sexta-feira, 2 de maio de 2008

Morreu Paulo Amaral, meu tio-avô

Fui surpreendido ontem com o passamento do meu tio-avô, Paulo Amaral, o primeiro preparador físico da Seleção Brasileira de Futebol a desempenhar especificamente essa função, um dos principais fatores para a conquista das Copas de 1958 e 1962. Não que não soubesse de seu estado de saúde e do que fatalmente aconteceria em pouco tempo, mas é que nunca estamos preparados para esse inevitável fato. Tio Paulo era o irmão mais novo da minha avó Lourdes. No total eram 3 irmãos: Décio, Lourdes e Paulo. Dono de um temperamento explosivo, tio Paulo desde cedo já demonstrava sua personalidade. Minha avó costumava contar que um dia, quando ainda muito novos, ela e o tio Décio levaram tio Paulo para passear em um parque de diversões. Cada um levava 1 moeda de 500 Réis. Minha avó e o tio Décio gastaram todo o dinheiro com eles e com o tio Paulo. Estavam despreocupados, pois contavam com a moedinha do tio Paulo para voltarem para casa de bonde. Só que ele se que se recusou terminantemente a entregá-la. Em meio à discussão, a moedinha se soltou e acabou parando um bueiro. Um homem que observava a repreensão dos irmãos mais velhos se compadeceu e deu o dinheiro de que precisavam. Além disso, sei, diretamente por ele e por meio de meu pai e seu irmão (Rony e Bob) de incontáveis histórias de bravatas e confusões em que se envolveu tio Paulo, suas experiências na Polícia Especial de Getúlio Vargas, seus malabarismos em motocicletas, fatos curiosos envolvendo jogadores e as partidas, sua paixão por todos os esportes (chegou a praticar quase todas as modalidades), a travessia a nado que fazia da Lagoa Rodrigo de Freitas nos bons tempos em que era limpa, as situações vividas como primeiro técnico brasileiro a treinar um time no Oriente Médio. Eu Estava triste por não haver podido apresentar o tio Paulo ao meu amigo Emílio Carlos Lima Guimarães, de Belo Horizonte e apaixonado pelo Cruzeiro. Meu conforto veio quando hoje Emílio, em telefonema de condolências, lembrou que o conhecera no meu casamento. Meu pai, tio Bob e eu sempre pedimos que tio Paulo escrevesse um livro de memórias, mas seu zelo excessivo com a precisão de datas e a possível exposição das pessoas inibiam de fazê-lo. Talvez agora os amigos e a família se animem a essa empreitada. Mas, acima de tudo, permanece em mim a sensação de que os heróis realmente existem e que a minha família teve a glória de ter um deles.

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Eis o veículo (Motorella) que tenho utilizado para andar na ciclovia da Lagoa e ir ao trabalho sem suar