Gestoras pedem adoção de voto múltiplo na
Gafisa
Por Ana
Paula Ragazzi | De São Paulo
A Gafisa informou
ontem que a consultoria de voto Institutional Shareholder Services (ISS)
recomendou aos acionistas da empresa voto favorável à chapa de conselheiros
indicado pela administração da companhia.
A Gafisa não tornou
público, no entanto, o fato de alguns de seus acionistas terem solicitado o
processo de voto múltiplo para a eleição do novo conselho, marcada para
assembleia dia 11.
O Valor apurou que, há duas semanas,
a gestora de recursos Rio Bravo e a Funcef, fundo de pensão dos funcionários da
Caixa, pediram o voto múltiplo. Nesta semana, a gestora Polo Capital também fez
a mesma solicitação, acompanhada de um pedido público de procuração para que
outros acionistas apoiem o mecanismo de voto e também sugeriu nove nomes para o
conselho. Se adotado o voto múltiplo, todos os candidatos, inclusive os
indicados pela gestão, poderão receber votos, em vez de eles serem dirigidos à
chapa.
A Gafisa não é
obrigada a divulgar ao mercado que recebeu solicitações de voto múltiplo. Assim
como não é obrigada a tornar pública a recomendação feita pela ISS - no mercado
não se tem notícia, inclusive, de outra companhia que tenha feito isso.
Até o momento, a
Gafisa divulgou apenas uma manifestação favorável às indicações de sua gestão
ao conselho, sem informar aos investidores sobre as alternativas pleiteadas por
outros acionistas. É dever da companhia divulgar qualquer informação que possa
ser relevante para os assuntos discutidos em assembleia.
A Gafisa não deu
entrevista, só informou que fará as divulgações "de acordo com prazos
legais".
Há informações no
mercado de que os acionistas desejam maior voz no conselho para promover também
modificações na equipe que comanda a empresa. Polo, Funcef e Rio Bravo também
não deram entrevista.
A Gafisa -e a atual
administração - vive dificuldades por conta da compra da Tenda, em 2008. A incorporadora fez
forte redução de seu orçamento quando divulgou o último balanço.
A companhia não tem
controle definido e por essa razão tanto administração quanto conselho ganham
pesos ainda maiores
A proposta da Polo
quer aumentar a quantidade de acionistas no conselho da empresa. O conselho
atual só conta com o investidor Guilherme Affonso Ferreira. Ele não está
indicado pela administração para um novo mandato, mas está entre os nomes
sugeridos pela Polo.
Essa não é a
primeira vez que a administração da Gafisa toma medidas que desagradam
investidores. Na assembleia do ano passado, a gestão quis incluir em seu
estatuto uma limitação do poder de voto dos acionistas a 5% do capital,
alegando que a medida protegeria a dispersão de seu capital. Já os investidores
questionaram a proposta, que acabou retirada, por avaliarem a iniciativa como
uma ameaça a seu direito de investir mais na companhia e de ampliar sua
participação nas decisões. A empresa também já rejeitou a adoção de voto
múltiplo na assembleia passada alegando que a eleição era apenas para dois
membros do conselho e não para todo o órgão. Recentemente ainda, a
administração negou uma proposta de compra de ativos feita pela GP e por Sam
Zell sem consultar os acionistas.
Segundo a Gafisa, a
ISS argumentou que "os acionistas dissidentes não conseguiram apresentar
uma análise racional suficientemente detalhada ou convincente" que
garantam uma recomendação contraria à chapa da administração."
Jornal Valor Econômico –
15.04.2011
Minoritário do Mercantil do
Brasil elege conselho
Cesar Felicio | De Belo
Horizonte
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