sobre como usar o material, e vem distribuindo caixas semelhantes em jardins de infância por todo o mundo - da China e África do Sul à Irlanda e Colômbia.
A Bosch envia seus aprendizes a jardins de infância "para explicar o que fazem no trabalho e depois os convidam a visitar a companhia". "A Alemanha baseia-se em inovação - e isso exige gente", disse Franz Fehrenbach, executivo-chefe da Bosch.
As companhias também estão empregando outras estratégias: de tentar interessar mais meninas em engenharia a trabalhar em íntima colaboração com escolas técnicas para ajudar a treinar e recrutar alunos. Mas as empresas estão também cada vez mais prospectando o exterior.
O presidente de um grande grupo industrial alemão disse: "O perdedor, nesse caso, seria a Alemanha, e não as companhias. Nós sempre podemos ir à Ásia para encontrar nossos engenheiros. De modo que tudo o que pudermos fazer aqui - até ir aos jardins de infância - será proveitoso".
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