Valor Econômico –
Empresas - 14/01/2014 – p. B5
Fundos de investimento devem rejeitar oferta da Dasa
Por Beth Koike | De São Paulo
O conselho de
administração da Dasa divulgou, ontem, relatório favorável à oferta pública
para aquisição dos papéis da empresa da medicina diagnóstica feita pelo
empresário Edson Bueno. Porém, segundo fontes do setor, a proposta deve ser
rejeitada por três importantes acionistas: as gestoras de fundos de
investimento Oppenheimer e Tarpon e o fundo de pensão Petros, que juntos detêm
25,1% da Dasa.
Mas, o fato de esses
acionistas rejeitarem a proposta de Bueno não significa que a oferta não irá
adiante. Isso porque basta o empresário conseguir uma adesão de outros
minoritários com representatividade de 26,41% e mais uma ação para que ele
tenha o controle da Dasa. O BTG que está assessorando essa operação esteve na
semana passada em Nova York conversando com vários investidores para que eles
vendam as ações da Dasa no leilão marcado para 22 de janeiro.
O ponto negativo de
Bueno não conseguir comprar a totalidade das ações é que ele terá em seu
calcanhar três acionistas relevantes que podem se opor a suas decisões. O
fundador da Amil gosta de ter participação majoritária em seus negócios, uma
vez que imprime seu próprio estilo de gestão - a exceção é a Amil, cujo
controle ele vendeu à UnitedHealth em 2012.
Na Dasa, fundos
ativistas conseguiram, em 2009, tirar o fundador do Delboni Auriemo, Caio
Auriemo, do cargo de presidente do conselho. A Dasa é dona do Delboni.
A gestora americana Oppenheimer
- que tem 10,1% da Dasa - questiona enfaticamente a transação. "A oferta é
prejudicial ao interesse dos acionistas minoritários da companhia, na medida em
que o preço ofertado é injusto e favorece demasiadamente o ofertante",
informa nota da Oppenheimer.
Bueno está oferecendo
R$ 15 pela ação da Dasa, o que representa um prêmio de 12,4% em relação à
cotação do dia 20 de dezembro, último pregão antes do anúncio da oferta. Porém,
há um questionamento por parte dos minoritários porque a ação da companhia
custava cerca de R$ 18 antes da fusão com a MD1 (empresa de medicina
diagnóstica fundada por Bueno), em agosto de 2010.
A gestora americana
ressalta ainda que "os acionistas de longo prazo da companhia, incluindo
os fundos Oppenheimer, aguardam pacientemente a recuperação da Dasa, sendo
certo que a oferta pública de aquisição de ações impede que a companhia atinja
todo seu potencial".
Nos últimos dois anos,
a Dasa apresentou resultados ruins devido a uma grande reestruturação. Foram
feitos investimentos como compra de equipamentos médicos, contratação de
médicos e novos call centers que comprimiram as margens. "Os acionistas a
longo prazo, como os fundos Oppenheimer, aguardaram pacientemente a recuperação
da Dasa, sendo certo que a oferta pública de ações impede que a companhia
atinja todo seu potencial", observou o fundo.
Segundo relatório do
conselho de administração da Dasa, a empresa ainda terá mais dois ou três anos
com rentabilidade apertada e demandará maiores investimentos.
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